Ao receber os imunizantes recomendados, a gestante produz anticorpos que são transferidos para o bebê pela placenta, garantindo defesa essencial nos primeiros meses de vida
Nos últimos 50 anos, vacinas salvaram pelo menos 154 milhões de vidas em todo o mundo — o equivalente a seis pessoas, por minuto, todos os dias, sendo responsável por 40% da melhora na sobrevivência infantil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as estratégias mais eficazes para ampliar essa proteção está a imunização das gestantes, que transferem anticorpos ao bebê pela placenta e auxiliam na proteção, desde os primeiros dias de vida — fase em que o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento.
Segundo Felipe Teixeira, infectologista da Maternidade Brasília, da Rede Américas, as vacinas têm papel fundamental na prevenção de doenças graves, como coqueluche, gripe e hepatite. “A imunização materna tem uma lógica simples e poderosa: ao receber vacinas recomendadas, a gestante produz anticorpos que funcionam como um escudo temporário até que o bebê possa ser imunizado e desenvolver sua própria defesa”, explica.
Entre as essenciais para a gestante está a tríplice bacteriana acelular (dTpa), recomendada a partir da 20ª semana, que protege contra tétano, difteria e coqueluche. “Até pouco tempo, víamos muitos casos graves de coqueluche em bebês menores de seis meses. Com a vacinação materna, esses casos praticamente desapareceram nessa faixa etária no Brasil. Agora temos a mesma expectativa com a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR)”, afirma.
O imunizante contra o vírus sincicial respiratório, principal responsável pela bronquiolite em recém-nascidos, é recomendado entre a 32ª e 36ª semanas de gestação e promete ampliar ainda mais a proteção dos pequenos durante o outono e o inverno. Além dessas, é importante que as grávidas estejam em dia com vacinas como a da gripe (influenza), hepatite B e Covid-19, desde que sigam as recomendações médicas. O objetivo é reduzir o risco de infecções que possam comprometer tanto a saúde da mãe quanto a do bebê.
O infectologista da Maternidade Brasília lembra que, apesar da eficácia e segurança das vacinas, ainda há dúvidas que podem impactar a adesão. “É comum que a gestante tenha receio, mas não há risco ao bebê. Pelo contrário, representa maior cuidado ainda. Uma conversa clara com profissionais de saúde pode fazer toda a diferença para tirar dúvidas e incentivar a vacinação”, afirma Felipe.