Apesar de o assunto ser um tabu, o suicídio é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Para se ter uma ideia, só no ano de 2019, foram registradas mais de 1 milhão de mortes por essa causa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
Os números, apesar de assustadores, não são uma surpresa para boa parte da população. Uma pesquisa feita pela empresa Hibou e publicada em setembro de 2021 mostrou que quase 42% dos brasileiros já pensaram em tirar a própria vida, e 88,4% já orientaram alguém a buscar ajuda ao descobrir que a pessoa estava em sofrimento.
Falar abertamente sobre o assunto é inclusive uma das formas mais eficazes de prevenção. De acordo com uma cartilha do Centro de Valorização da Vida (CVV) sobre o tema, é preciso deixar de ter medo de falar sobre suicídio, derrubar tabus e compartilhar informações ligadas ao tema.
“Como já aconteceu no passado, por exemplo, com infecções sexualmente transmissíveis ou câncer, a prevenção tornou-se realmente bem-sucedida quando as pessoas passaram a conhecer melhor esses problemas. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil”, diz o documento.
Foi por esse motivo que a Campanha Setembro Amarelo foi criada, para informar a população de que o suicídio pode ser evitado e de que maneira é possível fazer isso. Mesmo que o foco seja setembro, o trabalho deve ser feito o ano todo, ajudando a salvar vidas.
Como reconhecer quem precisa de ajuda
Mas afinal, como ajudar alguém que está pensando em tirar a própria vida? O primeiro passo é reconhecer quem está precisando de ajuda.
É preciso ficar atento quando a pessoa tiver mais de dois fatores de risco e falar sobre ideação suicida, ou seja, que ela tem esse desejo de morrer. Alguns exemplos de fala são:
• “Gostaria de sumir”
• “Não aguento mais viver”
• “Não tenho mais esperança”
• “Nada mais faz sentido”
• “Sinto uma dor que não passa”
Entretanto, as pessoas podem ter um ou mais fatores de risco e terem ou não intenção suicida. São as que têm:
• Diagnóstico de doença psiquiátrica;
• Tentativa prévia de suicídio;
• Histórico familiar de comportamento suicida;
• Presença de outros comportamentos autolesivos;
• Abuso e dependência de álcool e outras drogas;
• Abuso sexual na infância;
• Comportamento impulsivo.
Além disso, pessoas que estão sofrendo com alguma separação conjugal, com desemprego, conflitos familiares ou que têm fácil acesso a meio letal também precisam ser observadas.
É importante dizer que, apesar de nem todas as pessoas diagnosticadas com alguma doença mental terem comportamento suicida, a presença de um transtorno mental é fator de risco para o suicídio. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a grande maioria (98,6%) das pessoas que cometeram suicídio tinham o diagnóstico de algum transtorno, como depressão, transtorno de humor bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
Por esse motivo, é de extrema importância o cuidado com a saúde mental. Caso esteja sentindo que algo não vai bem, é indicado procurar ajuda de um médico psiquiatra e/ou de um psicólogo. Ambos os profissionais podem orientar sobre o melhor tratamento. Na falta de um desses profissionais, a recomendação é buscar ajuda de um agente de saúde ou assistência social.
Segundo uma cartilha da ABP e do Conselho Federal de Medicina sobre prevenção ao suicídio, sem o tratamento, a doença mental pode ser incapacitante. A OMS já informou inclusive que a doença mental é a segunda mais importante causa de incapacidade do mundo.
No caso da depressão, por exemplo, que é a doença mais ligada ao suicídio, a pessoa sente tristeza, desânimo, mudança de apetite, de sono, de humor, sintomas que podem incapacitá-la desde de fazer coisas banais em casa, como lavar louça, até não conseguir se levantar para trabalhar e socializar com amigos.
Mas assim como a diabetes e a hipertensão, a depressão tem tratamento. Se você está passando por isso ou conhece alguém que esteja com esses sintomas, procure ajuda.
Como ajudar?
A ABP levantou algumas dicas de como ajudar uma pessoa com ideação suicida.
Em uma conversa:
• Em primeiro lugar, ouça com atenção o que a pessoa está sentindo;
• Não julgue, não tenha preconceito;
• Não dê conselhos: “você precisa sair mais de casa”, “você precisa esquecer isso…”;
• Demonstre que é alguém de confiança;
• Não faça comparações;
• Não mude de assunto nem faça comentários do tipo: “anime-se”, “vai ficar tudo bem”;
• Não ria ou faça piadas;
• Não hesite em questionar aberta e diretamente a ideia de suicídio: “você pensa em morrer?”.
A associação também listou ações que podem salvar vidas, como:
• Faça ou estimule a pessoa a fazer acompanhamento no psiquiatra ou psicólogo. Ambos os profissionais também fazem atendimento online em sites especializados;
• Encaminhe a pessoa ou vá a um serviço médico e peça ajuda a um profissional de saúde;
• Não deixe a pessoa sozinha, portas não devem ser trancadas;
• Fique atento aos sinais;
• Não deixe a pessoa próxima de meios letais, isso reduz o risco imediato;
• Acredite em ameaças. O impulso para o suicídio é transitório e pode durar minutos ou horas, por isso a ação imediata é tão importante.
É essencial ter ciência de que o suicídio é uma emergência médica. Saiba mais em nosso programa Cuidando de Perto, com foco em Saúde Emocional.
Ao se deparar com uma situação de tentativa de suicídio eminente que necessite de intervenção imediata, não hesite e ligue 192 SAMU.
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