O ex-ministro da Infraestrutura e agora governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que vai lutar até o final para convencer o presidente Lula a autorizar a privatização do Porto de Santos. Apesar de estar situado no litoral paulista, o porto pertence à União.
Na última sexta-feira (27), Tarcísio esteve em Brasília e disse que defendeu a venda do porto na Baixada Santista para a iniciativa privada. Nesta segunda-feira (30), em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan News, o governador classificou como "interessante" a conversa que teve com o presidente da República sobre o assunto e revelou que Lula estaria disposto a mudar de ideia quanto à privatização do complexo.
"O que ele sinalizou: 'em princípio, sou contra a privatização, mas não tenho dogma. Faça uma apresentação para a nossa turma, para o ministro da Casa Civil, para o PPI, ministro de Portos e, se eu for convencido de que a coisa é boa, de repente até mudo de opinião e pode tocar'. Eu vou lutar até o final", revelou Tarcísio.
O chefe do Executivo paulista estima que a privatização do Porto de Santos vai garantir investimentos de cerca de R$ 20 bilhões, algo que é inviável para os cofres do estado. "A gente [governo Bolsonaro] recuperou o porto. O porto dava meio bilhão de reais de prejuízo por ano; está dando meio bi de lucro. Está com quase R$ 2 bilhões de caixa. Mas não adianta nada, porque há sempre uma dificuldade de fazer o investimento com a estrutura pública. A estrutura privada traz muito mais flexibilidade, mais velocidade", pontuou.
Tarcísio afirmou que o principal argumento para tentar convencer o governo federal a autorizar a desestatização do complexo portuário é a geração de emprego. "O governo dele tem um desafio que é gerar emprego, tem um desafio que é o compromisso com o social. Como você vai gerar 60 mil postos de trabalho na Baixada Santista de outra forma, que precisa tanto do emprego?", questiona.
O governador disse, ainda, que os investimentos obtidos com a privatização vão fomentar o turismo, o comércio exterior e a mobilidade urbana na região do litoral paulista.
Sabesp
A privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) também está entre as prioridades do Palácio dos Bandeirantes. A empresa de economia mista – que hoje tem o governo do estado como maior acionista – é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 375 municípios paulistas.
O objetivo do governo de São Paulo é vender a sua parte para a iniciativa privada, podendo até manter um percentual da companhia de forma estratégica, disse Tarcísio. Ele afirmou que a secretaria responsável pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI) paulista vai começar a fazer os estudos para a privatização da Sabesp e, também, da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A., a Emae.
"O que a gente quer, no final das contas: aumentar o investimento, a sensorização de rede, a efetividade das ações da empresa, o investimento em reuso de água, em universalização, em ligações, coleta e tratamento de esgoto e fazer com que a tarifa fique mais baixa. Isso é possível? Totalmente", argumentou.
O modelo de privatização da Eletrobras servirá de inspiração para a desejada venda da Sabesp, segundo o governador. "Houve a prorrogação dos contratos de concessão de geração, isso gerou mais dinheiro e esse dinheiro foi totalmente investido na conta de desenvolvimento energético para baixar a tarifa. A mesma coisa pode ser feita na Sabesp. A gente, no final das contas, vai conseguir uma equação que aumenta investimento e baixa tarifa. A gente vai garantir que a água vai chegar na torneira e vai chegar mais barata", garantiu.
Tarcísio também afirmou que a outorga obtida com a renovação dos contratos da Sabesp que, hoje, estão em vigor, como o acordo com a prefeitura de São Paulo, podem garantir mais dinheiro para o uso integral na redução da tarifa de água para os consumidores.
A outorga nada mais é do que o valor que uma empresa paga ao governo, seja ele federal, estadual ou municipal, pela concessão de um serviço público.
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