Em uma decisão que dividia as apostas do mercado, o Banco Central elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando o patamar histórico de 15% ao ano. A medida sinaliza uma resposta mais firme à inflação persistente, mas também aumenta a incerteza quanto à duração do atual ciclo de aperto monetário. Por outro lado, o Federal Reserve (Fed) manteve sua taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50%.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, avalia que a elevação do Banco Central é coerente com o atual cenário inflacionário e o horizonte para reduções só deve se abrir a partir de 2026. “A decisão foi técnica e crucial. Agora, a continuidade ou não das altas vai depender dos indicadores, compromisso do governo com as contas públicas e da confiança nos rumos da economia brasileira nos próximos meses”, afirma.
Segundo Cunha, o cenário externo também pode influenciar diretamente os próximos passos do BC. “Se os Estados Unidos iniciarem um ciclo de afrouxamento monetário antes do previsto, isso pode antecipar uma mudança também por aqui. Mas, por enquanto, o tom da ata será o principal termômetro do mercado”.
Como ficam os investimentos?
Para os investidores, a alta da Selic fortalece o apelo da renda fixa atrelada ao CDI. “Sempre que os juros sobem, os títulos pós-fixados passam a oferecer retornos mais atrativos quase de forma imediata, atraindo o investidor mais conservador”, destaca Cunha.
No entanto, ele aponta que o momento também exige visão estratégica para o médio e longo prazo. “Se o mercado começar a precificar cortes mais adiante, ativos como bolsa, crédito privado e títulos prefixados ou indexados à inflação (IPCA+) devem se valorizar. Mas é preciso estar atento à volatilidade e aos riscos associados a esses investimentos em um cenário ainda incerto”.