Investir em empresas sustentáveis significa direcionar recursos para modelos de negócio estruturados sobre propósito, resiliência operacional e visão estratégica de longo prazo
Nas últimas décadas, a sustentabilidade adquiriu potencial mundial em termos de debate, especialmente a partir do crescimento populacional, do uso intensivo dos recursos naturais e das alterações nos ciclos naturais atreladas às mudanças climáticas. Este movimento ocorre porque a degradação ambiental afeta diretamente a economia, a saúde e a segurança alimentar, tornando a questão transversal a países, empresas e sociedades.
Nesse sentido, a preferência por investimentos em negócios sustentáveis acabou crescendo significativamente. De acordo com a última pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a categoria de investimentos sustentáveis cresceu 29% em junho de 2023, quando comparado com o mesmo período em 2019. Neste recorte, os investimentos realizados ultrapassaram R$ 543,4 milhões.
Além disso, a pesquisa Panorama Gestão de Pessoas e Empregabilidade 2025 mostrou que o posicionamento das empresas em relação às causas sociais e ambientais as coloca em destaque, dado que 90% dos participantes afirmaram que estes fatores são essenciais no processo de decisão, seja para trabalhar ou investir.
Estas não são as únicas pesquisas que reforçam a importância de investir em práticas sustentáveis. Por exemplo, a pesquisa global da Deloitte mostra que 69% dos profissionais desejam que suas empresas invistam em ações sustentáveis, como redução de carbono, adoção de energia renovável e gestão de resíduos.
Além disso, 27% afirmam considerar a postura sustentável da empresa ao aceitarem uma oferta de emprego. Estes valores deixam claro o cenário contemporâneo que está se desenhando nos últimos anos: com o passar do tempo, cada vez mais, os talentos querem trabalhar em empresas que realmente se importam com o futuro do planeta.
Quais são as vantagens de investir em empresas sustentáveis
No mercado de trabalho contemporâneo, as empresas que se comprometem com a sustentabilidade tendem a apresentar menor risco de litígios, maior eficiência operacional e uma imagem positiva no mercado. Todos estes fatores aumentam a atratividade em termos de finanças.
É preciso compreender que as empresas com menor exposição a riscos regulatórios atrelados ao uso direto ou indireto da natureza possuem vantagem monetária, pois, historicamente, os riscos encarecem o custo do capital, depreciando o valor de mercado, sobretudo nos momentos de crises. Portanto, investir em sustentabilidade não é apenas uma escolha ética, mas, também, estratégica.
Outro fator que precisa ser evidenciado é que os negócios alicerçados em práticas sustentáveis geralmente apresentam ganhos financeiros diretos, através da eficiência e redução dos custos.
Um exemplo recorrente e que está crescendo no Brasil é a adoção de energia solar para empresas, uma medida ambientalmente correta e financeiramente vantajosa. Ao implementar painéis solares, muitas organizações conseguem cortar significativamente os gastos com energia elétrica, além de reduzir sua pegada de carbono.
Do ponto de vista econômico e financeiro, os resultados de práticas alinhadas ao conceito de sustentabilidade são mensuráveis. As empresas que baseiam parte ou a totalidade dos seus processos produtivos a práticas sustentáveis costumam ter acesso a linhas de crédito verde, com juros preferenciais e prazos muitas vezes mais longos, oferecidos por instituições financeiras que favorecem projetos ambientalmente limpos.
Neste momento da existência, as empresas que incorporam práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) possuem vantagem competitiva. Não é à toa que a pesquisa publicada pela Harvard Business School, em 2023, chegou à conclusão de que as companhias oferecem aos seus acionistas um retorno 9% maior ao ano em relação às empresas que não derem este tipo de posicionamento.
No fim, a sustentabilidade deixou de ser um discurso ou uma opção ligada somente à esfera ética e moral da vida no mercado corporativo. O crescimento do interesse em negócios alinhados a conservação e manutenção da relação entre ser humano e natureza demonstra que o lucro e a responsabilidade social e ambiental coexistem.
O caminho para o futuro indica ser sólido, sobretudo para aquelas empresas que buscam crescer em um mercado marcado pela competitividade. A tendência é que, estatisticamente, os negócios sustentáveis cresçam cada vez mais nos próximos anos.