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‘Tarifaço’ dos EUA: riscos nas commodities não excluem oportunidades para o Brasil crescer

Cassio Zeni, Cofundador e Diretor de Relações com Investidores da Rubik Capital
Cassio Zeni, Cofundador e Diretor de Relações com Investidores da Rubik Capital

Cassio Zeni, Cofundador e Diretor de Relações com Investidores da Rubik Capital

O chamado “tarifaço” anunciado pelo governo dos Estados Unidos gerou uma grande tensão comercial no mundo inteiro. A retórica agressiva e protecionista do presidente Donald Trump vem gerando uma gama de incertezas, o que tem mobilizado investidores e economias inteiras a buscar alternativas para driblar as taxas.

As novas tarifas trouxeram desafios para basicamente todos os países, como o crescimento da pressão sobre a infraestrutura logística, o risco de sobrecarga em alguns setores e a maior exposição à volatilidade dos preços. E, neste movimento de muitos compradores evitarem a imprevisibilidade do mercado americano, o excesso de oferta global tem promovido altos e baixos em diversas nações.

Por isso, vários investidores — especialmente os brasileiros — começaram a olhar para os Estados Unidos com um pouco mais de cautela, pelo menos em algumas áreas. Segmentos tradicionalmente vistos como estáveis, como o de manufatura e comércio exterior, passaram a ser observados com mais critério, por conta do risco regulatório. Por outro lado, aqueles menos expostos à política comercial, como tecnologia, saúde e inovação, seguiram atraindo bastante atenção.

Isso mostra que o mercado americano ainda tem profundidade, liquidez e segurança jurídica. O olhar mais apreensivo não é relacionado à solidez do país como destino de capital, mas sobre os riscos adicionais que poderiam surgir no curto prazo. Portanto, ao invés de simplesmente seguir o fluxo tradicional, a diversificação de investimentos se tornou um movimento ainda mais importante, abrangendo outros mercados e moedas.

Olhares voltados ao Brasil

Obviamente, a Europa e a Ásia tornaram-se opções de alocações extremamente viáveis dentro do contexto do “tarifaço”. No entanto, não há como não destacar o papel do Brasil nesta situação. A combinação de juros globais muito baixos, dólar forte e uma expectativa de reformas internas fez com que o investidor olhasse com mais atenção para ativos brasileiros.

Além disso, em momentos de incerteza no mundo como o atual, investidores procuram países com recursos naturais, mercado interno grande e boas oportunidades de longo prazo. Apesar dos desafios, a economia brasileira tem essas características, destacando-se como uma fornecedora estratégica e confiável.

Vale destacar que os setores que vendem para fora, como agronegócio e mineração, saíram ganhando, especialmente para produtos como soja, milho, carne, açúcar, minério de ferro e petróleo. E o interesse por parcerias comerciais e investimentos em infraestrutura para exportação, como portos e ferrovias, também aumentou.

É claro que os problemas não deixaram de existir. Segmentos que dependem de peças ou matérias-primas importadas, como o automotivo e o de tecnologia, acabaram sofrendo, justamente porque ficou mais caro e difícil importar insumos.

Isso reforça que há lacunas que precisam ser preenchidas e melhorias devem ser feitas.

Novas oportunidades

Há muitas oportunidades que ainda podem ser exploradas pela economia brasileira em meio ao “tarifaço”. A velocidade das mudanças exige preparo e adaptabilidade, demandando uma leitura estratégica do cenário global e a capacidade de execução local.

Precisamos seguir avançando em reformas estruturais, melhorar a eficiência do Estado e garantir estabilidade institucional. Mitigar riscos nas commodities investindo em logística e inovação não apenas pode impulsionar mercados que exportam para o mundo todo, como também reduzir a dependência daqueles que ainda precisam recorrer a fornecedores estrangeiros. Buscar acordos com mais países e garantir previsibilidade nas regras também é um movimento indispensável.

Donald Trump será o presidente dos Estados Unidos até 2028, então, há uma grande chance do país seguir percorrendo caminhos que fomentem a guerra comercial.

Se tudo isso acontecer, o Brasil tem tudo para se proteger desse momento global, atraindo mais capital e gerando crescimento com consistência. Afinal, nesse cenário, diversificar os compradores e não depender de poucos destinos são ações imprescindíveis. A forma como vamos conduzir essa situação pode ditar os rumos das finanças brasileiras, então, é um tema que não pode sair do radar de ninguém que preze por recursos bem aplicados e com bons rendimentos.

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