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Taxação de LCIs e LCAs leva à busca de investimentos descorrelacionados do mercado tradicional

Foto por: Recha Oktaviani/ Unsplash Images
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Com alta rentabilidade e segurança próxima à da renda fixa, ativos alternativos são opção para mitigar perdas

A decisão do governo de taxar LCIs e LCAs em 5% sobre os rendimentos promete reconfigurar o cenário dos investimentos de renda fixa no Brasil. Para contornar essa mudança, investidores buscam alternativas descorrelacionadas do mercado tradicional, capazes de oferecer retornos superiores e mitigar impactos tributários. Entre elas, os ativos alternativos emergem como uma estratégia robusta, garantindo uma rentabilidade média anual de 21%, bem acima dos ganhos previstos para LCIs e LCAs após a nova tributação.

A Medida Provisória que põe fim à isenção de Imposto de Renda sobre LCIs e LCAs pode entrar em vigor em 2026, caso aprovada pelo Congresso. Essa alteração representa uma quebra no modelo tradicional de renda fixa isenta de impostos, exigindo que investidores repensem suas estratégias. Atualmente, os rendimentos oferecidos por esses papéis variam conforme o banco emissor e o tipo de indexação.

Um investimento de R$ 10 mil em uma LCI ou LCA pós-fixada que rende 90% do CDI, considerando o CDI atual de 14,65% ao ano, geraria um retorno mensal de R$ 109,87 e anual de R$ 1.318,44. Com a nova taxação de 5%, o rendimento líquido cairia para R$ 104,38 mensais e R$ 1.252,52 anuais, representando uma perda acumulada de R$ 659,00 ao longo do ano.

Enquanto LCIs e LCAs enfrentam a pressão da tributação, os ativos alternativos mantêm sua atratividade, pois não sofrem impacto direto das mudanças regulatórias e oferecem uma descorrelação com o mercado financeiro tradicional. A oscilação da Bolsa, variações na taxa de juros e até mesmo instabilidades cambiais pouco afetam esses investimentos, que estão ligados à economia real.

Exemplos incluem os royalties musicais cujos rendimentos são baseados na execução de músicas em plataformas de streaming, rádios e outros meios, com retorno previsível independente da volatilidade dos mercados. Precatórios, obras de arte e ativos imobiliários são segmentos alternativos que, da mesma forma, seguem regras próprias, sem interferência direta da política monetária e fiscal.

Segundo Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, maior ecossistema de ativos alternativos da América Latina, esses investimentos registram rentabilidade média de 21% ao ano, um patamar significativamente superior ao das LCIs e LCAs pós-tributação. “Com base nessa média, um aporte de R$ 10 mil renderia R$ 2,1 mil ao ano, consolidando uma diferença relevante na estratégia de alocação. É claro que se trata da média, há opções com maior e menor rentabilidade, mas, em geral, ativos reais dão retornos mais consistentes”, afirma.

Apesar dos retornos elevados, ativos alternativos apresentam menor liquidez em comparação a LCIs e LCAs, que, em algumas modalidades, permitem resgates diários após um período de carência. Além disso, diferentemente das Letras de Crédito, que contam com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), investimentos alternativos não possuem essa cobertura, exigindo uma análise cuidadosa do perfil de risco do investidor.

A estratégia mais indicada não é o abandono total das LCIs e LCAs, mas sim um ajuste na carteira, redistribuindo parte dos recursos para ativos reais que possam garantir rentabilidade competitiva sem comprometer a segurança financeira.

“Aplicar em ativos alternativos  traz mais resiliência às carteiras e aumenta também a rentabilidade”, lembra Farache, ao citar um recente estudo do JP Morgan. De acordo com o relatório Long-Term Capital Market Assumptions (LTCMA), a rentabilidade anual esperada para os próximos 10-15 anos para uma carteira composta por ações (renda variável) e títulos públicos (renda fixa) na proporção 60/40 em dólares é de 7%. Esse percentual, porém, pode ser melhorado. O simples acréscimo de uma alocação de 25% a ativos alternativos pode aumentar a rentabilidade de uma carteira 60/40 em 60 pontos base e melhorar o rácio de Sharpe em 12%.

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