Confira entrevista exclusiva com Rogério Melfi, gerente de Open Finance e Open Insurance da TecBan
A TecBan criou sua própria plataforma de Open Insurance, com clientes ativos já na primeira fase de implantação, que começou no dia 15 de dezembro de 2021. A ferramenta facilita a implementação e gestão do novo sistema aberto, além de reduzir a complexidade e de acelerar a integração das seguradoras e insurtechs à regulamentação brasileira, inclusive de forma conectada com o Open Finance, caso seja do interesse das instituições.
Quem explica todos os detalhes sobre essa operação é Rogério Melfi, gerente de Open Finance e Open Insurance da TecBan, em entrevista exclusiva ao Universo do Seguro.
O especialista lembra que no mês de dezembro, o sistema completou seu primeiro ano de implementação. “Durante este período, passamos pelas duas primeiras fases, nas quais tivemos como foco a regulamentação e o desenvolvimento de soluções pelas empresas do setor. A partir de 2023, a ferramenta entrará na terceira etapa, que prevê a entrada da Sociedade Processadora de Ordem do Cliente, também chamada de SPOC”, comenta. “Todo esse cronograma tem movimentado bastante a área de Tecnologia da Informação (TI), gerando inovação e oportunidades de negócios. Essa característica gera a capacidade de conectar participantes do setor bancário ao setor de seguros e, ainda, integrá-los com soluções provenientes de fintechs e insurtechs”, acrescenta Melfi.
Interoperabilidade entre o Open Insurance e o Open Finance
Neste sentido, o executivo da TecBan demonstra os benefícios da interoperabilidade entre o Open Insurance e o Open Finance para o mercado e para os consumidores. “Assim como no Open Finance, a TecBan desenvolveu uma plataforma de Open Insurance que facilita o compartilhamento de dados para as instituições da sociedade de seguros e essa solução da TecBan permite que os parceiros estejam sempre em conformidade com a regulamentação. Afinal, são diversos padrões de segurança e com este serviço, a TecBan garante que as instituições estejam sempre em Compliance. Fazendo um paralelo com o Open Finance, agora a TecBan proporciona para corretoras e seguradoras, tudo o que já faz para os bancos, fintechs e empresas de pagamentos no Open Finance. Pois, para a TecBan, o Open Insurance é uma solução muito similar a que ela já havia criado, o que muda são as regras específicas da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a questão de tratamento de dados que correspondem aos seguros e ao portfólio de clientes”, diz.
Os dois sistemas podem ser conectados, o que permitirá a conexão do setor bancário ao de seguros e propiciará ao mercado brasileiro securitário um grande potencial de crescimento, pois com troca de dados entre ambos, mediante o consentimento dos clientes, os benefícios só aumentarão, seja para empresas ou para consumidores.
Questionado sobre como o mercado segurador pode aproveitar a tecnologia para ampliar a base de segurados, Rogério Melfi lembra que estamos em uma época onde as experiências são muito valorizadas. “Até porque a personalização do seguro, sempre vai depender do enquadramento do perfil de cada cliente, do risco, etc. Mas, as experiências poderão ser muito mais positivas. Afinal, existem várias jornadas até que uma pessoa decida fechar a contratação do serviço e, às vezes, ela não o faz por algum tipo de barreira. Então, se essa pessoa puder ter acesso, principalmente por meios digitais a estes serviços, talvez essa contratação se torne mais interessante. Por exemplo, hoje quando você vai comprar uma passagem aérea, a companhia, pode ter uma parceria com uma empresa e te oferecer um tipo de Seguro Viagem. Com o Open Insurance, ela terá a possibilidade de te conectar com um número muito maior de seguradoras e você poderá escolher a oferta, pelo melhor seguro, pelo melhor canal. Ou seja, terá uma gama de opções e a chance de selecionar os critérios que forem mais apropriados para você”, analisa.
Na visão do executivo, “outra possibilidade que vai ganhar espaço e facilitará a vida do consumidor é a seguinte: vamos supor que você comprou um eletrônico em uma loja de varejo tradicional e que quando você está no caixa, te oferecem a possibilidade de adquirir uma garantia estendida. Só que naquele momento você não contratou este serviço. Então, com o compartilhamento de dados, é possível que depois de dois meses de uso deste equipamento, você receba através de um canal digital algum tipo de comunicação dizendo: “você adquiriu o produto tal há mais de 45 dias, deseja contratar uma garantia estendida agora?”. O que eu estou querendo dizer com isso é que você terá a opção de fazer o seguro em outros momentos, porque haverá a possibilidade de, cada vez, mais distribuirmos propostas em canais digitais, seja TV, celular ou outros meios”.
Principais desafios do Open Insurance em 2023
Agora, em dezembro de 2022, o Open Insurance entrou na segunda fase de implementação das exigências feitas pela Susep. Por isso, de acordo com Melfi, as empresas estão num momento de adaptação regulatória para o compartilhamento de dados, pois elas precisam começar a informar os produtos disponíveis para contratação. “A aquisição destes produtos pelos consumidores via Open Insurance deve estar disponível apenas no fim de 2023. Só que o compartilhamento de dados que a gente tem hoje já permite uma análise mais detalhada de cada cliente, assim as seguradoras já conseguem fazer ofertas mais personalizadas. E o que isso significa? Significa que as seguradoras terão que começar, cada vez, mais a trabalhar com dados. Elas já trabalham, mas se elas não trabalharem bem esses dados, as concorrentes poderão fazê-lo. Então, elas têm que reanalisar e já entregar a melhor precificação para os clientes. Porque o Open Insurance vai motivar uma competição sadia neste mercado. De maneira que, o mercado irá se autorregular para entregar, cada vez mais, uma oferta mais apropriada ao consumidor e, com isso, as pessoas ficarão mais satisfeitas”, completa.
Conclusão
O Universo do Seguro pediu para Rogério Melfi fazer um balanço do que foi dito ao longo da entrevista, além da projeção de oportunidades para os integrantes da indústria seguradora diante das possibilidades criadas a partir da definição dos procedimentos a serem adotados pelas seguradoras e demais players. Confira abaixo:
O Open Insurance é o sistema aberto de seguros, regulado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Assim como o Open Finance, permitirá o compartilhamento de dados dos clientes, mediante consentimento, visando a uma oferta de produtos e serviços personalizados e aderentes às necessidades de cada cidadão.
O novo modelo prevê elementos de segurança, privacidade, agilidade e inovação, trazendo benefícios a todo o ecossistema, potencializando a cidadania financeira.
Agora no final de 2022, entramos na fase 2 e em 2023 concluiremos a fase 3, que são divididas da seguinte forma:
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- Fase 2: mediante a autorização dos clientes, será iniciado o compartilhamento de seus dados pessoais, como histórico de pagamentos, dados da apólice, Previdência e Capitalização;
- Fase 3: trabalhará as informações de movimentações dos clientes, como sinistros, endossos e a entrada da Sociedade Processadora de Ordem do Cliente, a SPOC.
Como acontece diante de toda inovação, os agentes de mercado segurador terão muitas oportunidades, mas também diferentes desafios:
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- Cronograma regulatório para adequação, desenvolvimento e investimento em tecnologia;
- Escolha dos parceiros para prover soluções e consultoria;
- Análise das informações e oferta assertiva ao cliente;
- Adesão do público, com comunicação simples e objetiva sobre os reais benefícios do Open Insurance.
Olhando as oportunidades, temos no Corretor de Seguros um papel de destaque, com atendimento consultivo:
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- Entendendo as necessidades dos clientes para a oferta de produtos e serviços mais aderentes às necessidades de cada pessoa, que tende a escolher processos mais simples
- Atendimento rápido, de qualidade e preços e com condições de pagamento que realmente caibam no seu bolso.
Abre-se espaço para democratizar os seguros, dado que o Brasil ainda é um país com baixa utilização do recurso, tendo no seguro auto o seu principal produto, mas que, ainda assim, está abaixo do potencial.