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Terceiro setor: transparência para fazer a diferença

Carlos Aragaki, sócio líder da BDO Brasil para o Terceiro Setor / Foto: Divulgação
Carlos Aragaki, sócio líder da BDO Brasil para o Terceiro Setor / Foto: Divulgação

Confira artigo de Carlos Aragaki, sócio líder da BDO Brasil para o Terceiro Setor

O Terceiro Setor, composto por entidades sem fins lucrativos como Institutos, fundações e associações, assume um papel crucial na sociedade brasileira, complementando a ação do Estado e do mercado na promoção do bem-estar social. No Brasil, estima-se que o Terceiro Setor movimente cerca de 4,3% do PIB, segundo o estudo “A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil e em suas Regiões”.

Segundo dados do Mapa das Organizações da Sociedade Civil de 2021, são mais de 800 mil organizações em atividade. Estima-se que são gerados 4,7 milhões de empregos no terceiro setor. Ao mesmo tempo, um dado surpreendente é que em 2022 cerca de 84% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação, conforme a Pesquisa Doação Brasil 2022, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Tamanho montante de recursos movimentados e importância para a sociedade, exigem uma profissionalização, governança e, sobretudo transparência. Este último item pode significar a sobrevivência e o avanço de uma entidade.

Num contexto em que o Terceiro Setor administra recursos públicos e privados, a transparência se torna um pilar fundamental para a construção de confiança e legitimidade. Doadores, parceiros e a sociedade em geral exigem clareza sobre a origem e aplicação dos recursos, a efetividade das ações e a governança das entidades.

Atingir a excelência em transparência no Terceiro Setor exige esforços contínuos por parte das organizações. Desafios como a burocracia excessiva, a falta de recursos humanos e tecnológicos e a dificuldade em acessar informações confiáveis dificultam a implementação de práticas transparentes e de governança

No entanto, diversas boas práticas podem ser adotadas para superar esses desafios, como a publicação de relatórios anuais com informações detalhadas sobre as atividades da organização, receitas e despesas, resultados dos projetos e indicadores de impacto. Um canal de comunicação transparente onde doadores, parceiros e a comunidade em geral possam tirar dúvidas e obter informações sobre a organização também é essencial. Por fim, a implementação de mecanismos de controle interno é importante para garantir a regularidade das operações e a aplicação correta dos recursos.

Neste contexto, é imprescindível que cada entidade busque soluções personalizadas para auxiliar as organizações na jornada pela transparência, entre eles a auditoria independente, que garante a confiabilidade das informações financeiras e a regularidade das operações.

A jornada pode se tornar menos dolorosa com a adoção de gestão de riscos. Ela ajuda a identificar, avaliar e mitigar os riscos que podem afetar a reputação da organização – um dos maiores patrimônios de uma entidade do Terceiro Setor. A partir daí, é preciso aprimorar os processos de tomada de decisão e fortalecer a gestão da organização. A transparência, parte da boa governança, deve ser um compromisso fundamental para o Terceiro Setor. Ao adotar práticas transparentes, as organizações conquistam a confiança de doadores, parceiros e da sociedade em geral, fortalecem sua reputação e aumentam seu impacto social. Essa transparência se materializa na prestação de contas por meio da divulgação dos resultados de projetos sociais, convênios e outros. Em um ambienta mais macro, a elaboração de demonstrações financeiras completas e atestadas por auditores sem vínculo com a entidade.

A jornada pela transparência no Terceiro Setor não é apenas um dever, mas sim uma oportunidade para fortalecer o impacto social das organizações. Ao construir relações de confiança com doadores, parceiros e a comunidade, as entidades do Terceiro Setor ampliam seu alcance, otimizam recursos e conquistam a legitimidade necessária para promover mudanças reais na sociedade. A transparência é peça-chave para que o Terceiro Setor assuma seu papel de protagonista na construção de um futuro mais justo e sustentável para todos e fundamental para que este setor continue a contribuir para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do país.

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