O TD Impacta foi estruturado para ser um marco no ecossistema nacional de negócios de impacto, oferecendo uma proposta que combina metodologias de apoio a diferentes estágios de maturidade com acesso a capital. A primeira edição destinou mais de R$ 5 milhões em formato de grants (doação) para 40 negócios de impacto, entre eles, Tindin e Mooney
Em um cenário de baixo letramento financeiro no país – no qual brasileiros de todas as faixas etárias enfrentam riscos crescentes de endividamento e vivenciam os problemas causados pela desinformação sobre finanças –, negócios de impacto como Tindin e Mooney unem tecnologia e propósito para transformar o letramento em finanças em uma experiência prática e acessível para crianças e adolescentes. Essas duas empresas compõem um grupo de 40 selecionadas pelo TD Impacta, uma plataforma de apoio e investimento criada pelo Programa Tesouro Direto em parceria com a B3 e que conta com a execução da Artemisia – organização referência no ecossistema de empreendedorismo de impacto brasileiro. A iniciativa, que tem por foco impulsionar soluções que promovam a educação financeira e soluções financeiras inclusivas, anuncia a abertura das inscrições para a segunda edição, prevendo a destinação de R$ 4,5 milhões em recursos não reembolsáveis para até 14 negócios selecionados. As inscrições podem ser feitas até 28 de julho de 2025 pelo link https://tdimpacta.com.br/.
Em linha com a missão do Programa Tesouro Direto e da B3 de promover a educação financeira dos cidadãos e estimular a formação de poupança no país, o TD Impacta tem fomentado um pipeline de negócios de impacto inovadores no país. Com apoio do programa, os dois negócios de impacto lançaram soluções gamificadas que levam o aprendizado para além da teoria: no Jogo do Investidor, da Tindin, estudantes simulam a vida adulta em um metaverso lúdico; já na Mooney, um baralho educativo transporta os desafios econômicos para dentro da sala de aula. Juntos, os negócios de impacto já alcançam aproximadamente 15 mil alunos, sobretudo da rede pública, ao mesmo tempo em que propõem uma nova mentalidade: aprender a lidar com o dinheiro não é só uma questão de conteúdo, mas de comportamento – e, acima de tudo, de justiça social.
Na nova edição do TD Impacta, as três organizações – Tesouro Nacional, B3 e Artemisia – buscam negócios maduros capazes de contribuir com soluções inovadoras diante de três desafios lançados pelo programa.
Segundo Rogério Ceron, Secretário do Tesouro Nacional, a promoção da educação financeira é um dos pilares do Programa Tesouro Direto – e esse propósito foi amplamente explorado na primeira edição do TD Impacta. “No primeiro ano, apoiamos soluções inovadoras voltadas à educação financeira, além de outras temáticas que contribuem com a saúde financeira dos brasileiros e gerem impacto positivo. Diante do sucesso e dos resultados expressivos da primeira edição, damos continuidade ao programa com grandes expectativas. Nesta segunda edição, buscamos negócios que contribuam para o letramento financeiro de professores e alunos em todo o país, alinhando-se e potencializando o impacto da Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (OLITEF), além de explorarem os novos produtos desenvolvidos pelo Tesouro Direto, como o TD Garantia. O programa segue oferecendo apoio técnico e financeiro, elementos que se mostraram fundamentais para o desenvolvimento das soluções e a execução dos pilotos na primeira edição, objetivando que nosso impacto e alcance sejam ainda maiores”, detalha.
Diferente da edição anterior – lançada em 2024 –, a segunda privilegia a inovação aberta ao buscar apenas soluções com maior estágio de maturidade (tração e escala); a proposta é selecionar até 14 negócios com capacidade operacional para atender a três desafios específicos propostos pelo programa: jornadas engajadoras de educação financeira; assistentes educacionais baseados em IA para matemática e educação financeira; e aplicações inovadoras do TD Garantia – serviço que permite que investidores pessoas físicas utilizem títulos públicos federais do Programa do Tesouro Direto como garantia em operações financeiras como aluguel imobiliário e empréstimos – em novos segmentos, com potencial de impacto social e inclusão financeira.
O programa está aberto a negócios inovadores de todas as regiões do país; empreendedores com soluções que tenham intencionalidade de impacto social positivo em linha com os desafios apresentados pelo TD Impacta. As empresas participantes devem estar em estágio de tração ou escala; ter faturamento mínimo de R$ 1 milhão (últimos 12 meses); e possuir capacidade de escala para a implementação das soluções – ou seja, viabilidade técnica, financeira e operacional. A metodologia proposta pelo TD Impacta guiará os participantes a executar Provas de Conceito (POC) ou propor parcerias estruturadas, adaptando as soluções e construindo novas formas para atender, de maneira customizada, as necessidades técnicas e operacionais delineadas.
Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes, Educação e Pessoa Física da B3, reforça a relevância e o impacto da iniciativa. “Na B3, acreditamos que a educação financeira é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e investidores mais conscientes. Nossa parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional no TD Impacta reforça esse compromisso ao buscar e potencializar soluções que dialogam diretamente com os desafios do Programa Tesouro Direto. As soluções dessa primeira edição apoiaram professores, estudantes e famílias na construção de competências financeiras fundamentais para a vida. Para esta segunda edição, a nossa expectativa é aumentar ainda mais o alcance e a efetividade das soluções para alavancar o Programa Tesouro Direto, ampliando a inclusão e a jornada da educação financeira para milhões de brasileiros”, salienta.
Abaixo, detalhamento dos desafios e das etapas que compõem a trajetória dos negócios selecionados para a segunda edição do TD Impacta.
Desafio 1 | Jornadas engajadoras de educação financeira
Neste desafio, a busca recai para soluções digitais inovadoras que empoderem professores da rede pública no desenvolvimento de competências práticas em educação financeira, tanto para uso pessoal quanto para o ensino em sala de aula. As propostas devem engajar os docentes a partir de seus próprios objetivos de vida – aposentadoria, moradia ou viagens –, conectando teoria e prática por meio de simuladores, exercícios e trilhas personalizadas. Espera-se, também, que as soluções ofereçam apoio contínuo por meio de comunidades, mentorias e espaços de troca, ampliando o alcance de iniciativas como a Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (OLITEF) e Aprender Valor, com potencial de escala para canais do Tesouro Direto.
Os negócios selecionados para este desafio apresentarão propostas iniciais de piloto, com foco em receber feedbacks qualificados e aprimorar as soluções. Dois finalistas serão escolhidos para desenvolver uma Prova de Conceito (POC) e receber aporte não reembolsável de até R$ 250 mil cada, aplicados no desenvolvimento da solução ao longo de até cinco meses. Ao final, o negócio de maior destaque poderá avançar em uma colaboração com a B3, com potencial de parceria de até R$ 1,5 milhão.
Desafio 2 | Assistentes educacionais baseados em IA para Matemática e Educação Financeira
Neste desafio, o programa demanda soluções que apoiem alunos da rede pública no aprendizado de Matemática, Educação Financeira, raciocínio lógico e demais competências utilizadas na OLITEF. A meta é enfrentar o baixo desempenho nessas áreas por meio de soluções que ofereçam trilhas personalizadas de aprendizagem, feedbacks imediatos, gamificação, linguagem acessível e conexão com a realidade dos estudantes. As ferramentas devem funcionar on-line e off-line, ser aplicáveis em sala de aula – ou remotamente – e incluir funcionalidades que apoiem os professores com painéis de acompanhamento e recomendações pedagógicas. O público-alvo são estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.
Os negócios selecionados para este desafio devem apresentar propostas iniciais de piloto com o objetivo de receber feedbacks qualificados e aprimorar as suas soluções. Dois finalistas serão escolhidos para desenvolver uma Prova de Conceito (POC), com aporte não reembolsável de até R$ 250 mil cada, para o desenvolvimento da solução em um período estimado de até cinco meses. Ao final, o negócio de maior destaque poderá avançar em uma colaboração com a B3, com potencial de parceria de até R$ 1 milhão.
Desafio 3 | Aplicações inovadoras do TD Garantia
A categoria busca usos inovadores para o TD Garantia – produto lançado em 2024 pela B3 em parceria com o Tesouro Nacional e o Banco Central, que permite aos investidores utilizarem seus títulos públicos do Tesouro Direto como garantia em operações financeiras, como contratos de aluguel e empréstimos. Neste desafio, a busca recai para negócios que apresentem oportunidades de uso do TD Garantia para ampliação de acesso, com foco nas populações que enfrentam dificuldades de obter serviços financeiros por falta de garantias. As soluções devem apresentar viabilidade operacional e financeira da aplicação; ampliar o acesso facilitado a serviços para populações em situação de vulnerabilidade; e redução de juros ou exigências tradicionais (como fiadores ou cauções em dinheiro).
A exemplo, negócios de impacto do setor em educação (soluções que buscam democratizar o acesso ao ensino, permitindo que estudantes ou suas famílias usem títulos do Tesouro Direto como garantia para financiar mensalidades escolares, reduzindo a exigência de fiadores ou cauções em dinheiro e facilitar a inclusão educacional); e crédito pessoal (que oferecem crédito com melhores condições a partir do uso do TD Garantia como instrumento de garantia, com potencial de gerar operações mais seguras para as instituições financeiras e mais acessíveis para públicos com pouco histórico de crédito, mas com reservas aplicadas).
Diferente dos desafios um e dois, este não prevê uma Prova de Conceito; os negócios selecionados receberão aporte não reembolsável de até R$ 50 mil para o refinamento de suas propostas, com base em feedbacks qualificados. Após a apresentação final, a solução selecionada pode receber até R$ 750 mil como incentivo para implementação real da proposta.
Expandir a educação financeira no Brasil
Dados de 2022 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) revelam que 45% dos estudantes brasileiros não alcançam o nível básico em educação financeira – contexto que compromete o mínimo exercício da cidadania e coloca o Brasil na 18ª posição no ranking de 20 países e economias participantes do levantamento. A pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, conduzida em 2025 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alerta que muitos adultos tiveram pouco ou nenhum letramento financeiro, sendo este um fator que contribui para o superendividamento da população.
Segundo Priscila Martins, diretora-executiva da Artemisia, a baixa educação financeira – que é observada em uma grande parcela da população – compromete, ainda, a autonomia das pessoas, limita o acesso a oportunidades e aprofunda as desigualdades. “Promover educação financeira é essencial para que os brasileiros estejam mais preparados para lidar com dinheiro e se proteger de riscos como o superendividamento e as apostas on-line. Isso se reflete na construção de uma sociedade mais próspera e economicamente sustentável. Na Artemisia, acreditamos que soluções inovadoras, criadas por empreendedores guiados pelo impacto, podem contribuir neste cenário”, afirma a executiva.
Priscila acrescenta que, com o TD Impacta, os parceiros buscam fomentar um verdadeiro hub de soluções voltadas ao letramento financeiro e ao acesso a serviços financeiros mais inclusivos. “O programa se destaca por combinar recursos financeiros não reembolsáveis, apoio técnico qualificado, conexões estratégicas e a oportunidade de testar soluções por meio de provas de conceito, com possibilidade real de contratação ao final. Essa combinação acelera o desenvolvimento e a efetividade das soluções, promovendo impacto social relevante e contribuindo para a construção de um Brasil mais justo e financeiramente consciente”, finaliza.
O TD Impacta está alinhado a quatro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): #1 (Erradicação da pobreza); #4 (Educação de qualidade); #8 (Trabalho decente e crescimento econômico); e #10 (Redução das desigualdades).