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Testamento é coisa de rico? Especialistas dão dicas para evitar dor de cabeça em momento de luto

Testamento é coisa de rico? Especialistas dão dicas para evitar dor de cabeça em momento de luto / Foto: Mari Helin / Unsplash
Foto: Mari Helin / Unsplash

Planejar a herança ainda é um tabu entre os brasileiros, mas evitar o assunto pode gerar disputas familiares, prejuízos financeiros e até o esquecimento de desejos importantes

Ao contrário do que muitos pensam, fazer um testamento não é um privilégio reservado a milionários ou idosos. O documento, que garante que a vontade de uma pessoa seja respeitada após sua morte, pode — e deve — ser considerado por qualquer um, independentemente da idade ou da quantidade de bens. A avaliação foi feita pelas Co-Ceos da Planeje Bem e especialistas em planejamento sucessório, Carolina Aparício e Ana Luiza Affonso, que alertam para os riscos jurídicos e emocionais de adiar essa decisão.

“O testamento é uma ferramenta de proteção. Ele evita disputas, organiza a partilha dos bens e pode até incluir orientações sentimentais, como mensagens a entes queridos ou a tutela de animais de estimação. Não se trata apenas de dinheiro, mas de cuidado e responsabilidade com quem fica”, explica Carolina Aparicio, Co-Ceo da Planeje Bem.

Segundo dados do Colégio Notarial do Brasil, os testamentos públicos no país registraram um aumento de 35,5%, entre 2012 e 2022. Os dados mostram o reflexo de uma maior conscientização da população sobre a importância do planejamento sucessório — especialmente após a pandemia. Mesmo assim, o número ainda é baixo frente à quantidade de famílias que enfrentam longas batalhas judiciais por falta de organização da herança.

Mitos que custam caro

Entre os equívocos mais comuns está a ideia de que só quem tem muitos bens precisa se preocupar com isso. “Mesmo uma casa, um carro ou um pequeno investimento podem se tornar foco de conflito entre herdeiros. Além disso, o testamento permite definir quem cuidará de filhos menores ou de pessoas com deficiência, o que traz tranquilidade em situações delicadas”, ressalta Ana Luiza Affonso, Co-Ceo da Planeje Bem.

Outro mito é o de que o testamento precisa ser registrado em cartório para ter validade. Embora o testamento público — feito com auxílio de um tabelião — ofereça maior segurança jurídica, testamentos particulares também têm valor legal se cumprirem certos requisitos, como serem assinados na presença de três testemunhas. Essa alternativa é mais acessível financeiramente e permite atualizações frequentes conforme a vida muda.

Riscos de não deixar nada definido

A ausência de um testamento pode gerar uma série de problemas. Sem o documento, a herança é distribuída conforme a lei, o que nem sempre reflete os desejos da pessoa falecida. “Isso pode incluir, por exemplo, permitir que um ex-cônjuge herde parte dos bens por um divórcio não oficializado, ou que o genitor com quem não se convive mais fique responsável pelo patrimônio de um filho menor”, alerta Carolina Aparicio, Co-Ceo da Planeje Bem

Também há a questão da chamada “herança digital”, que inclui perfis em redes sociais, contas em nuvem, e até criptoativos. Sem instruções claras, essas informações podem se perder para sempre — ou gerar impasses entre os familiares.

Mais que bens: valores e afetos

Além dos aspectos legais, o testamento pode ser uma forma de expressar valores pessoais. É possível incluir cartas, homenagens póstumas, doações a causas importantes e até preferências sobre o próprio velório.

A recomendação das especialistas é clara: comece o quanto antes. Casamentos, nascimentos, aquisições importantes ou mudanças na saúde são bons momentos para dar esse passo — que pode ser revisto sempre que necessário.

Para quem deseja iniciar o processo de testamento e não sabe como, as especialistas reforçam que é importante que o documento seja claro e específico na divisão dos bens. Além disso, elas destacam que é preciso também nomear um testamenteiro de confiança e considerar conversar com a família sobre as decisões tomadas. Outro ponto crucial é a atualização do documento sempre que houver alguma mudança significativa e buscar apoio jurídico para garantir validade legal.

Falar sobre testamento ainda é um tabu para muitos brasileiros, mas a mudança de mentalidade é urgente. Planejar e proteger o legado é parte do cuidado com o amanhã. Não é sobre morrer, mas sim sobre proteger os entes queridos.

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