Hipotireoidismo e hipertireoidismo podem comprometer a estrutura óssea, aumentando o risco de osteoporose e fraturas silenciosas
A tireoide é uma pequena glândula localizada na parte frontal do pescoço, mas seu impacto no funcionamento do corpo é imenso. Responsável por produzir os hormônios que regulam o metabolismo, ela também exerce influência direta sobre a saúde dos ossos — um aspecto nem sempre lembrado.
Tanto o hipotireoidismo (produção insuficiente de hormônios) quanto o hipertireoidismo (produção excessiva) podem prejudicar a densidade mineral óssea. Isso significa que, quando a tireoide não funciona corretamente, o esqueleto pode sofrer em silêncio, tornando-se mais frágil e suscetível a fraturas.
“Os hormônios tireoidianos regulam o ritmo da remodelação óssea — o processo em que o osso antigo é reabsorvido e substituído por um novo. No hipertireoidismo, esse ciclo se acelera demais, e o novo osso não consegue se formar com a mesma qualidade. O resultado é perda óssea significativa”, explica o endocrinologista Dr. Francisco Alfredo Bandeira, vice-presidente da ABRASSO.
No caso do hipotireoidismo, o processo se torna lento demais, o que também compromete a estrutura do tecido ósseo. “O osso antigo permanece por mais tempo, tornando-se mais poroso e menos resistente. A longo prazo, isso pode reduzir a densidade óssea”, complementa o especialista.
Um ponto de atenção importante é o uso da levotiroxina, hormônio sintético indicado para tratar o hipotireoidismo. Quando administrado em doses excessivas, pode induzir uma espécie de hipertireoidismo medicamentoso, com efeitos semelhantes sobre os ossos. “Por isso, é essencial ajustar cuidadosamente a dose. Nem de menos, nem demais”, alerta o médico.
Mulheres após a menopausa também merecem atenção redobrada. Nessa fase, há uma queda natural nos níveis de estrogênio, hormônio que protege os ossos. “Se houver, ainda, alguma disfunção tireoidiana, o risco de osteoporose aumenta consideravelmente”, reforça Dr. Francisco.
A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e acompanhamento médico regular, é possível preservar tanto a saúde da tireoide quanto a dos ossos. “Manter os hormônios equilibrados, praticar atividades físicas, adotar uma alimentação rica em cálcio e vitamina D, evitar o excesso de álcool e não fumar são atitudes que fazem toda a diferença”, orienta o endocrinologista.
A densitometria óssea — exame que avalia a massa óssea — é uma das ferramentas mais eficazes para identificar precocemente alterações e iniciar o tratamento antes que ocorram fraturas. “Muitas vezes, o paciente só descobre o problema quando fratura um osso em uma situação banal. Por isso, é importante estar sempre um passo à frente, com prevenção e acompanhamento”, finaliza o especialista.