Fenômeno com ventos de até 250 km/h destruiu cerca de 90% da área urbana, deixou mortos e centenas de feridos e escancarou, mais uma vez, a lacuna de proteção securitária diante dos eventos climáticos extremos no Brasil
O tornado de categoria F3 que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, no início de novembro de 2025, já entra para a história recente dos desastres naturais no país. O fenômeno, com ventos estimados entre 180 km/h e 250 km/h, destruiu aproximadamente 90% da área urbana do município, causou ao menos seis mortes, deixou centenas de feridos e mais de mil desabrigados ou desalojados, levando o governo estadual a decretar estado de calamidade pública.
Em poucos minutos, casas, comércios, escolas, silos, postos de combustíveis e equipamentos públicos foram parcialmente ou totalmente destruídos. Imagens aéreas mostram um rastro de destruição praticamente contínuo sobre a cidade, com estruturas retorcidas, veículos revirados e bairros inteiros irreconhecíveis.
Diante da dimensão da tragédia, a reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu e de outras localidades afetadas no Paraná e em estados vizinhos tornou-se também um grande teste de estresse para o sistema de seguros, o crédito rural e o arcabouço de gestão de riscos climáticos no Brasil.
O dia seguinte: a corrida por assistência
Com a confirmação dos danos em larga escala, o governo do Paraná decretou calamidade pública e acionou a Defesa Civil estadual. O reconhecimento da situação pelo Governo Federal permitiu a liberação de recursos emergenciais, inclusive verbas diretas para reconstrução de equipamentos públicos e ações de assistência humanitária em Rio Bonito do Iguaçu.
Segundo dados oficiais, o governo federal já autorizou R$ 25 milhões específicos para acelerar a reconstrução da cidade, incluindo escolas, unidades de saúde e infraestrutura urbana básica.
Enquanto isso, hospitais da região receberam um volume excepcional de pacientes com traumas diversos – de cortes e fraturas a ferimentos graves decorrentes de desabamentos e objetos arremessados pelo vento -, exigindo mutirões médicos e apoio de profissionais deslocados de outras cidades.
Sistema financeiro em modo emergência: Caixa, FGTS e renegociação de contratos
No setor financeiro, a Caixa e sua holding de seguros foram algumas das primeiras instituições a anunciar medidas específicas para famílias e empresas atingidas.
Caixa Seguridade e o plano emergencial
A Caixa Seguridade colocou em prática um plano emergencial junto às empresas do conglomerado para agilizar o atendimento aos segurados do Seguro Habitacional, Seguro Residencial, Vida e produtos de assistência (Rapidex), com foco inicial em Rio Bonito do Iguaçu e cidades impactadas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A holding reforçou a abertura de sinistros e assistências pelos canais oficiais, com equipes mobilizadas para atender:
-
Seguro Habitacional (contratos a partir de 05/04/2021)
-
0800 722 4923
-
WhatsApp Caixa Residencial: (11) 99506-9519
-
-
Seguro Residencial (renovações/novas contratações a partir de 15/02/2021)
-
0800 722 4923
-
WhatsApp Caixa Residencial: (11) 99506-9519
-
Site: autoatendimento.caixaresidencial.com.br (Resolva Aqui > Registrar Sinistro)
-
-
Assistências (serviços emergenciais)
-
0800 722 4926
-
WhatsApp Caixa Residencial: (11) 99506-9519
-
-
Seguro de Vida – Caixa Vida e Previdência
-
Central de Assistências e Sinistros: 0800 722 2492
-
-
Rapidex – Caixa Assistência
-
0800 775 4085
-
WhatsApp: +55 800 770 5356
-
Site: rapidexcaixa.com.br (Já sou cliente > Logar com CPF > Solicitar acionamento)
-
- Caixa Seguradora – 0800 274 1000 (contratações até 14/02/2021)
- Too Seguros – 0800 775 9191
- American Life – 0800 949 8080
- Tokio Marine – 0800 318 6546
FGTS, pausa nas prestações e canais digitais
Em paralelo, a Caixa também anunciou um pacote de medidas para a população atingida:
-
Campanha de arrecadação em parceria com a ONG Moradia e Cidadania, via conta e Pix exclusivos, para apoiar diretamente as famílias afetadas;
A ONG Moradia e Cidadania foi criada por representações de empregados da Caixa e atua em ações sociais voltadas à promoção da cidadania e melhoria das condições de vida de famílias em situação de vulnerabilidade.
As doações podem ser feitas por meio de depósito em conta ou Pix, conforme os dados abaixo:
Chave Pix (CNPJ): 01.285.730/0015-44
Banco: Caixa (104)
Agência: 0369
Operação: 1292
Conta Corrente: 577549692-9
-
Articulação com autoridades para habilitar o Saque Calamidade do FGTS, permitindo retiradas de até R$ 6.220,00 por trabalhador, em municípios com situação de emergência ou calamidade reconhecida por portaria federal;
-
Possibilidade de pausa de até 6 meses nas prestações de financiamentos habitacionais em municípios com decreto de calamidade, e opção de incorporar parcelas vencidas;
-
Orientação para realizar o saque do FGTS e demais transações pelos aplicativos FGTS, Habitação Caixa, Caixa Tem e Internet Banking, reduzindo a necessidade de deslocamento até agências físicas.
Essas medidas mostram como o sistema financeiro público vem sendo pressionado a atuar, simultaneamente, como alavanca de reconstrução e como rede de proteção social em desastres.
Seguradoras atuam de maneira rápida na região
MAPFRE: plantão em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava
A MAPFRE mobilizou equipes de assistência 24 horas, atendimento ao cliente e vistoria nas áreas mais atingidas, especialmente em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava. Entre os sinistros mais frequentes estão:
-
destelhamentos;
-
queda de árvores;
-
danos por interrupção de energia;
-
danos a casas, veículos, comércios e propriedades rurais.
A seguradora reforçou orientações básicas aos clientes:
-
Acione o seguro o quanto antes pelos canais oficiais;
-
Registre fotos e vídeos de todos os danos;
-
Informe o máximo de detalhes no aviso de sinistro;
-
Siga as orientações das equipes e da Defesa Civil, sempre priorizando a segurança.
O atendimento foi ampliado via:
-
WhatsApp: (11) 4004-0101
-
0800 775 4545
-
Canais digitais e redes sociais oficiais da companhia.
Colaboradores da MAPFRE no Paraná também se engajaram em ações voluntárias, ajudando na entrega de água, alimentos e itens básicos, em parceria com a Defesa Civil.
Tokio Marine: plano de contingência e simplificação de processos
A Tokio Marine acionou um Plano de Contingência específico para os tornados no Paraná, com foco em:
-
criação de grupo de trabalho dedicado às regiões afetadas;
-
simplificação de processos e documentos para pagamento mais rápido de indenizações;
-
deslocamento de equipes de sinistros e prestadores de outras regiões para atendimento presencial em Rio Bonito do Iguaçu;
-
reforço no Contact Center, priorizando chamadas originadas de áreas em situação crítica;
-
uso intensivo de vistoria por imagem e centralização de salvados.
“A prioridade absoluta é prestar todo o auxílio necessário a nossos Clientes nesse momento tão difícil. Não temos como diminuir a dor de quem perdeu um ente querido, mas faremos tudo que estiver ao nosso alcance para amenizar o prejuízo material”, afirmou Adilson Lavrador, diretor executivo de Operações, Tecnologia e Sinistros da Tokio Marine.
Sicredi, terceiro setor e o papel da cooperação
Sicredi Grandes Lagos PR/SP: doações, crédito emergencial e suspensão de cobranças
A Sicredi Grandes Lagos PR/SP, com sede em Laranjeiras do Sul, mobilizou uma resposta robusta:
-
Campanha de arrecadação via PIX, que já havia ultrapassado R$ 2,7 milhões até meados de novembro;
-
Doação direta de R$ 11 milhões para ações na cidade;
-
Criação de uma linha de crédito emergencial de R$ 33 milhões, com taxas reduzidas e prazos mais amplos;
-
Suspensão temporária de cobranças e negativação;
-
Prorrogação de parcelas de crédito, faturas de cartão e consórcios por 60 dias;
-
Isenção, por seis meses, das mensalidades de maquininhas de cartão Sicredi e disponibilização de 200 novos equipamentos para fortalecer o comércio local;
-
Apoio direto a colaboradores afetados e priorização de compras no comércio de Rio Bonito do Iguaçu;
-
Destinação de R$ 2 milhões à educação e reconstrução de escolas.
“O Sicredi é feito de cooperação – e é juntos que vamos reconstruir o que o vento tentou levar”, resumiu Orlando Muffato, presidente da Sicredi Grandes Lagos PR/SP.
Coberturas de vendaval, tornado e granizo: o que (ainda) falta no seguro patrimonial
O tornado do Paraná também reacendeu o debate técnico sobre coberturas adicionais em seguros patrimoniais. Tanto em residências quanto em empresas, a proteção contra fenômenos atmosféricos extremos continua, em muitos casos, tratada como opcional – e essa escolha tem custado caro.
Para Lucas Salin, especialista em seguro empresarial da Wallerius Corretora de Seguros, a cobertura-chave é a de Vendaval: “Em geral, tanto em residências quanto em empresas, a cobertura indispensável para eventos desta natureza é a cobertura de Vendaval. Ela também abrange outros eventos como tornado, ciclone, granizo e até mesmo impacto de veículos, variando de acordo com a apólice”.
Salin destaca que, além da estrutura, essa cobertura costuma amparar o conteúdo avariado – móveis, máquinas, equipamentos e estoques – danificados pelos ventos ou pela água da chuva que entra após destelhamentos.
Entre as principais lacunas hoje:
-
ausência de cobertura para desabamento parcial ou danos elétricos consequentes;
-
subavaliação do valor em risco, que reduz a indenização;
-
falta de extensão para bens externos (placas solares, letreiros, galpões descobertos etc.);
-
pouca contratação de Lucros Cessantes por Vendaval, que poderia recompor faturamento perdido.
“Nosso papel é antecipar esses cenários, revisando periodicamente as apólices e orientando o cliente para garantir uma proteção real e integral, especialmente em regiões com histórico de ventos fortes e tempestades severas”, reforça Lucas Salin.
A leitura jurídica: cobertura adicional deixou de ser ‘extra’ e virou necessidade
A advogada Anne Wendler, sócia do escritório Rücker Curi, lembra que a cobertura para vendaval, furacão, ciclone, tornado e granizo não integra automaticamente as condições básicas de muitos seguros patrimoniais – é uma cobertura adicional, contratada à parte.
Ela alerta que:
-
muitos imóveis permanecem completamente desprotegidos justamente contra os eventos que mais têm causado prejuízos no Sul do Brasil;
-
é fundamental entender a diferença entre danos por vento (vendaval/tornado) e danos por água (inundação/alagamento);
-
o episódio das enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, mostrou que, para eventos de excesso de chuvas, a cobertura adequada era a de inundação/alagamento, não a de vendaval – e isso gerou frustração em segurados que imaginavam ter proteção ampla.
Segundo Anne, a recorrência de ciclones extratropicais e tornados torna essa cobertura uma exigência de gestão de risco, não mais um luxo: “Diante da intensificação dos eventos climáticos, não incluir a cobertura de vendaval, furacão, ciclone, tornado e granizo em seguros patrimoniais é expor-se a um risco desnecessário”.
Agronegócio em risco: dívidas rurais e o papel dos decretos municipais
No campo, os tornados no Paraná também expuseram a vulnerabilidade financeira do agronegócio. Além das perdas diretas nas lavouras, estruturas e maquinário, muitos produtores dependem de financiamentos de longo prazo e ficam, na prática, sem fôlego para honrar prestações após um evento extremo.
Especialistas do escritório Dosso Toledo Advogados destacam que:
-
a decretação de situação de emergência ou calamidade pública pelos municípios é o primeiro passo para que produtores rurais possam solicitar prorrogação de dívidas junto aos bancos;
-
o Manual de Crédito Rural (MCR) prevê renegociações em caso de perdas por eventos climáticos, desde que haja comprovação do dano e reconhecimento oficial da situação pelo Governo Federal;
-
a prorrogação não é automática: é preciso demonstrar que a perda comprometeu a capacidade de pagamento e que a propriedade está em área incluída no decreto.
Em um cenário de mudanças climáticas, o escritório defende que a gestão jurídica preventiva e o acompanhamento próximo das regras do crédito rural tornem-se parte da estratégia de longo prazo dos produtores.
Tornado do Paraná dentro da estatística global de catástrofes
Relatórios mais recentes da Aon ajudam a contextualizar o episódio dentro de uma curva de aumento de eventos extremos, mas também de maior participação do seguro.
O Global Catastrophe Recap – Q3 2025 aponta:
-
US$ 203 bilhões em perdas econômicas globais por desastres naturais nos primeiros nove meses de 2025;
-
US$ 114 bilhões em perdas seguradas;
-
lacuna de proteção de 44%, a menor já observada para o período de janeiro a setembro – reflexo, principalmente, de alta penetração de seguros em alguns mercados, como o norte-americano.
Na América do Sul, as perdas econômicas entre janeiro e setembro chegaram a US$ 6,7 bilhões, impulsionadas por secas, incêndios e tempestades severas. No Brasil, o relatório Climate and Catastrophe Insight 2024 já havia mostrado mais de US$ 12 bilhões em prejuízos por desastres naturais em 2023, com as enchentes no Rio Grande do Sul registradas como o evento mais custoso em perdas seguradas da história do país.
Segundo Beatriz Protásio, CEO de Resseguros para o Brasil na Aon, os dados reforçam: a urgência de ampliar a cultura de gestão de riscos climáticos no Brasil, com investimento em dados, modelagem catastrófica e maior penetração de seguros.
Serviço – Canais de atendimento e apoio
Para quem foi atingido pelo tornado no Paraná e possui seguros ou contratos com as instituições citadas:
-
Caixa Seguridade / Caixa Residencial
-
Habitação & Residencial: 0800 722 4923
-
Assistências: 0800 722 4926
-
WhatsApp Residencial: (11) 99506-9519
-
-
Caixa Vida e Previdência
-
Sinistros: 0800 722 2492
-
-
Caixa Assistência (Rapidex)
-
0800 775 4085
-
WhatsApp: +55 800 770 5356
-
Site: rapidexcaixa.com.br
-
-
MAPFRE
-
WhatsApp: (11) 4004-0101
-
0800 775 4545
-
-
Tokio Marine
-
0800 31 86546
-
SuperApp, WhatsApp, chat online e demais canais digitais da seguradora
-
-
Sicredi – apoio a Rio Bonito do Iguaçu
-
Campanhas e canais de apoio são divulgados no perfil oficial @sicredi e nos canais da Sicredi Grandes Lagos PR/SP.
-
