O teto de um restaurante associado a um famoso chef brasileiro (conhecido por atuar como jurado em reality shows culinários) desabou após uma explosão, no centro de São Paulo, nesta quarta-feira (08 de outubro). O incidente resultou em pelo menos uma morte e sete feridos, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros. As autoridades chegaram a apontar um possível vazamento de gás como causa da explosão que precipitou o desabamento.
Meses antes, em maio, um caso semelhante ocorreu em Curitiba: parte do teto de um tradicional restaurante desabou durante um temporal, felizmente sem deixar vítimas. Tragédias e acidentes desse tipo chamam a atenção para os riscos presentes na operação de restaurantes e reforçam a necessidade de medidas de prevenção de acidentes e de seguros adequados para proteger empreendedores, funcionários e clientes.
Riscos e acidentes comuns no setor de restaurantes
Restaurantes são negócios sujeitos a uma variedade de riscos inerentes à sua operação. Na cozinha, lida-se diariamente com fogo, altas temperaturas, gás e equipamentos elétricos de alta potência, o que eleva a chance de ocorrências como incêndios e explosões. De fato, especialistas confirmam que, no espaço físico de um restaurante, o risco mais comum é o de incêndio, muitas vezes causado por vazamento de gás ou falha na rede elétrica. Embora a segurança nos restaurantes modernos tenha evoluído – com tecnologias como detectores de gás e sistemas de exaustão avançados – a falta de manutenção preventiva ainda é apontada como fator em muitos incidentes desse tipo. Ou seja, mesmo com instalações mais seguras hoje em dia, falhas de manutenção em equipamentos, tubulações de gás ou sistemas elétricos podem levar a acidentes graves.
Além do fogo e das explosões, desmoronamentos ou colapsos estruturais (como nos casos citados do teto que desabou) são riscos a considerar – podendo ser desencadeados por problemas de construção, infiltrações não tratadas ou mesmo fenômenos climáticos extremos. Também não se pode ignorar os acidentes envolvendo clientes e funcionários no dia a dia. No salão de atendimento, um cliente pode tropeçar e cair, ou ter um pertence danificado dentro do estabelecimento.
Os números gerais de sinistros em estabelecimentos comerciais reforçam a dimensão do problema. O Brasil registrou 2.453 incêndios estruturais em 2024, o maior número desde 2017, representando um aumento de 10,4% em relação a 2023. Cada incêndio pode gerar perdas materiais irreparáveis e comprometer a continuidade da empresa, sobretudo se o negócio não estiver protegido financeiramente. Esse cenário deixa claro que donos de restaurantes – assim como de outros negócios – devem encarar seriamente a gestão de riscos e a proteção securitária, para evitar que um sinistro venha a causar danos humanos e prejuízos financeiros insuportáveis.
Seguros essenciais para proteger restaurantes e frequentadores
Diante de tantos riscos, vários tipos de seguros empresariais se mostram essenciais para restaurantes. Essas apólices podem mitigar o impacto financeiro de acidentes e, em muitos casos, auxiliar na prevenção. Entre os principais seguros recomendados para restaurantes, destacam-se:
Seguro Patrimonial (Multirrisco Empresarial)
Cobertura abrangente que protege o imóvel do restaurante, suas instalações, mobiliário e estoque contra eventos como incêndio, explosão, desabamento, queda de raio, danos elétricos, vendavais, alagamentos e outros desastres. Por exemplo, essa apólice indeniza os danos materiais causados ao prédio, equipamentos de cozinha e demais bens em caso de um incêndio ou explosão. Seguros patrimoniais voltados a restaurantes costumam cobrir desde curto-circuitos e oscilações na rede elétrica até quebra de vidros ou equipamentos, podendo incluir também roubo/furto de bens. Se o restaurante funciona em imóvel alugado, é possível segurar apenas o conteúdo interno (bens e mercadorias), garantindo que o negócio possa se recuperar mesmo que a estrutura física sofra danos.
Seguro de Responsabilidade Civil Operações (RC Geral)
Cobertura direcionada à proteção contra reclamações de terceiros – clientes, visitantes ou mesmo os vizinhos do estabelecimento – por danos materiais ou corporais ocorridos em decorrência da atividade do restaurante. Na prática, o seguro de RC cobre as indenizações e despesas legais caso o restaurante seja responsabilizado por acidentes com clientes (por exemplo, uma queda ou intoxicação alimentar) ou danos a propriedades de terceiros.
Seguro de Responsabilidade Civil Empregador (ou cobertura de acidentes de trabalho)
Complemento focado na proteção dos próprios funcionários do restaurante. Cobre despesas como custos médicos, odontológicos e indenizações em caso de acidentes de trabalho que atinjam a equipe dentro do estabelecimento. Embora os empregados formais já contem com amparo da previdência social em caso de acidente laboral, o seguro de RC Empregador vai além ao resguardar o empresário de processos e reparações adicionais se ficar comprovada alguma negligência na segurança do trabalho. Ou seja, funciona como uma rede extra de proteção financeira e jurídica para o empregador, garantindo assistência ao colaborador acidentado sem comprometer as finanças da empresa.
Seguro de Interrupção de Negócios (Lucros Cessantes)
Essa cobertura assegura que o restaurante consiga se manter caso precise parar de funcionar temporariamente em virtude de um sinistro coberto. O seguro de lucros cessantes compensa a perda de renda/faturamento durante o período em que as portas estiverem fechadas para reparos ou investigações após, por exemplo, um incêndio, inundação ou explosão. Algumas apólices também cobrem as despesas fixas que continuam ocorrendo mesmo com a empresa fechada (como salários, contas e aluguel) e até custos de reinstalação em um novo local, se for necessário realocar o restaurante. Essa garantia de fluxo de caixa é vital para que o negócio sobreviva ao período de crise e consiga reabrir sem ter acumulado dívidas insustentáveis.
Coberturas adicionais específicas
Além dos seguros principais acima, restaurantes podem (e devem) avaliar outros riscos particulares à sua operação e incluir coberturas adicionais conforme a necessidade. Por exemplo, seguro contra danos elétricos (protege equipamentos e aparelhos contra surtos ou curtos, evitando prejuízos com freezers, fornos e sistemas eletrônicos), cobertura de contaminação ou deterioração de mercadorias em câmara fria (indeniza a perda de alimentos estocados se houver uma falha de refrigeração prolongada), cobertura de desmoronamento (protege contra colapsos estruturais parciais ou totais, como no caso de um teto que desaba), cobertura de roubo ou furto de bens e mercadorias (reembolsa prejuízos em caso de invasões, assaltos ou arrastões) e cobertura de vendaval/inundações (garante indenização por danos causados por chuvas fortes, alagamentos, tempestades de vento e granizo, cada vez mais relevantes diante de eventos climáticos extremos).
Há ainda proteções voltadas para o serviço de delivery (cobrindo acidentes com entregadores ou extravio de mercadorias em trânsito) e fidelidade de empregados (que cobre perdas por furtos ou fraudes cometidas por funcionários). A escolha dessas coberturas extras deve ser guiada por uma análise dos riscos específicos do local, do histórico de incidentes na região e das características do estabelecimento.
Cada restaurante, portanto, deve montar um pacote de seguros sob medida, combinando coberturas básicas e adicionais conforme seu perfil de risco. Segundo orientam os especialistas, não é necessário contratar todas as coberturas existentes, mas sim estudar os riscos aos quais o restaurante está exposto e avaliar quais eventos poderiam efetivamente parar suas operações e por quanto tempo, para então escolher as apólices que garantam a continuidade do negócio. O investimento no seguro deve ser visto à luz do risco: se o prejuízo potencial de um sinistro é alto o suficiente para quebrar a empresa, então transferir esse risco para uma seguradora é uma decisão inteligente.
Gerenciamento de riscos e prevenção: o outro lado da moeda
Tão importante quanto ter seguros é adotar práticas de gerenciamento de riscos no dia a dia do restaurante, para prevenir acidentes antes que aconteçam. Seguros e prevenção andam de mãos dadas: muitas seguradoras inclusive auxiliam os clientes na redução de riscos, pois evitar o sinistro é benéfico para todas as partes. No processo de contratação de um seguro empresarial, é comum que seja feita uma avaliação detalhada do estabelecimento para identificar vulnerabilidades e perigos potenciais. Essa análise pode revelar, por exemplo, a necessidade de atualizar a rede de gás, instalar dispositivos de alarme ou melhorar saídas de emergência, levando o gestor a corrigir falhas antes que elas resultem em tragédia.
No caso de restaurantes, algumas medidas preventivas são praticamente obrigatórias. Sistemas de detecção de fumaça e vazamento de gás, extintores de incêndio adequados e em dia, sprinklers (chuveiros automáticos) e ventilação eficiente na cozinha são equipamentos básicos que reduzem drasticamente o risco de incêndios fora de controle.
Os seguradores frequentemente incentivam essas boas práticas de segurança. Algumas apólices empresariais incluem serviços de assistência técnica e manutenção preventiva, justamente para evitar ocorrências. Por exemplo, há planos de seguro que oferecem, sem custo adicional, vistoria e conserto em instalações elétricas e hidráulicas, manutenção de telhados, substituição de vidros e até serviços emergenciais de limpeza ou vigilância após algum incidente menor.
Ter esse suporte ajuda o empresário a corrigir pequenos problemas no dia a dia (um fio exposto, uma goteira, um curto em um equipamento) antes que se tornem grandes dores de cabeça ou causem interrupções nas atividades. Em outras palavras, o seguro moderno não atua apenas no ressarcimento pós-acidente, mas também como um parceiro na resiliência do negócio, provendo orientação e ferramentas para que o restaurante se mantenha seguro e funcionando.
Naturalmente, cumprir as normas de segurança e legislações vigentes faz parte do gerenciamento de riscos. Restaurantes precisam de alvarás e vistorias do Corpo de Bombeiros atualizados (o AVCB, Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, por exemplo, é obrigatório em muitas cidades) e devem treinar suas equipes em procedimentos de emergência. Itens simples como sinalização de saídas, iluminação de emergência, protocolos de ação em caso de princípio de incêndio ou vazamento e até o posicionamento correto de tapetes e mobiliário (para evitar quedas de clientes) são medidas que salvam vidas e evitam prejuízos.
A cultura de segurança deve permear a operação diariamente. Assim, quando aliado a esse conjunto de ações preventivas, o seguro cumpre sua função máxima: trazer tranquilidade ao empreendedor. Com a certeza de estar protegido financeiramente e de ter feito todo o possível para reduzir riscos, o dono do restaurante pode focar no que importa – oferecer um bom serviço – sem carregar sozinho o peso das incertezas.
Seguro de responsabilidade civil: indispensável para qualquer empreendedor
Se há uma lição que ultrapassa o caso dos restaurantes, é a importância universal do seguro de responsabilidade civil (RC) para quem empreende em qualquer segmento. Todo negócio, seja um restaurante, loja, academia ou escritório, está sujeito a eventualmente causar danos involuntários a terceiros – e isso pode gerar processos judiciais e custos expressivos. O seguro de RC funciona justamente como um escudo patrimonial do empreendedor nesses cenários. Ele cobre as despesas com advogados, acordos e indenizações até o limite contratado, evitando que uma infelicidade isolada acabe consumindo os bens da empresa ou do proprietário. Por preços geralmente acessíveis (há apólices gerais a partir de alguns centenas de reais por ano), é possível garantir essa tranquilidade.
Imagine, por exemplo, um pequeno comércio onde um cliente escorrega no piso molhado e se machuca seriamente, ou uma empresa de alimentos cuja falha em um produto cause alergia em um consumidor. Mesmo situações corriqueiras podem escalar – um cliente que processa um estabelecimento por ter sofrido uma queda ou acidente pode reivindicar indenizações altas. Nesses casos, contar apenas com a sorte ou com improviso é arriscado.
Em outra hipótese, citada por profissionais do setor, considere um cliente que sofre uma reação alérgica grave devido a um erro na cozinha ou um objeto decorativo que despenca e fere alguém durante a refeição. Sem um seguro, a empresa teria que arcar sozinha com custas judiciais, honorários e indenizações, o que poderia até levá-la à falência dependendo da gravidade. Com o seguro de responsabilidade civil, entretanto, esses custos são assumidos pela seguradora, dentro das condições da apólice – cobrindo desde os custos legais até potenciais indenizações necessárias. Assim, o empreendedor protege não só a vítima do acidente com uma resposta rápida, como também protege a si mesmo e ao futuro do seu negócio.
Eventos inesperados como o desabamento do teto de um restaurante ou um incêndio na cozinha nos lembram que gerenciar um negócio é também gerenciar riscos. Para os donos de restaurantes, isso significa investir em prevenção – via manutenção, treinamento e equipamentos de segurança – e em proteção financeira – através de seguros bem escolhidos. Os tipos de seguros abordados (patrimonial, responsabilidade civil, lucros cessantes, etc.) atuam em conjunto para garantir que, caso o pior aconteça, haja recursos para indenizar vítimas, reparar danos e retomar as operações o mais rápido possível. E mais que isso: ao exigir um olhar atento às vulnerabilidades do negócio, a contratação de um seguro acaba incentivando melhorias que podem prevenir os acidentes, criando um ciclo virtuoso de segurança.
Para quem empreende, especialmente em setores de risco como o gastronômico, estar segurado e adotar práticas de gestão de risco não é apenas prudência – é uma demonstração de responsabilidade com clientes, funcionários e consigo mesmo, garantindo a perenidade do empreendimento diante das adversidades.