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Transformações no mercado médico: tecnologia, custos e profissionalização da gestão

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Artigo escrito por Matheus Reis, CEO da Back4You

Meados de 2010. A ideia de um médico usar o celular para acessar prontuários, agendar consultas online ou acompanhar em tempo real o fluxo financeiro da sua clínica ainda parecia distante. A tecnologia estava presente, mas de forma tímida – softwares lentos, recepcionistas lidando com pilhas de papel e profissionais da saúde acumulando funções que iam do atendimento ao paciente à administração do consultório.

Não era raro ver um médico anotando horários em uma agenda física, organizando exames em pastas de plástico ou tentando entender sozinho por que os custos da clínica estavam subindo tanto. Gestão? Só se fosse a de tempo entre um plantão e outro.

Mas muita coisa mudou e em tempo recorde. O mercado médico tem passado por transformações significativas nos últimos anos, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças no comportamento do paciente e a crescente necessidade de uma gestão mais profissionalizada. 

De repente, tudo ficou digital. A pandemia acelerou uma tendência que já estava em gestação: clínicas e consultórios passaram a integrar plataformas, automatizar agendamentos, oferecer teleconsultas e, principalmente, operar com dados.

Hoje, o prontuário eletrônico não é mais diferencial,  é o mínimo. Ferramentas de prescrição digital, lembretes automáticos de consulta via WhatsApp, dashboards financeiros em tempo real e soluções de relacionamento com pacientes entraram de vez no dia a dia da prática médica.

É claro que a medicina continua sendo, acima de tudo, ciência e cuidado. Mas ignorar a tecnologia virou risco – para o paciente e para o negócio.

Com a profissionalização, vieram também os custos e eles não param de crescer. Estruturar uma clínica moderna hoje exige investimentos em infraestrutura, tecnologia, marketing digital e equipe qualificada. E os números impressionam.

Segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar os custos assistenciais com saúde privada cresceram 15,1% em 12 meses, muito acima da inflação, refletindo não apenas reajustes de preços, mas também maior demanda por serviços e complexidade da operação.
Além dos custos com pessoal, aluguel e sistemas, clínicas precisam lidar com insumos caros, exigências regulatórias e a pressão por excelência na experiência do paciente. Em consultórios mais estruturados, os gastos mensais podem facilmente ultrapassar
30% da receita, especialmente em grandes centros urbanos.

Além disso, o paciente atual é exigente, conectado e informado. Espera conforto, agilidade e uma experiência fluida, pressionando ainda mais os investimentos.

Até pouco tempo atrás, a carreira médica seguia um caminho quase automático: formação, residência, consultório. A gestão ficava em segundo plano. Hoje, essa lógica está mudando.

Cada vez mais, médicos entendem que atender bem é apenas uma parte da equação. É preciso pensar como empreendedor: entender de fluxo de caixa, margem de lucro, aquisição de clientes, marca pessoal e experiência do usuário.

Cursos de gestão voltados para profissionais da saúde, consultorias especializadas e ferramentas de apoio tributário, financeiro e administrativo se tornaram comuns — e, em muitos casos, indispensáveis.

A figura do médico-gestor passou a ocupar espaço nos congressos, nas redes sociais e, principalmente, nos resultados financeiros das clínicas que crescem.

Claro, a essência da medicina continua sendo o cuidado com as pessoas. Mas para cuidar bem, é preciso ter estrutura e, para ter estrutura, é preciso gerir com inteligência.

Hoje, a diferença entre uma clínica que cresce e uma que fecha está muitas vezes fora do consultório: na escolha dos fornecedores, no modelo de remuneração, na eficiência do atendimento, no controle de custos e até no posicionamento digital.

Em tempos de alto custo, concorrência acirrada e pacientes cada vez mais conectados, o futuro da medicina está na interseção entre excelência clínica, visão de negócios e domínio tecnológico.

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