Transição para economia de baixo carbono pode adicionar até R$ 465 bilhões ao PIB brasileiro e gerar 1,9 milhão de empregos, aponta estudo Itaú e FGV

Foto por: Yohan Marion/ Unsplash Images
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Levantamento mostra que a descarbonização e aumento da resiliência trazem ganhos econômicos e produtivos relevantes para o país e para as empresas, reforçando o papel do sistema financeiro como catalisador dessa transição

O Itaú Unibanco, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), elaborou o estudo “Benefícios da Transição para uma Economia de Baixo Carbono”, que demonstra como o Brasil pode transformar os desafios da descarbonização em oportunidades concretas de crescimento econômico, inovação e geração de empregos.

O levantamento, desenvolvido pela equipe técnica da FGV, mostra que a expansão das fontes renováveis de energia pode mobilizar R$ 295 bilhões em investimentos e gerar um impacto positivo de R$ 337 a R$ 465 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, além da criação de 1,2 a 1,9 milhão de empregos no período – o equivalente a 4% do PIB de um ano e 4,1% do estoque de emprego formal de 2024. Cada R$ 1 investido em energia renovável pode gerar até R$ 1,57 de retorno na economia, com destaque para a geração de empregos qualificados e o fortalecimento de fornecedores nacionais.

O estudo aponta que os setores de energia e agropecuária apresentam potenciais de ganhos. No caso das energias renováveis, cada US$ 1 milhão investido pode gerar até 25 empregos diretos e indiretos, com efeitos positivos sobre fornecedores nacionais e economias regionais. Já na agricultura, soluções de adaptação tecnológica – como sementes mais resistentes e ampliação de técnicas de agricultura de precisão – podem evitar perdas econômicas de até R$ 61 bilhões por ano nas principais culturas do país.

“O estudo reforça que a transição para uma economia de baixo carbono pode transformar desafios ambientais em oportunidades concretas de inovação, crescimento econômico e geração de empregos para o país. O sistema financeiro, especialmente, está comprometido em apoiar clientes e parceiros com soluções financeiras inovadoras e consultoria especializada, para que avancem de forma segura e rentável nessa jornada. No Itaú, assumimos o compromisso de sermos o banco da transição econômica, ajudando o Brasil a liderar o desenvolvimento de uma economia mais verde, inclusiva e resiliente”, afirma Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

/Divulgação

Brasil em posição estratégica

O Brasil, segundo o estudo, é uma das economias mais bem posicionadas do mundo para liderar a transição para o baixo carbono, com 88% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis (hidrelétrica, eólica, solar e biomassa) e forte base agroambiental. Essas condições estruturais permitem que o país amplie a independência energética, reduza riscos climáticos e fortaleça setores de alto potencial competitivo, como energia, transporte, agropecuária, siderurgia e construção civil.

De acordo com a FGV, a descarbonização pode aumentar a segurança energética nacional, reduzir custos operacionais, ampliar o acesso a capitais sustentáveis e gerar empregos qualificados. O estudo também ressalta que a transição energética e o uso sustentável do solo são vetores complementares da transição econômica, capazes de fortalecer a bioeconomia e o desenvolvimento regional, sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste.

“Ao reunir dados detalhados, análises empíricas e simulações econômicas, o estudo demonstra que a agenda climática de mitigação e adaptação deve ser encarada como um caminho estratégico para impulsionar a prosperidade do Brasil, gerando benefícios concretos para a sociedade e para o desenvolvimento sustentável do país”, destaca Daniel da Mata, coordenador do estudo e professor da FGV.

A expansão de usinas solares e eólicas no Brasil, especialmente em regiões como o Nordeste, por exemplo, gera eletricidade limpa a custos competitivos. Isso reduz custos operacionais, aumenta a segurança energética e cria empregos locais qualificados. Na esfera agrícola, a adoção de sistemas integrados, como a Integração da Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – que combina culturas agrícolas, criação de animais e espécies arbóreas em rotação ou consórcio –, aumenta a produtividade, sequestra carbono no solo e na biomassa, reduz emissões e melhora a resiliência do sistema produtivo. Outro exemplo vem do setor de cimento brasileiro, que já utiliza substitutos ao clínquer para reduzir as emissões de CO2 na produção, o que valoriza os resíduos industriais e reduz custos regulatórios.

“Nosso papel é viabilizar financeiramente a transição, conectando o setor produtivo à nova economia de baixo carbono. Queremos catalisar o desenvolvimento de soluções que unam crescimento econômico, inovação e sustentabilidade”, conclui Luciana Nicola.

Metodologia do estudo

O estudo foi conduzido pela FGV, sob coordenação dos economistas Daniel da Mata e Joelson Sampaio, e baseia-se em uma combinação de análise setorial, modelagem econométrica e projeções de impacto derivadas da metodologia Insumo-Produto, amplamente utilizada para mensurar efeitos multiplicadores de investimento sobre o PIB e o emprego.

Para mensurar os efeitos da mitigação, a FGV analisou o setor de energia renovável, utilizando dados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034 e 2035) e estimativas de investimentos em solar, eólica, biomassa e biocombustíveis. O modelo indicou que cada real investido nesses setores gera entre R$ 1,14 e R$ 1,57 de retorno na economia, com alta intensidade de geração de empregos e participação de fornecedores nacionais.

Já os efeitos de adaptação foram avaliados no setor agrícola, a partir de modelagens econométricas de dados em painel que relacionam produtividade das culturas (como milho, soja, arroz e café) às projeções de temperatura.

A abordagem metodológica permitiu quantificar de forma inédita os ganhos econômicos e sociais da ação climática, comprovando que a transição para uma economia de baixo carbono gera crescimento, reduz vulnerabilidades e amplia a competitividade do país.

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