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Trigo tropical: como o Mapa e a Embrapa trabalham para aumentar a produção do cereal no Brasil

Trigo tropical: como o Mapa e a Embrapa trabalham para aumentar a produção do cereal no Brasil / Foto: Jonathan Borba / Unsplash Images
Foto: Jonathan Borba / Unsplash Images

De acordo com a Secretária de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), nos últimos anos, o Brasil exportou mais de US$ 1,3 bilhão de trigo

Ele é amarelinho, comprido, com folhas finas e cresce em conjunto com o joio, mas a diferença é que o trigo é a base para diversos alimentos. Também faz parte do início da agricultura juntamente com a cevada e tem um dia especial para chamar só de seu. Nesta sexta-feira (10), é comemorado o Dia Nacional do Trigo.

De acordo com o livro especial em comemoração aos 50 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o trigo surgiu há mais de 10 mil anos no Oeste da Ásia. O seu consumo era inicialmente diferente, o grão era torrado no fogo ou triturado e cozido.

Hoje, ele é a base para diversos alimentos, é um carboidrato, mas em sua composição existem proteínas, gordura, fibras e minerais. Mas também serve para fazer ração e etanol.

Segundo a Embrapa Trigo, o cereal foi introduzido ao Brasil pelos portugueses em meados do século 16, mas se intensificou com a vinda de imigrantes da Itália e Alemanha no final do século 18 na região Sul do país. Isso fez com que a região se tornasse a maior produtora, com mais de 92% de área de cultivo.

Neste ano, estima-se que os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul produzam mais de 8,3 mil toneladas de trigo. Seguido da região Sudeste, com a estimativa de mais de 800 toneladas, e Centro Oeste com mais de 406 toneladas.

O diretor de comercialização da Secretaria de Políticas Agrícolas (SPA), Silvio Farnese, afirma que a cultura do trigo no Brasil é de extrema importância, principalmente na região Sul, pois “é o plantio da safra de inverno que vem complementar as lavouras de verão”, destaca ele.

O 2º Levantamento de Safras de Grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima que em 2023 o país produza mais de 9,6 mil toneladas de trigo em mais de 3,4 mil hectares, com um aumento de 12% em comparação à safra de 2022.

Como forma de aumentar a produtividade e a produção do trigo no Brasil fora da região Sul, começou-se na década de 1920 a tropicalização do trigo no Cerrado. E se intensificaram na década de 80 após a criação da Embrapa, onde os pesquisadores se aprofundaram em desenvolver cultivares e sistemas de produção de tecnologias para o cultivo do cereal para as regiões Centro Oeste, Nordeste e Sudeste.

Atualmente, o trigo tropical é cultivado nos biomas do Cerrado e da Mata Atlântica em mais de 400 mil hectares nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, além do Distrito Federal.

A Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) afirma que as cultivares de trigo tropical são opções tecnológicas que oferecem ao produtor sementes selecionadas, mais produtivas, com maior tolerância a pragas e doenças e adaptadas às diversas condições edafoclimáticas das diferentes regiões brasileiras.

Para embasar as escolhas destas opções de cultivares, o setor produtivo brasileiro pode ainda contar com o serviço de Zoneamento Agrícola de Risco Climático, disponibilizado pelo Mapa, que contempla a indicação dos períodos favoráveis para semeadura em cada município e estado, conforme monitoramento climático em tempo real.

Para o diretor substituto de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e de Indicações Geográficas, Clecivaldo Ribeiro, as cultivares desenvolvidas para oferecer maior valor nutricional para alimentação animal tem permitido também aos sistemas de produção de pecuária a opção do cultivo de trigo para produção de feno e de silagem. “Inclusive com valores proteicos superiores aos verificados em silagens de milho, levando os citados benefícios de sustentabilidade inerentes da cultura do trigo a outros setores da agropecuária brasileira”, disse ele.

O Ministério trabalha juntamente com a Embrapa para o crescimento da cultura no país. Em 2022, o Mapa aprovou o Termo de Execução Descentralizada ou TED do Trigo Tropical com o objetivo de disponibilizar recursos financeiros suportar ações da Embrapa e parceiros voltadas à transferência de tecnologias, organização do setor sementeiro, combate à brusone, estudos de prospecção, zoneamento agrícola, apoio à governança da cadeia produtiva e divulgação.

Além disso, os recursos também permitirão o fortalecimento do Núcleo Avançado de Trigo Tropical da Embrapa em Uberaba (MG), para o desenvolvimento de pesquisas para o melhoramento genético e aproximação com o setor produtivo, científico e agroindustrial.

O Cerrado se transformou em uma fronteira agrícola do país, tornando-se uma das maiores regiões produtoras de grãos no Brasil, como a produção de soja e algodão. O bioma ocupa aproximadamente 204 milhões de hectares e abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de partes no Amapá, Roraima e Amazonas.

Ainda de acordo com a Embrapa Trigo, a área propícia ao cultivo de trigo no Cerrado é estimada em 4 milhões de hectares, sendo 1,5 milhões disponíveis para o cultivo irrigado e 2,5 milhões para cultivo de sequeiro.

Exportações e recursos disponibilizados ao setor

De acordo com a Secretária de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), nos últimos anos, o Brasil exportou mais de US$ 1,3 bilhões de trigo. Em 2022 foram exportados mais de US$ 965,82 milhões, em que o Brasil ocupou o décimo lugar entre os principais exportadores mundiais de trigo. De janeiro a setembro de 2023, já foram exportados mais de US$ 659 milhões.

Os principais importadores mundiais de trigo brasileiro em 2022 foram a Arábia Saudita (US$ 195,87 milhões), Indonésia (US$ 190,07 milhões), Vietnã (US$ 115,87 milhões), África do Sul (US$ 104,79 milhões) e Marrocos (US$ 101,36 milhões). Além disso, atualmente, o Brasil ocupa a decima segunda posição de países importadores do cereal.

Farnese destaca que o trabalho do Mapa juntamente com a Embrapa no desenvolvimento de tecnologias para a triticultura permite que cada vez mais se tenha produções mais eficientes, permitindo ainda mais a exportação e a diminuição da importação brasileira.

Além do TED do Trigo Tropical, o Mapa trabalha para aumentar a produtividade do setor no país. Como por exemplo, os leilões de apoio à comercialização e ao escoamento de trigo por meio das operações feitas por intermédio do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa (Pepro) e do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), operacionalizadas pela Conab.

O Mapa em conjunto com o ministério da Fazenda, do Planejamento e Orçamento e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar destinaram R$ 400 milhões para subvenção econômica, na forma de equalização de preços, para o trigo em grãos, da safra 2023/2024. O apoio à comercialização por meio pretende estimular a cadeia produtiva nacional do trigo, estabilizando o mercado e garantindo renda ao produtor rural, objetivos centrais da Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM).

O primeiro leilão foi realizado no dia 31 de outubro pela Conab, onde foram negociadas 199,85 mil toneladas, o que corresponde a 64% do total disponibilizado, isto é, 309,6 mil toneladas. O segundo leilão foi realizado na última terça-feira (7) pela Conab, em que 160 mil toneladas de trigo foram negociadas. A próxima rodada de negociação irá ocorrer no dia 14 de novembro.

O diretor de comercialização ressalta que neste dia especial, é importante apresentar que este cereal que tem um papel fundamental na alimentação do brasileiro. “Todo dia nós temos o nosso cafezinho e nosso pãozinho de trigo, por isso, aproveito para parabenizar aos triticultores, temos grande consideração ao trabalho que o fazem”, diz ele.

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