Após o boom das fintech, o acesso ao crédito está mais fácil, mas aproveitar este recurso e evitar um endividamento é um grande desafio
O uso consciente do crédito é uma habilidade essencial para alcançar a estabilidade financeira. Ao compreender o crédito, avaliar necessidades, planejar, escolher adequadamente e gerenciar responsavelmente, as pessoas podem usar o crédito como uma ferramenta para impulsionar seus objetivos financeiros, em vez de se tornarem vítimas de uma dívida insustentável.
Ainda que em trajetória de queda pelo quinto mês consecutivo, o endividamento alcança cerca de 76,6% das famílias brasileiras, que têm dívidas a vencer em cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e da casa, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Rafael Seixas, economista e CFO da Konsi, app de soluções financeiras que viabiliza análises e redução das taxas de juros de empréstimos consignados, explica que o crédito pode ser utilizado de várias formas inteligentes. “A primeira é alongando a dívida e reduzindo a parcela para que o orçamento fique mais adequado a realidade financeira atual, mas a melhor solução para quem já está endividado é tentar trocar uma dívida mais cara por uma mais barata, recorrendo a um crédito com menor juros, quitando a dívida antiga e permanecendo com a nova que possui menos encargo”, explica.
Para ter acesso a juros mais favoráveis, o especialista ressalta a importância de manter um histórico de bom pagador, mantendo os pagamentos em dia e evitando dívidas em atraso, que contribuem para uma pontuação de crédito positiva. Isso não apenas facilita a obtenção de crédito futuro, mas muitas vezes resulta em taxas de juros menores, porque o risco de inadimplência também é menor.
Avaliação da Necessidade de Crédito
Antes de solicitar crédito, é crucial avaliar se é realmente necessário. Questões como “Posso adiar essa compra?” ou “Existe uma alternativa mais econômica?” são fundamentais. O uso consciente do crédito envolve a compreensão de que nem todas as despesas precisam ser financiadas.
“Um orçamento sólido é a base para o uso consciente do crédito. As pessoas precisam conhecer seus ganhos, gastos e metas financeiras. Planejar antecipadamente ajuda a evitar o endividamento excessivo e fazer escolhas financeiras mais coerentes. Os principais critérios a serem avaliados são: as taxas de juros e demais encargos; se a parcela cabe no orçamento e se a modalidade de crédito contratada é a ideal. Taxas mais altas devem ter prazos menores”, complementa o economista.
Cada tipo de crédito possui suas próprias características. Cartões de crédito são convenientes, mas requerem disciplina para evitar juros elevados. Empréstimos pessoais oferecem uma quantia fixa, enquanto financiamentos podem ser ideais para a compra de bens duráveis.
“Os cartões de crédito são uma boa ferramenta, mas devem ser usados com responsabilidade. Pagar o valor total da fatura evita juros, enquanto o pagamento mínimo pode resultar em dívidas crescentes. Acompanhar quanto está gastando regularmente é essencial para garantir que terá o valor total para pagar a fatura no mês seguinte. A educação financeira é a chave para uma vida financeira equilibrada e próspera.” finaliza Rafael.