Considerado como epidemia global, o tabagismo é a causa da morte de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo
Além de favorecer o aparecimento de doenças periodontais, uma inflamação da gengiva, o tabagismo é um dos principais fatores de risco para o surgimento do câncer da cavidade oral, que ocupa a oitava posição entre os 10 tipos mais incidentes no Brasil, de acordo com o INCA. A estimativa é que surjam mais de 15 mil casos por ano no triênio de 2023-2025, com prevalência em homens.
O tabaco é tão nocivo à saúde que é considerado uma epidemia global pela OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). No entanto, uma nova preocupação tem ganhado destaque: os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), mais conhecidos como ‘vapes’. Embora disponíveis em diversos modelos, sua comercialização é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“A presença de nicotina e metais pesados vaporizados por esses dispositivos causa os mesmos efeitos adversos do cigarro comum”, alerta Felipe Augusto Silva de Oliveira, cirurgião-dentista da Clínica Omint Odonto e Estética. Ele enfatiza, ainda, que novos estudos devem surgir para evidenciar os malefícios a longo prazo, pois os DEFs são produtos relativamente recentes.
O especialista explica que o cigarro e os elementos químicos presentes nos ‘vapes’ podem ocasionar diversos malefícios à saúde bucal. “A fumaça e as substâncias elevam a temperatura da boca, diminuindo a produção de saliva e favorecendo o acúmulo de placa bacteriana. Além disso, manchas nos dentes e a halitose também são danos decorrentes do hábito de fumar”, comenta.
Quando a utilização de tabaco está relacionada aos maus hábitos de higiene, pode ocorrer a redução da resposta imunológica, o que pode estabelecer ou agravar doenças periodontais. “A vasoconstrição local causada pelo ato de fumar pode, por exemplo, esconder o primeiro sinal da doença periodontal, que é o sangramento gengival”, explica o especialista.
Benefícios ao parar de fumar
A boa notícia é que é possível reverter os males causados por cigarros ou “vapes” ao parar de consumi-los. Da perspectiva da odontologia, Felipe Augusto esclarece que a saúde bucal pode ser recuperada depois de 10 anos a partir do último cigarro. “Após esse tempo, o ex-fumante passa a ter as mesmas condições de uma pessoa que nunca fumou”, finaliza.