As oscilações de temperatura aumentam os riscos de infecções respiratórias
Com a chegada do outono, as oscilações de temperatura e a redução da umidade do ar criam condições propícias para a proliferação de vírus e bactérias, aumentando significativamente os casos de doenças respiratórias como gripes, resfriados, bronquites, sinusites e rinites. Dados da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba indicam um aumento de 43% nos atendimentos respiratórios de crianças de zero a 12 anos em um único dia de março, comparado à média do mês anterior. Esse cenário é agravado pelas mudanças climáticas, que têm causado variações bruscas de temperatura, comprometendo o sistema imunológico e facilitando infecções.
Segundo a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino, a queda das temperaturas, a baixa umidade do ar e o aumento das aglomerações em ambientes fechados criam um cenário propício para a propagação de vírus e bactérias no outono. “O frio favorece o ressecamento das vias aéreas, tornando o organismo mais vulnerável às infecções, sendo que doenças respiratórias como gripes, resfriados, bronquites, sinusites, rinites e pneumonias se intensificam nessa época do ano, afetando principalmente crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Por isso, manter hábitos saudáveis como se alimentar de forma saudável, praticar atividades físicas, evitar aglomerações, dormir bem e manter a vacinação em dia são formas mais eficazes de evitar complicações”, afirma.
Elisa explica que doenças respiratórias como pneumonia, asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) estão entre as principais causas de internação no Brasil, que segundo dados do DATASUS, acometem mais de 1 milhão de internações por ano. “Estamos vendo doenças que já estavam controladas, voltarem a circular. Isso é extremamente preocupante. Além disso, infecções respiratórias como COVID-19, Influenza e meningites tendem a se agravar nos meses mais frios, quando as pessoas permanecem mais tempo em ambientes fechados e mal ventilados, condições ideais para a propagação de vírus e bactérias. A vacinação continua sendo a forma mais eficaz de proteger a população, não apenas contra doenças graves, mas também contra a sobrecarga do sistema de saúde. Cada pessoa imunizada ajuda a criar uma barreira coletiva que reduz a circulação dos agentes infecciosos”, explica.
Vacinação fundamentais para os dias mais frios
Influenza (Gripe)
A vacina contra a gripe deve ser aplicada anualmente em todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade, pois o vírus sofre constantes mutações e a imunização tem validade de aproximadamente um ano. A gripe é altamente contagiosa e pode causar complicações sérias, como pneumonia, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Na rede privada, está disponível a versão quadrivalente da vacina, que oferece proteção ampliada contra quatro cepas do vírus Influenza: dois tipos A (H1N1 e H3N2) e dois tipos B (linhagens Victoria e Yamagata). Essa vacina é indicada principalmente para pessoas com mais de 60 anos, mas pode ser recomendada a outros grupos conforme avaliação médica.
Pneumocócica Conjugada 13, 15 ou 20
Oferece proteção contra as principais formas graves de infecções causadas por 13, 15 ou 20 tipos de pneumococos, como pneumonia, meningite e otite em crianças. É recomendada em dose única para crianças a partir de 2 anos, adolescentes e adultos com comorbidades que indiquem a necessidade da imunização e que ainda não tenham recebido a vacina. Em determinados casos, pode ser necessário administrar duas doses com intervalo de dois meses. Nesses casos específicos, a imunização pode ser reforçada com a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23).
Meningite ACWY e Meningite B
Trata-se de uma enfermidade grave, que costuma se apresentar principalmente sob a forma de meningite ou infecção generalizada (sepse). Sua evolução é rápida e pode causar complicações severas, incluindo sequelas permanentes e risco elevado de morte. Por esse motivo, especialistas em pediatria recomendam a vacinação de crianças de até 5 anos, que estão entre os grupos mais suscetíveis, embora a doença também possa afetar adolescentes e adultos.
COVID-19 (dose de reforço)
O Ministério da Saúde orienta a aplicação de doses de reforço da vacina contra a COVID-19, principalmente em idosos, pessoas imunocomprometidas e indivíduos com comorbidades. A atualização do esquema vacinal é fundamental para manter a proteção contra as variantes do vírus que continuam circulando, inclusive com potencial de causar surtos sazonais.
A aplicação do reforço durante o outono é estratégica, pois garante níveis elevados de anticorpos nos meses seguintes, justamente quando as temperaturas caem e o risco de transmissão aumenta, sobretudo em ambientes fechados. A imunização, além de evitar quadros graves e internações, contribui para frear a disseminação do vírus na comunidade.