Crescimento ocorre após dois meses de baixa; O macrossetor de Bens Não Duráveis conseguiu compensar as quedas de Serviços e Bens Duráveis
As vendas no Varejo em junho de 2023 cresceram 0,3%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2022, aponta o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o crescimento foi de 1,8%.
De forma geral, o mês foi beneficiado por efeitos de calendário. Ao comparar com o mesmo mês do ano passado, junho teve uma sexta-feira a mais e uma quarta-feira a menos em 2023. Tradicionalmente, a sexta-feira é um dia mais forte para o Varejo.
O macrossetor de Bens Não Duráveis foi o único que cresceu no mês, com desempenho de 3,8%. Postos de Combustíveis e Supermercados e Hipermercados estão entre os segmentos que mais colaboraram para o resultado.
O macrossetor de Bens Duráveis e Semiduráveis caiu 4,6%. O segmento de Materiais para Construção Esportivos foi o que apresentou a maior queda do macrossetor, seguido de Vestuário e Artigos Esportivos.
O macrossetor de Serviços também teve queda, de 2,2%. Neste caso, o segmento que mais contribuiu para o resultado negativo foi Bares e Restaurantes.
“Após dois meses de queda do Varejo, o macrossetor de Bens Não Duráveis ajudou a impulsionar o resultado para um patamar positivo. Porém, é importante ressaltar que o macrossetor de Bens Duráveis e Semiduráveis, o principal responsável pelas quedas de abril e maio, ainda apresentou uma retração de 4,6%”, afirma Carlos Alves, vice-presidente de Produtos e Tecnologia da Cielo. “Um dos setores que mais contribuíram para essa queda foi o de Materiais de Construção, que, após crescimentos mensais acentuados durante o período de quarentena, entre 2020 e 2021, tem apresentado resultados negativos consecutivos nos últimos dois anos”.
Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, apontou queda de 0,08% em junho. O índice acumulado nos últimos 12 meses ficou em 3,16%. Segundo o IBGE, a queda teve influência do recuo do grupo de alimentação e de transportes. O índice teve sua menor variação para o mês de junho desde 2017.
Ao ponderar o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em junho foi de 1,5%, com desaceleração em relação ao índice registrado no mês anterior.
Regiões
De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a junho de 2022 foram: Nordeste (+3,1%), Norte (-0,4 %), Sudeste (-1,0%), Sul (-1,4%) e Centro-Oeste (-2,7%).
Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados de cada região foram: Nordeste (+2,7%), Sudeste (+1,3%), Norte (-0,5%), Sul (-0,6%) e Centro Oeste (-2,0%).
Vendas no segundo trimestre de 2023
As vendas no 2º trimestre de 2023 caíram 1,8%, já descontada a inflação, em relação ao mesmo trimestre de 2022.
Em termos nominais, houve crescimento: 1,0%.
Faturamento do Varejo no semestre
Já descontada a inflação, as vendas no 1º semestre de 2023 não apresentaram variação em relação ao mesmo semestre em 2022.
Em termos nominais, o faturamento do Varejo subiu 5,1%.
“No acumulado do primeiro semestre de 2023, sem considerar a inflação, o Varejo não cresceu. O único macrossetor que apresentou crescimento real foi o de Bens Não Duráveis. É possível que isso esteja relacionado com um arrefecimento da inflação nos principais setores que compõem o macrossetor, como o de Supermercados e Hipermercados (2,9% nos últimos 12 meses). Quando comparamos com o setor de Bares e Restaurantes, dentro do macrossetor de Serviços, que apresentou queda neste semestre, a inflação acumulada está em 7,1%”, afirma Carlos Alves.
O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. Eles respondem por mais de 1 milhão de varejistas credenciados à companhia. O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência de Mercado da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.
Como é calculado
A unidade de Inteligência de Mercado da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento – como a variação de market share – e os da substituição de cheque e dinheiro no consumo. Dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
Entenda o Índice
- ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.
- ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator que é calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.
- ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.