A decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) de rejeitar a oferta de medicamentos como Ozempic, Wegovy e similares levantou questionamentos sobre os limites de financiamento da saúde pública no Brasil. Para Alessandro Acayaba de Toledo, presidente da ANAB – Associação Nacional das Administradoras de Benefícios, o caso expõe um dilema central: como equilibrar inovação terapêutica, acesso e sustentabilidade financeira.
Os remédios, indicados para tratamento de obesidade e diabetes tipo 2, tiveram eficácia clínica reconhecida, mas a incorporação foi negada devido ao alto impacto orçamentário, estimado em até R$ 7 bilhões em cinco anos. “A lógica por trás da negativa é simples: quando o custo de uma tecnologia cresce de forma desproporcional em relação aos benefícios e à capacidade de financiamento do sistema, cria-se um desequilíbrio estrutural”, afirmou Toledo.

Segundo o executivo, o setor de saúde suplementar enfrenta dilemas semelhantes. O aumento dos custos médicos e hospitalares provoca um efeito cascata: desequilíbrio financeiro dos contratos, reajustes elevados nas mensalidades e risco de exclusão de beneficiários, o que pressiona ainda mais o sistema público.
Para a ANAB, a lição que o episódio deixa é clara: a incorporação de novas tecnologias em saúde precisa ser acompanhada de análises realistas de custo-efetividade e impacto orçamentário. “Só assim garantiremos que os avanços da medicina não se tornem, paradoxalmente, uma ameaça à continuidade da assistência em saúde”, concluiu Toledo.