Especialista explica a gestão inteligente do vale-transporte e de outros benefícios ao priorizar o caixa da empresa e o engajamento dos trabalhadores
Nos últimos meses tem se discutido à volta aos escritórios e, mesmo com incertezas sobre o fim ou não do trabalho remoto, as companhias têm se preparado para lidar com essa tendência. As empresas de gestão de benefícios ao trabalhador até já se atentaram em oferecer assessoria para uma administração de contas nos cuidados com os caixas, devido ao retorno com maior adesão do vale-transporte, vale-refeição e, ainda, oferta de novos serviços que possam engajar os colaboradores no retorno ao presencial.
A demanda crescente do trabalho presencial já pode ser vista pela distribuidora Amazon, o Citigroup, Google, Blackrock, Chipotle Mexican Grill, Snap, Meta, Walt Disney e outras grandes marcas que foram alvo da imprensa nas últimas semanas, ao voltarem com a exigência de que os trabalhadores tenham mais frequência na participação física nos escritórios, durante a sua carga horária semanal.
“Alguns pontos devem ser considerados para essa tomada de decisão. As políticas de retorno ao trabalho presencial podem variar significativamente entre diferentes setores, por exemplo, o que funciona para uma empresa de tecnologia, como o Snap, pode não ser aplicável a outras, como a indústria de alimentação, representada pela Chipotle Mexican Grill. Embora as ações de grandes empresas possam servir de exemplo, cada organização deve criar sua estratégia de retorno com base em suas próprias circunstâncias, levando em consideração os aspectos específicos do ramo de atuação, dos colaboradores e da sua localização. A adaptação e a flexibilidade são essenciais para uma transição bem-sucedida”, é o que explica a especialista em RH da gestora de benefícios da RB Serviços, Gisele Andrade.
O estudo da consultoria de talentos, Robert Half, desenha bem o cenário em que as empresas têm se atentado de retorno ao office. No levantamento, são 59% das companhias que estão operando em modelo híbrido, sendo o maior número registrado no estudo, seguidos pelos 33% daquelas que cobram a presença do colaborador diariamente e, diferente dos últimos anos, a surpresa é que apenas 8% estão totalmente no regime home office.
Para Andrade, como medida de atração, a tendência é que as companhias ofereçam cada vez mais benefícios que atendam às necessidades específicas de cada colaborador, “Além dos mais convencionais como, por exemplo, o vale-transporte e o vale-refeição, outros podem ser oferecidos aos colaboradores e farão diferença para este momento de engajamento, no pós pandemia. Entre eles, os benefícios de saúde e bem-estar que incluam cobertura médica, odontológica, serviços de saúde mental e descontos em academias. A assistência à educação e desenvolvimento, ao apoiar o crescimento profissional dos colaboradores, com subsídios na educação, T&D e implementação de programas de mentorias para ajudar no desenvolvimento de carreira”, conta.
Atrair e reter talentos são razões de preocupações para as empresas. Então, se atentar cada vez mais nas necessidades de cada profissional, é um ponto indispensável, alinhado à boa gestão de benefícios corporativos que podem ser braço-direito em ajudar nesses anseios. Uma pesquisa de benefícios, que também foi elaborada pela consultoria de talentos, Robert Half, mostra que 40% das empresas realizaram mudanças em seus pacotes de incentivos ao longo do último ano, já que companhias e colaboradores têm convergido em suas expectativas. Um outro dado relevante e que fortalece a importância dos benefícios trabalhistas é o de que 97% dos empregados olham para os auxílios corporativos com muita atenção para aceitar, ou não, uma nova proposta de emprego.
Como voltar ao presencial?
Os últimos anos foram marcados por muitas incertezas, inseguranças e o papel do RH é garantir que a volta ao trabalho não seja mais um desses momentos. Algumas medidas ajudarão a empresa a criar um ambiente seguro e adaptável para o retorno presencial, considerando as preocupações de saúde e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal dos trabalhadores.
“É fundamental considerar a atual saúde física e mental dos colaboradores, as condições de segurança do espaço em relação à prevenção do contágio de COVID-19, estipulação de prazos, comunicação, questões jurídicas e trabalhistas. Mesmo que as decisões não sejam tomadas diretamente pelo time de recursos humanos, é importante acompanhar todo o processo”, explica a especialista em RH, da gestora de benefícios RB Serviços, Gisele Andrade.
Comunicação Transparente: é muito importante deixar claro, a todos os colaboradores, as políticas de retorno, certificar-se de que todos compreenderam as medidas de segurança implementadas e as expectativas em relação ao retorno ao trabalho presencial;
Opções Flexíveis: oferecer opções flexíveis de trabalho sempre que possível. Isso pode incluir a implementação de modelos de trabalho híbridos, que permitam os funcionários alternarem entre o trabalho presencial e o remoto;
Programas de Saúde e Bem-Estar: Forneça recursos para a saúde mental e bem-estar dos colaboradores, com programas de apoio psicológico e suporte à saúde física.
E a gestão dos benefícios?
As empresas que se preocupam com possíveis crises econômicas e financeiras, é importante fazer uma avaliação de novos mercados, buscando possibilidades de expandir o leque de serviços e a atuação para outras regiões. Esse é o momento de estreitar laços, investir em parcerias estratégicas que possam agregar valor ao negócio e cuidar da gestão criativa dos benefícios, como alerta a especialista.
- Observar o caixa da empresa a curto e longo prazo: é necessário que as empresas que desejam o retorno presencial façam um raio-x financeiro, para saber se, realmente, os custos de retorno não aumentarão ou implicarão repentinamente nos objetivos empresariais ao longo do trimestre, semestre e ano;
- Análise consistente que consiga prever a quantidade de colaboradores no retorno: na gestão de benefícios e outras demandas, é importante identificar se a volta de 80% ou 90% dos colaboradores pode afetar diretamente a administração da companhia. Sendo assim, uma alternativa é começar retornando de 40% do total de colaboradores, em sistema hibrido e, ao mesmo tempo, revezando com os outros 50% restantes. O retorno total, ou mais que parcial, pode danificar orçamentos – caso seja mal calculado;
- Solicitar auxílio da gestora de benefícios que presta serviços à sua companhia: as empresas devem fazer reuniões antecedendo a volta ao escritório. Ou seja, antes de indicar o retorno é necessário o alinhamento das perspectivas e análises de riscos, ao lado das gestoras de benefícios – já que essas possuem táticas voltadas às finanças, macroeconomia que calculam riscos e, ainda, criam programas inteligentes de execução;
- Gestão inteligente e tecnológica: buscar implementar, ao lado das gestoras de benefícios, as tecnologias que auxiliam na economia mensal do vale-transporte, sendo esse como um dos benefícios que mais atraem transtornos e, se bem-feitos, auxiliam em economia para as organizações;
- Roteirizar a ida e volta dos colaboradores para economizar tempo: identificar, de maneira personalizada, por meio de softwares capacitados, o trajeto de cada colaborador da casa para a empresa e da companhia para o seu lar, pensando que a melhor rota será benéfica na gestão de custos, tempo e, também, menos estresse e maior engajamento.
Neste momento de pós-pandemia, de possíveis crises econômicas e incertezas políticas, é necessário também, fazer com que as demissões sejam evitadas ao máximo, pois além de afetarem negativamente os colaboradores, podem gerar custos adicionais com rescisões contratuais e prejudicar a imagem da empresa. É importante buscar alternativas, como redução de jornada, banco de horas e férias coletivas.
A desaceleração econômica e as demissões em massa podem criar um ambiente de trabalho desafiador durante o retorno ao presencial. “A empresa deve estar ciente desses impactos e tomar medidas para apoiar os funcionários, manter uma comunicação aberta, adaptar suas políticas e benefícios para lidar com as mudanças econômicas e suas consequências’, finaliza Gisele Andrade.