Mamografia é o principal exame no rastreamento do câncer de mama a partir dos 40 anos
O câncer de mama é o segundo mais frequente entre as mulheres no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A mamografia desempenha um papel essencial no rastreamento da doença, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de tratamentos mais agressivos e custosos quando o tumor é detectado no estágio inicial. Dados indicam que 40% dos diagnósticos de câncer de mama em mulheres brasileiras ocorrem antes dos 50 anos e 22% das mortes pela doença também acontecem nesse grupo.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a projeção para o triênio 2023-2025 é de 73.610 novos casos de câncer de mama, com uma taxa de incidência de 41,89 casos por 100 mil brasileiras. Além do aumento no número de diagnósticos, os custos do tratamento também crescem significativamente nos casos de metástase. No setor privado, 17% das pacientes são diagnosticadas em estágios avançados, enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS), esse percentual sobe para 37%, reflexo da baixa adesão ao rastreamento, uma vez que apenas 30% das mulheres do país realizam a mamografia regularmente.
Diante desse cenário, a detecção precoce não só melhora as perspectivas individuais de tratamento, mas também tem impacto significativo na saúde pública. Além do desgaste físico e emocional das pacientes, os custos aumentam conforme a doença progride para estágios mais avançados, como nos casos de metástase. De acordo com o Observatório de Oncologia no Congresso Nacional de Mastologia, o custo do tratamento pode ser até 50% maior quando o tumor é identificado tardiamente, em comparação com diagnósticos precoces. Esses dados reforçam a importância do rastreamento e do acompanhamento médico regular, especialmente para mulheres com fatores de risco.
Segundo Fabiana Makdissi, Líder do Centro de Referência em Tumores de Mama do A.C. Camargo Cancer Center, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura. “Detectar o câncer de mama nas fases iniciais oferece uma perspectiva muito mais positiva de tratamento, com a taxa de cura podendo chegar a 98%, especialmente quando o tumor ainda está restrito ao local de origem”, afirma.
De acordo com o Observatório do Câncer, dos 13.385 casos de câncer de mama tratados no A.C. Camargo entre 2000 e 2020, 11,9% ocorreram em mulheres com menos de 40 anos. Dessas, 11% tinham câncer in situ, ou seja, o tumor estava restrito à mama e dentro do ducto – um tipo de câncer bem inicial – e geralmente só diagnosticado pela mamografia. “A mamografia continua sendo o exame mais eficaz para o rastreamento do câncer. Precisamos reforçar que, quando o diagnóstico ocorre em fases mais avançadas, o tratamento tende a ser mais complexo e prolongado, por isso, é fundamental incluir a mamografia na rotina anual de exames, especialmente a partir dos 40 anos”, reforça a especialista.
Mamografia com contraste: entenda a alternativa para a Ressonância Magnética
A mamografia continua sendo o principal método para a avaliação das mamas. Com os avanços tecnológicos surgiram alternativas como a tomossíntese e, mais recentemente, a mamografia com contraste, técnicas que aumentam a sensibilidade na análise das imagens, permitindo uma avaliação mais detalhada. No A.C. Camargo Cancer Center, essas tecnologias estão disponíveis, proporcionando um diagnóstico ainda mais preciso e contribuindo para a detecção precoce do câncer de mama.
Em caso de mamas densas, a mamografia tradicional pode ter mais dificuldade para detectar a doença. Nesses casos, a ressonância magnética costuma ser recomendada como exame complementar. “A mamografia pode causar incômodo em algumas pacientes, pois exige compressão das mamas para obter uma boa imagem. No entanto, dor é uma questão de sensibilidade pessoal, ou seja, algumas mulheres não sentem. Já para aquelas pacientes que que não sentem um desconforto na mamografia e precisam fazer ressonância magnética, mas sentem claustrofobia, elas podem usar a mamografia com contraste como uma boa alternativa para melhores resultados”, explica a especialista.