Levantamento feito pela plataforma MaisMei indica que uma parcela considerável de microempreendedores não consegue crédito por meios convencionais
Quase metade dos microempreendedores individuais (MEI) precisaram de empréstimos para alavancar ou sustentar o seu negócio no primeiro semestre deste ano. O percentual de 2023 (48,96%) está bem acima da faixa de 35% a 40% registrada em 2021, quando a economia ainda estava afetada pela pandemia. É o que demonstra a pesquisa realizada pela MaisMei, maior plataforma especializada na abertura e gestão de MEIs. O grande problema está no acesso aos recursos. De acordo com o levantamento, 40,55% dos participantes declararam ter solicitado um empréstimo e não conseguiram.
O principal motivo para não terem obtido o financiamento está na negativação do nome (46,84%). Outros 25,66% afirmam que o banco não justificou o motivo e 24,5% disseram que não conseguiram comprovar renda.
“A modalidade MEI está associada à praticidade e à desburocratização, por isso é voltada para pequenos empreendedores e profissionais autônomos que, normalmente, já possuem um faturamento limitado e pouco capital para investimentos. Por outro lado, nem sempre as instituições financeiras estão atentas às condições que favorecem esses quesitos”, ressalta Kályta Caetano, head de Contabilidade da MaisMei.
O levantamento ouviu 6.018 microempreendedores, de todo o Brasil, que afirmaram que conseguir um empréstimo é a segunda maior dor do seu negócio (apontada por 45,7%), atrás somente da necessidade de ampliação das vendas (63,66%). Destaca-se ainda o fato de 42,4% declararem que precisam ampliar seu limite do cartão de crédito.
Entre as saídas encontradas para o problema está recorrer a familiares e amigos, conforme 34,93% dos entrevistados. O percentual, entretanto, é bem menor do que os 56% registrados em 2021. Já os bancos tradicionais que, há dois anos, representavam 44% da busca por recursos, na pesquisa deste ano ficaram em 32,96%. Outros 19,6% afirmaram terem buscado empréstimos online.
Microcrédito produtivo
Uma alternativa mais acessível aos MEIs é o microcrédito, que é a concessão de empréstimos de pequeno valor a microempreendedores formais e informais, normalmente sem acesso ao sistema financeiro tradicional.
“Hoje é comum grandes bancos oferecerem microcrédito, porém o conceito não é o mesmo. O microcrédito das instituições comerciais tem um viés de consumo. É um CDC (Crédito Direto ao Consumidor) adaptado. Já o microcrédito produtivo, não se limita ao dinheiro, mas também à educação financeira dos tomadores”, afirma Claudia Cisneiros, Diretora Executiva do CEAPE Brasil (Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos), organização responsável pela implementação da metodologia do microcrédito produtivo orientado no Estado do Maranhão.
Kályta Caetano ressalta a importância da formalização nesses casos, mas lembra que uma vez regularizado o MEI deve evitar problemas como não enviar a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-SIMEI) no prazo correto, e a inadimplência, no caso da contribuição mensal (DAS). “Além de correr o risco de ter o CNPJ inativo, não estar em dia com a Receita Federal é um fator que dificulta justamente a solicitação de empréstimos”, explica.