Professor e mestre em Economia Política, André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, traz análises sobre os principais eventos econômicos da semana
Mercado espera pela aprovação do novo marco fiscal
Depois da vitória com folga na votação do regime de emergência para a votação do novo arcabouço fiscal (PLP nº93/2023), o governo agora espera que a proposta seja aprovada esta semana no Plenário da Câmara dos Deputados. A aprovação da matéria abre caminho para a discussão de outras pautas relevantes, como a primeira parte da reforma tributária. Além disso, também deve ser útil para que o governo avalie o tamanho da base parlamentar no Congresso Nacional. A aprovação do texto é propícia para que o real continue avançando sobre o dólar.
Índice de gerente de compras da Zona do Euro deve continuar apontando para baixo
A Europa começou o ano de 2023 em um ritmo relativamente melhor do que vinha sendo observado ao longo do 2º semestre de 2022. Os dados de produção industrial, consumo e investimentos mostraram acomodação em janeiro e fevereiro. Esse movimento, de relativa estabilidade, parece ter sido restrito apenas aos dois meses, uma vez que os principais indicadores do 2º bimestre voltaram a registrar perda de ritmo da economia europeia, sobretudo dos membros que integram a Zona do Euro.
Economia norte-americana segue em ritmo intenso apesar do esforço do Fed (banco central dos EUA) em frear a economia
Embora a economia dos Estados Unidos começou a desacelerar, é notório o recente ritmo da atividade econômica por lá. A primeira prévia do PIB frustrou o mercado ao apontar expansão de 1,1% quando a maioria dos analistas projetava um crescimento perto de 2%, e redução gradual dos números do mercado de trabalho em relação ao volume de vagas de empregos criadas mês após mês. No entanto, ao observar os últimos dados disponíveis, ainda é possível conjecturar que a maior economia do mundo ainda esteja em ritmo forte. Os números de produção industrial e vendas do comércio varejista, ambos relativos ao mês de abril, mostram que a economia se mantém aquecida em alguma medida. O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) deve mostrar um pouco dessa dinâmica no mês de maio e a segunda prévia do PIB pode vir ligeiramente acima do que foi captado pela primeira estimativa. Os números podem ser decisivos para a precificação de quando o Fed começará o ciclo de cortes de juros.
Inflação medida pelo PCE e segunda prévia do PIB dos EUA podem trazer alívio ao mercado de câmbio no Brasil
A próxima sexta-feira (28) será marcada pela divulgação do índice de preços com gastos de consumo pessoal nos Estados Unidos (PCE, da sigla em inglês). Segundo boa parte dos analistas, essa é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed). Se os números de abril vierem abaixo do consenso de mercado e a prévia do PIB reforçar o cenário de desaceleração da atividade econômica no 1º trimestre deste ano, o mercado de câmbio poderá favorecer as moedas não-conversíveis, como o real. Parte dessa leitura deriva do entendimento de que o Fed pode começar, de forma prematura, o seu ciclo de cortes na taxa de juros, considerando os riscos endêmicos aos quais está submetido o sistema financeiro norte-americano.
Combate à inflação segue na ordem do dia para o Banco Central do Brasil
A despeito da desaceleração do IPCA ao longo do 1º quadrimestre do ano e das sucessivas quedas da inflação em termos anuais, a persistência da inflação medida pelos núcleos deve fazer com que o Comitê de Política Monetária (Copom) continue jogando “parado” e mantenha a Selic nos atuais 13,75% por um período bastante distendido. O prognóstico é relativamente benigno, com os IGPs mostrando fortes deflações mensais. Essas deflações, hoje represadas na base da cadeia produtiva, podem ser repassadas, em alguma medida, ao consumidor final nos meses à frente, o que contribuiria para intensificar o processo de desinflação pelo qual o país já atravessa. O IPCA-15 do mês de maio ainda deve mostrar uma variação relevante da inflação doméstica. No entanto, os recentes cortes nos preços dos combustíveis devem ajudar a produzir variações menos agudas a partir do mês de junho.