Para diretora-geral da Morrow Sodali no Brasil, remuneração é um dos principais motivos que têm levado investidores a dar voto contrário a propostas de empresas listadas
Companhias de capital aberto vão precisar ser cada vez mais convincentes para justificar se a remuneração dos executivos e do conselho está alinhada com a performance dos negócios. O alerta é de Agnes Blanco Querido, diretora-geral da Morrow Sodali no Brasil, que nesta terça-feira (27/02) participa do lançamento da pesquisa Remuneração dos Administradores, promovida pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e que neste ano chega a sua 9ª edição.
A executiva estará acompanhada pelo consultor Joaquim Rubens, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), no debate que terá moderação de Luiz Martha, gerente de pesquisa e conteúdo do IBGC. O evento terá transmissão online pelo canal do Youtube do IBGC. Para participar, basta se inscrever pelo link.
Na visão da diretora-geral da Morrow Sodali, o tema remuneração voltará a dominar a próxima temporada de assembleias gerais ordinárias (AGO), que acontece entre março e abril. Segundo a executiva, investidores querem entender melhor a narrativa da remuneração, ou seja, o que e como está sendo pago, porque aumentou, qual a justificativa do aumento e quem de fato está recebendo.
Blanco Querido explica que essas justificativas nem sempre compõem os materiais de divulgação das companhias, uma vez que o disclosure não é exigido por lei ou instrução. A criação de políticas mais transparentes, entretanto, já vem sendo nos últimos anos uma exigência indispensável para as principais agencias globais de recomendação de voto (proxy voting),
A ISS (Institutional Shareholder Services), por exemplo, passou a recomendar, a partir deste mês de fevereiro, que acionistas rejeitem e passem a dar votos contrários na falta de transparência e boas justificativas para aumentos na remuneração de diretores estatutários, conselheiros de administração e conselheiros fiscais. A recomendação também é de voto contrário nos casos em que as práticas de remuneração não estiverem alinhadas ao plano de governança da companhia e ao desempenho de longo prazo e em que o retorno total ao investidor (TSR, na sigla em inglês) não tiver sido positivo nos três anos anteriores.
“No Brasil temos muito a evoluir em boas práticas de remuneração em relação a outros mercados globais”, alerta a executiva. “Trata-se de um fator especialmente relevante para os investidores estrangeiros, acostumados no exterior a receber informações mais transparentes sobre os ganhos de executivos das empresas investidas”, completa.
A Pesquisa Remuneração dos Administradores do IBGC traça um panorama sobre os valores e as estruturas de remuneração praticados pelas empresas de capital aberto listadas na bolsa, em relação a conselheiros de administração, conselheiros fiscais e diretores estatutários. A última edição do estudo foi divulgada em 2022, com dados coletados referentes ao exercício social do ano de 2020.