*com Lucas Tavares, líder de câmbio na WIT Exchange
Quais foram os principais fatores que influenciaram a taxa de câmbio no mês de janeiro de 2024?
Podemos classificar dois fatores principais: a manutenção da taxa de juros nos EUA e a divulgação da política industrial no Brasil.
Juros EUA: neste mês, tivemos diretores do FED informando que, embora estejam próximos da meta de inflação do país, não estão com pressa de cortar a taxa básica de juros americana. Este comentário contrariou a expectativa do mercado, fazendo o dólar voltar a operar acima dos R$ 4,90.
Política industrial no Brasil: A Nova Indústria Brasil (NIB) é uma nova política que foi divulgada pelo presidente Lula visando impulsionar a indústria nacional e prevendo cerca de R$ 300 bilhões em financiamento para o setor. Com o anúncio, o dólar disparou, chegando a fechar em R$ 4,99, já que a notícia não foi recebida com bons olhos pelo mercado que teme a repetição de erros já cometidos no passado.
Como a taxa de câmbio do Brasil em relação a outras moedas se comportou em janeiro?
O real perdeu valor frente às principais moedas, seguindo o movimento da maioria das moedas de países emergentes.
Houve volatilidade significativa nas taxas de câmbio durante o mês de janeiro?
Houve uma volatilidade dentro dos padrões de como o real normalmente se comporta, mas talvez em um movimento inverso da expectativa do mercado que apostava que o real poderia se consolidar na faixa de R$ 4,80 a R$ 4,90 e viu a moeda voltar a patamares de R$ 5,00.
Qual foi a tendência geral das taxas de câmbio no mês de janeiro: valorização ou desvalorização da moeda local?
Houve uma desvalorização de quase 2% frente às moedas mais fortes da economia global.
A queda na projeção do câmbio real-dólar para R$ 4,92 no final de 2024 sugere uma apreciação da moeda brasileira. Como isso pode afetar a competitividade das exportações e importações do país, e quais são as implicações para a economia?
Em janeiro vimos novamente o dólar atingir o patamar de R$ 5,00. Sobre esta projeção do dólar operar entre R$ 4,80 a R$ 4,90, não sabemos se irá se confirmar e, mesmo que se confirme, ainda teremos a moeda americana muito bem valorizada frente ao Real, de modo que não deve afetar a dinâmica das exportações e importações no Brasil.
A projeção de crescimento do PIB em 2024 é de 1,6%. O que é possível considerar desse índice e quais setores da economia são esperados para impulsionar esse crescimento?
Os economistas têm concordado com a projeção do nosso PIB para 2024, e a expectativa é que 65% do crescimento venha de setores do comércio, bancos e empresas de transporte. A indústria também deve crescer mais do que o ano passado, conforme projeção do mercado.
A queda do dólar também está relacionada a ajustes e realização de lucros, após a alta na esteira do anúncio da nova política industrial do governo Lula. Como é avaliado esse movimento de ajuste e qual é o papel das preocupações com as contas públicas na dinâmica do mercado cambial?
Houve um movimento forte de realização de lucros no mercado no final de dezembro que elevou a bolsa e fez o dólar chegar a R$ 4,80. Do mesmo modo, ao ser anunciado o programa da nova política industrial o dólar voltou aos patamares de R$ 5,00. Há uma preocupação com as contas públicas que serão oneradas, já que 80% do programa (R$ 250 bilhões) serão custeados pelo BNDES.
Quais são as expectativas para o câmbio em fevereiro de 2024?
Iniciaremos fevereiro logo após a Super Quarta, na qual os bancos centrais do Brasil e Estados Unidos mais uma vez decidiram a sua política de juros. No Brasil é esperado corte de 0,50 p.p., chegando a 11,25%. E nos EUA o FED manteve a taxa entre 5,25% a 5,50%, confirmando a expectativa do mercado. Há também o ano novo chinês como um fator relevante no mercado internacional. A expectativa é que dólar se mantenha entre o patamar de R$ 4,90 a R$ 5,00, a depender das notícias que o mercado nos trará ao longo do mês.
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