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Aquisição histórica do UBS ao Credit Suisse: o que ensina ao mercado?

Aquisição histórica do UBS ao Credit Suisse: o que ensina ao mercado? / Foto: Adeolu Eletu / Unsplash Images
Foto: Adeolu Eletu / Unsplash Images

Confira artigo de Michelle Veronesi, especialista em Finanças e Investimentos no Exterior

Iniciamos a última semana com um acordo histórico do UBS para aquisição do Credit Suisse, instituições que até então eram concorrentes diretas. Ação está sendo mediada pelo Governo Suíço, e ao concluir a operação, este se tornará o maior banco da Suíça com 5 trilhões em ativos.

O acordo tem como motivo principal a contenção de uma crise de confiança que já estava a se espalhar pelos mercados financeiros globais, incentivando inclusive a queda das ações da instituição, somado aos inúmeros resgates feitos por seus investidores.

A aquisição cravou o número de 3 bilhões de francos suíços e, foi definida por meio de um acordo de ações acompanhado de uma extensa garantia do governo suíço e previsões de liquidez. Para consolidar o acordo, o Swiss National Bank (SNB), banco nacional suíço, ofereceu uma assistência de liquidez de 100 bilhões de francos ao UBS. Já o governo suíço, concedeu uma garantia de 9 bilhões de francos suíços para possíveis perdas de ativos que o UBS assumiu. Ao UBS restou assimilar 5 bilhões de francos suíços em ativos que se tornarão sem valor.

Esta garantia tornou-se essencial para o fechamento do acordo, considerando a falta de tempo para fazer as devidas diligências ao Credit Suisse, sabendo que ele tem ativos difíceis de avaliar em seus livros. A operação foi uma medida de emergência, com toda a certeza, com foco em não deixar o Credit Suisse exposto a mais uma semana sofrendo saques, em um cenário de quebra de dois bancos, Silicon Valley Bank e Signature Bank, dentro da mesma semana, gerando impactos em outras organizações no mercado.

Michelle Veronesi, especialista em Finanças e Investimentos no Exterior / Divulgação
Michelle Veronesi, especialista em Finanças e Investimentos no Exterior / Divulgação

First Republic, por exemplo, fazendo com que o Fed, Federal Reserve, e o Banco Central dos EUA, tenha impulsionado empréstimos ao setor. O acordo com o UBS, estancou a possibilidade de uma nova crise sistêmica, igual a que vimos em 2008 com a quebra do Banco Lehman Brothers.

Sobre os ativos difíceis de serem avaliados, o UBS mencionou que planeja encerrá-los. E que pretende reduzir o tamanho do negócio de banco de investimento do Credit Suisse e alinhá-lo com uma cultura de risco conservadora, como a dele.

Os escândalos de lavagem de dinheiro, corrupção, espionagem são de notoriedade pública e sem dúvidas foram também responsáveis em acabar com a história de 166 anos do Credit Suisse.

Mas independente deste passado, a aquisição desta instituição, de 166 anos, marca um evento histórico para a nação e para as finanças globais. O antigo Schweizerische Kreditanstalt, fundado pelo industrial Alfred Escher em 1856 para financiar a construção da rede ferroviária da nação montanhosa que se tornou uma potência global, simbolizando o papel da Suíça como centro financeiro global.

Já o UBS, com suas raízes presentes em 370 instituições construídas ao longo de 160 anos, construiu uma reputação como um dos maiores gestores de patrimônio do mundo, atendendo a indivíduos de alto e ultra-alto patrimônio líquido em todo o mundo. Fruto da fusão do Union Bank of Switzerland e do Swiss Bank Corporation em 1998, mesmo após emergir de um resgate estatal durante a crise financeira de 2008, o UBS fez da crise um propulsor para sua consolidação como um dos maiores bancos mundiais, passando a adotar uma estratégia completamente conservadora, trazendo segurança para sua marca e solidez para seus investidores.

Segundo a ministra das finanças na Suíça, Karin Keller-Sutter, a estratégia da aquisição do Credit Suisse se tornou a única solução possível para todos os envolvidos, considerando que claramente a instituição não era mais capaz de sobreviver sozinha.

Saberemos se essa medida de emergência foi a melhor solução, ao longo dos próximos anos e, seguimos torcendo para que sim, presenciando mais uma fiança financeira governamental a empresas de grande porte de extrema importância para economia mundial, ou como costuma ser usado no termo inglês, um Bailout1 de grandes instituições do mercado financeiro global.

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