Colunista do Universo do Seguro e Fundador da Kuantta Consultoria analisa os desafios para o seguro de automóvel em 2023
O começo do ano é marcado pelo período de renovação dos seguros para automóveis. Este momento é crucial para os profissionais da corretagem de seguros irem além e fecharem novos negócios.
Ainda é possível observar muito amadorismo em nossa categoria. Sem planejamento não chegamos a lugar nenhum.
É preciso ter estratégia clara e tratar uma corretora de seguros como uma empresa de verdade, em um negócio que alcance crescimento e lucro.
Uma empresa existe para dar lucro e é nisso que os corretores precisam focar.
Cada vez menos teremos espaço para pequenas corretoras em nosso mercado. A competitividade cresce em todos os segmentos e a falta de um plano de trabalho, que tenha como prioridade novos canais de captação e distribuição de produtos, parcerias, gestão de dados e cuidado com as pessoas, faz toda diferença.
Entretanto, ainda é possível se diferenciar. Há muito o que fazer.
Estamos muito atrasados por falta de qualificação continuada.
Os corretores de seguros, após se habilitarem, são atropelados pela correria do dia a dia e não param para pensar no negócio.
É importante ler, analisar e entender o que outros segmentos estão fazendo e como isso pode ser adaptado para nossa realidade.
Inovar não é, necessariamente, fazer algo 100% novo, mas enxergar o que pode ser feito para melhorar o que é feito hoje, de modo a trazer resultados melhores.
A internet e, principalmente, a automação de algumas etapas do negócio são exemplos de onde ainda temos de avançar bastante.
A barreira de 30% da frota segurada
Não acredito que temos 30% dos itens seguráveis garantidos pelas seguradoras.
Em 2022, observamos um crescimento do prêmio líquido emitido no ramo de automóvel e uma redução de itens segurados.
Seguro e economia caminham juntos.
Em função de toda conjuntura econômica e pelo aumento da sinistralidade, vimos um reajuste de preços que tornou a contratação de novos e seguros e até as renovações inviável para boa parte da população.
Acredito que ainda não encontramos o caminho para produtos realmente populares para veículos com mais idade e que sejam acessíveis para uma demanda reprimida que existe no Brasil.
Veículos com mais de 10 anos de fabricação ficam de fora das seguradoras porque a relação entre custo e benefício não compensa, sem caber no orçamento.
Mesmo os produtos de roubo e furto não alcançaram quem gostaria de garantir seu patrimônio.
Envelhecimento da frota de carros
Hoje temos a frota mais antiga de veículos em território brasileiro em décadas.
A idade média da frota circulante está em mais de 11 anos.
Isso dificulta muito a vida dos corretores que, em sua maioria, atuam no seguro auto.
Não adianta achar que outros produtos substituirão a produção e o resultado financeiro do produto na carteira das corretoras.
Parcerias são cruciais neste contexto
Temos uma situação complicada na economia desde o final de 2014 que foi agravada com a pandemia.
É muito importante enxergar e buscar parcerias com o objetivo de gerar mais oportunidades de negócios.
Investir em tráfego pago para a geração de leads é a melhor opção que temos hoje. Fazemos isso na MOBY desde sua fundação, no início de 2012, e temos alcançado crescimento constante.
Conclusão
Nosso mercado está mudando há mais de uma década e isso vai acelerar cada vez mais.
Existe uma tendência de se eliminar intermediários em vários setores e segmentos.
Vemos a indústria de automóveis, de eletrodomésticos, de alimentos e de bebidas, por exemplo, buscando a venda direta.
Não será diferente no mercado de seguros.
Quem não agregar valor a sua operação e mostrar que realmente faz diferença, se preocupando com a jornada de compra e colocando o cliente no centro do negócio, vai passar por dificuldades.
É preciso inovar e cada corretora precisa entender onde está e para onde quer ir.
Assim, é preciso preparar um plano de trabalho e executá-lo, pois não adiante ter um planejamento lindo sem colocar em prática.
Do contrário, será apenas uma lista de desejos no final de ano e que se repetirá daqui 12 meses sem nenhum resultado prático alcançado.
Precisamos melhorar muito para continuarmos fazendo o que fazemos nos próximos 3 anos.
Quem não fizer diferente irá diminuir de tamanho ou simplesmente desaparecer.