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Aumento do percentual de mulheres atuando como CEOs é um caminho sem volta

Elisabete Prado, presidente da Delphos / Foto: Divulgação
Elisabete Prado, presidente da Delphos / Foto: Divulgação

Pesquisas recentes indicam que a presença de mulheres entre os CEOs de empresas brasileiras aumentou de 13% para 17%. Para a presidente da Delphos, Elisabete Prado, esse percentual “ainda é muito acanhado” quando se pensa em um mundo que avança a passos largos nas questões da diversidade e inclusão. Ela ressalta, contudo, que a tendência de crescimento é um caminho sem volta, e esse percentual só aumentará. “O grande desafio dessas mulheres que compõem os 17% da estatística, é que é suposto que as variáveis no processo concorrencial sejam ferozes, sem a visibilidade de suas jornadas pregressas numa sociedade bastante conservadora”, frisa a executiva.

Na condição de uma das primeiras mulheres presidentes de uma empresa do mercado de seguros, Elisabete Prado afirma que a sua condição difere um pouco das conquistas das mulheres, no mercado em geral. “Venho de uma carreira bastante longeva na Delphos, e minha ascensão ocorreu de forma gradativa e quase natural. Fui galgando cargo a cargo, até chegar à posição de CEO. São mais de quatro décadas, e hoje é raro encontrar pessoas que fiquem tanto tempo em uma mesma organização”, pontua, acrescentando que, embora nunca tenha sido fácil, “foi uma escalada que dependeu exclusivamente das minhas competências em relação aos negócios que envolvem toda a empresa, aliadas ao meu conhecimento do mercado”.

Ela explica que a Delphos tem hoje 33% de mulheres em seu quadro funcional. Esse número diminui um pouco nas posições de gestão, onde ocupam 31%, mas é mais representativo do que o percentual do mercado, e mostra que a empresa não tem um traço não inclusivo no seu perfil institucional. “É indiscutível que precisamos perseguir um número mais equalizado que, minimamente, corresponda à metade, mas isso não é só estatística. A empresa tem uma característica forte de permanência de seus colaboradores, e o turn over é baixo”.

Elisabete Prado revela que há um legado de mais homens do que mulheres, que estão na empresa há muito tempo, e isso, consequentemente, desequilibra um pouco as métricas. Mas, frisa que, da mesma forma que não se pode discriminar as mulheres, tampouco deve se fazer isso em relação aos homens. “A Delphos possui uma governança que vem privilegiando o pertencimento, com discussões abertas sobre os temas que hoje são pautas mundiais na ASG, fomentando cada vez mais a busca pela igualdade”, assinala.

Sobre questões como a jornada dupla ou, por vezes tripla, que podem impedir o acesso das mulheres a cargos de comando, ainda que essas mulheres muitas vezes sejam profissionalmente mais bem preparadas que os homens, a presidente da Delphos diz que “não acredita mais nisso”.

Para ela, ainda há um estigma na sociedade de que cuidar da casa e dos filhos é função da mulher, e que elas estão forçadas a jornadas duplas ou triplas, o que as coloca em desvantagem ou com menos acesso aos cargos de comando. Contudo, ressalva que já é perceptível a divisão dessas jornadas de casa/filhos, porque as mulheres estão conseguindo se impor, e as pessoas estão aprendendo cada vez mais rápido. “Os meios de comunicação globais, a tecnologia, e a própria evolução humana, remetem ao livramento desses encargos ou mantras socioculturais. É inexorável que sexo, credo, raça, etc., sejam cada vez menos determinantes no avanço profissional do ser humano, e deem lugar para a qualificação de cada um”, comenta.

A presidente da Delphos enxerga também um avanço considerável da presença de mulheres na área de tecnologia, apesar do desequilíbrio ainda existir. “Já temos 20% de nosso time de TI composto por mulheres, e esse número, comparado com o passado, é bastante relevante”, aponta.

Ela acredita que, historicamente, as mulheres apostavam muito menos do que os homens na participação de formação em área de tecnologia, porque tudo estava dentro de um processo mental de encaminhamento programado pela sociedade e culturas mundiais. “Eram estimuladas ou praticamente obrigadas a escolher carreiras na área de humanas ao invés de exatas. Com o passar do tempo, ficou claro que isso, em maior ou menor escala, sempre foi insuficiente e o mundo está se corrigindo”, pondera.

Por fim, ao falar sobre a atuação da Sou Segura, Elisabete Prado classificou a instituição como “um ente poderoso e desbravador”, que se tornou, com o tempo, um instrumento essencial para ajudar as mulheres a buscarem em si mesmas as suas melhores qualidades e abandonarem de vez a síndrome do sexo frágil. “As mulheres passaram a entrar na guerra de forma muito mais arrojada, e, pautada em suas competências, estão conseguindo provar que não têm nenhuma desqualificação em razão do sexo. Não são menos. Nunca foram. E o Sou Segura vem ajudando muito nisso”, conclui.

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