Para que o Brasil possa ampliar a qualidade da infraestrutura nacional, os investimentos anuais precisam chegar a cerca de R$ 344 bilhões. Atualmente, o país investe somente R$ 135 bilhões. Os dados constam em estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), denominado “Agenda de privatizações: avanços e desafios”.
O levantamento conclui que, com a chegada da crise fiscal, houve comprometimento da capacidade financeira do setor público. Com isso, os investimentos em infraestrutura das estatais, dos estados e da União passaram por reduções constantes desde 2010. Atualmente, os valores empregados no setor correspondem a menos de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o especialista em Infraestrutura da CNI, Matheus de Castro, o quadro só não é mais crítico devido à expansão dos programas de concessão e desestatização. Segundo ele, atualmente, os recursos privados respondem por 70% dos investimentos anuais.
“Nós tivemos um pico de investimento em 2014, tanto por parte do setor público quanto do privado. Mas, desde então, esse volume de investimento, principalmente público, vem caindo, o que penaliza muito nossa capacidade de modernizar nossa infraestrutura. O único caminho é realmente aumentar o volume de investimento privado, fazendo com que o setor público invista nos empreendimentos que devem ser tocados por ele”, avalia.
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O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador em Economia de Infraestruturas com ênfase em transportes, Gildemir da Silva, ressalta que os investimentos público e privado devem ser complementares. Ou seja, onde um não puder atuar, o outro precisa estar presente. Ele explica que os avanços em infraestrutura trazem mais competitividade para a economia.
“No geral, a infraestrutura não é o fim, mas o meio. Ela conecta as economias. Então, se alguém produz algo, ele precisa vender esse produto. Nesse sentido, ter mais infraestrutura significa que, se eu colocar meu produto no mercado brasileiro, o transporte desse item, por exemplo, será menos caro. Consequentemente, vai gerar mais margem de lucro, então atrai quem tem interesse em investir”, considera.
Expansão da agenda de desestatizações
De acordo com o estudo da CNI, o Brasil registrou crescimento da operação privada em áreas voltadas à exploração de petróleo e gás, de distribuidoras e geradoras de energia elétrica, e de segmentos de telecomunicações e de saneamento básico.
A estimativa é de que, ainda em 2022, haja mais expansão da participação privada em todos esses setores, com a realização de leilões e vendas de ativos já feitos e previstos até o fim do ano.
Atualmente, no país, o capital privado opera 44 aeroportos federais, 367 terminais e áreas portuárias arrendadas ou autorizadas, 30 mil quilômetros de ferrovias, e 24,7 mil quilômetros de rodovias, o que corresponde a 12% da malha pavimentada do país.