A folia, a alegria e a música tomam conta da vida dos brasileiros no Carnaval, e em Curitiba não é diferente. Mas, ao lado dos desfiles e tradicionais blocos carnavalescos, na capital do Paraná quem também aproveita a época são os “falecidos”, que levantam de suas lápides e ocupam as ruas e calçadões curitibanos: é a tradicional ZombieWalk, que chega este ano à sua 16ª edição.
Como sempre, no domingo de Carnaval os participantes ocupam espaços públicos, promovem divertimento para famílias, movimentam o comércio e atraem turistas à cidade. O encontro dura o dia todo, com reunião na Praça Osório e uma marcha que atravessa quase um quilômetro de extensão pelo calçadão da Rua XV de Novembro, finalizando na Praça Santos Andrade. Por lá, acontecem shows de bandas curitibanas, gastronomia e mais atrações.
Em 2024, foram 30 mil participantes – um recorde que os organizadores esperam quebrar este ano. “Sem dúvida é um carnaval diferente de tudo o que existe pelo país, algo bem exclusivo de Curitiba, e que tem atraído cada vez mais turistas”, comenta o diretor-presidente do Viaje Paraná, Irapuan Cortes.
Histórico
Inspirado em passeatas e manifestações culturais que já aconteciam ao redor do mundo, a primeira edição da Zombie Walk Curitiba aconteceu em 2 de novembro de 2007, no Dia de Finados, que na fé católica é uma data em homenagem aos mortos. Com o tempo, a programação foi transferida do final para o começo do ano, sendo oficialmente integrada ao calendário do Carnaval curitibano em 2012.
Atualmente o evento conta com diversas atividades, como barracas de maquiagem temática, Flashmobs – quando um grupo realiza uma apresentação sincronizada em público -, shows, gastronomia e muito mais.
Flávia Nogueira, produtora cultural e uma das organizadoras da Zombie Walk Curitiba, comenta que cada vez mais pessoas de fora do Paraná participam do evento. “Há gente do Brasil todo que sempre frequenta, trazendo família, amigos e se hospedando nos hotéis. Esse ano, um grupo de Vitória (ES) vem conhecer Curitiba, especificamente por conta do evento. Também tem pessoas de toda a América do Sul, mexicanos e muitos estrangeiros, que viajam para nos conhecer. Os comerciantes aprovam, porque esse fluxo movimenta os restaurantes, bares, cafés e muito mais”, disse.
Potencial turístico
A organizadora acerta ao falar que o evento aquece o comércio e o turismo, chamando atenção também dos empresários. É o caso do restaurante Trinitas, que funciona dentro do hotel NH Curitiba The Five, no bairro Batel. Para ocasião, o estabelecimento tem uma edição especial de seu cardápio de domingo, com pratos inspirados no universo do terror, decoração temática e uma trilha sonora condizente ao evento.
Muitos forasteiros chegam a Curitiba especialmente para a marcha dos mortos-vivos. É o caso de Eduardo Gerunda, de Jandira, na região Metropolitana de São Paulo (SP), que frequenta a festa desde 2017. “Nosso estilo musical é mais voltado para este tipo de festa, e eu me apaixonei por toda essa estética envolvida no evento. A distância não me impede, eu adoro Curitiba e visito a cidade durante o ano, mas sempre reservo o período de Carnaval para aproveitar a Zombie Walk. Percebo que os turistas estão conhecendo mais desse evento, até porque eu também ajudo a divulgar e sempre levo gente de fora para conhecer, como neste ano, que estou levando um casal de amigos”, afirmou.
No mercado
O grande público rompe barreiras e já chama atenção também de profissionais do trade e operadoras de turismo, com pacotes para a festa zumbi sendo vendidos em todo o Brasil. Uma delas é a Schultz Operadora, que já conta com pacotes que incluem hospedagem, alimentação, passe vip em atividades do evento e, para entrar ainda mais no clima da festa, uma maquiagem temática feita por profissional.
Aroldo Schultz, CEO da operadora, explica como surgiu a ideia de emplacar o evento em seus pacotes de viagens. “Curitiba é conhecida por suas festas alternativas, por isso estamos promovendo esse pacote em todo o Brasil, graças a nossa equipe de 75 comerciais. Além da edição deste ano, já temos pacotes a venda para a próxima edição do evento, em 2026, com hospedagem, camarim e maquiagem temática. Estamos animados e esperamos que a Zombie Walk ajude a atrair cada vez mais turistas para Curitiba”, explicou.
Em março acontece a Convenção Schultz 2025, que conta com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria do Turismo (Setu-PR) e do Viaje Paraná – órgão de promoção comercial. “Vamos apresentar esse pacote durante a nossa convenção, que vai reunir centenas de agentes de viagens e profissionais de operadoras de turismo. Quase não há operadoras que comercializam esse atrativo curitibano, então somos pioneiros nessa venda. Esse evento pode ser um grande diferencial no mercado, transformando o Carnaval de Curitiba”, ressaltou o CEO.
Inovação
A passeata dos mortos-vivos também já consta no WikiTravel, plataforma que deve ser uma das grande tendências do setor do turismo a partir deste ano. O portal une curadoria de informações com o uso da inteligência artificial, se mostrando como uma boa fonte de consulta para turistas.
Estando na plataforma, as informações sobre a Zombie Walk podem ser acessadas em pelo menos 11 idiomas diferentes, graças à tradução automática, em texto e áudio, dos conteúdos disponíveis.