Liquidação extrajudicial do conglomerado atinge R$ 41 bilhões em depósitos e investimentos
A terça-feira, 18 de novembro de 2025, marca um novo capítulo na história recente do sistema financeiro brasileiro. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, do Banco Master de Investimento, do Banco Letsbank e da Master Corretora de Câmbio.
A decisão veio poucas horas depois da prisão do controlador do grupo, o empresário Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga emissão e negociação de títulos de crédito falsos e outros crimes financeiros.
Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) passou a ser peça central na proteção dos clientes das instituições envolvidas.
O que o FGC informou sobre o caso Banco Master
Em comunicado ao mercado, o FGC confirmou que as quatro instituições tiveram liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central e que o pagamento das garantias será feito “conforme o Regulamento do FGC”, com base nos dados que serão enviados pelo liquidante nomeado pelo BC.(FGC)
O fundo destacou que:
- Não existe prazo legal para o início dos pagamentos, mas o prazo médio histórico é de cerca de 30 dias após o recebimento da base completa de credores.
- A garantia ordinária é limitada a R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição, considerando o conjunto de depósitos e investimentos elegíveis.
- Há ainda um teto global de R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ, em um período de quatro anos, válido para a soma de todas as garantias pagas pelo FGC a esse titular no sistema financeiro.
Segundo o comunicado, as instituições liquidadas somam uma base estimada de 1,6 milhão de credores com depósitos e investimentos cobertos, em um valor próximo de R$ 41 bilhões.
Para fazer frente a esse compromisso, o FGC lembra que, em setembro de 2025, possuía patrimônio de R$ 160 bilhões, dos quais R$ 122 bilhões em recursos líquidos em caixa, reservados justamente para atuar em situações como a do Banco Master.
Como o cliente poderá pedir a garantia
O FGC orienta que os credores aguardem a conclusão do levantamento de dados pelo liquidante. Assim que a relação de clientes for enviada ao fundo, será aberto o fluxo de solicitação da garantia.
O processo será informatizado:
- O aplicativo do FGC, disponível na Apple Store e na Google Play, já permite o cadastro prévio dos credores, que poderão acompanhar a evolução do caso por notificações.
- Após o recebimento da base de dados pelo FGC, o cliente poderá, pelo próprio app, confirmar seus dados, verificar o valor elegível e indicar uma conta bancária de sua titularidade para receber a transferência.
Na prática, isso significa que quem tem CDB, poupança, conta corrente ou outros produtos cobertos nessas instituições não precisa ir a agências ou intermediários neste primeiro momento. O caminho oficial será o aplicativo e os canais de comunicação do FGC.
O que está em jogo no conglomerado Master
A liquidação extrajudicial é a medida mais dura utilizada pelo Banco Central. Nela, a instituição deixa de operar e tem seus ativos vendidos para pagar credores, sob a condução de um liquidante. Esse regime é adotado quando há insolvência irrecuperável ou graves infrações às normas prudenciais, segundo o próprio BC.(GP1)
No caso do Banco Master, a liquidação ocorre após:
- Meses de deterioração financeira e crise de liquidez, que já vinham sendo monitorados pelo mercado e pelo regulador;
- Investigações da Polícia Federal;
- Tentativas frustradas de venda do banco, inclusive a um consórcio liderado pela Fictor Holding e investidores estrangeiros, negócio que foi suspenso após a decisão do BC.
Ao decretar a liquidação, o Banco Central também tornou indisponíveis os bens dos controladores e ex-administradores do conglomerado, medida típica em processos dessa natureza.
FGC volta ao centro do debate 30 anos depois de sua criação
O caso Master chega em um momento simbólico: o FGC completou 30 anos de atuação em novembro de 2025 e terá, agora, sua 41ª grande intervenção desde a criação.
Criado em 1995, o fundo funciona como uma espécie de “seguro” para correntistas e investidores, com o objetivo de evitar pânico sistêmico e dar previsibilidade ao público em situações de quebra de instituições financeiras. Nas últimas décadas, o mecanismo foi fundamental para preservar a confiança no sistema bancário em episódios de intervenção e liquidação.
No caso do Banco Master, o tamanho da base de clientes e o volume de aplicações elegíveis testam novamente essa estrutura – mas, pelos números apresentados, o FGC sinaliza ter capacidade financeira para honrar as garantias dentro dos limites regulamentares.
O que o investidor deve fazer agora
Para quem tem dinheiro aplicado em produtos do conglomerado Master:
- conferir se o produto está entre aqueles cobertos pelo FGC (como depósitos a vista, poupança e CDBs elegíveis);
- acompanhar as informações oficiais pelo site e pelo aplicativo do FGC;
- aguardar a liberação do sistema de solicitação da garantia, que será aberta após o envio da base de credores pelo liquidante.
Até lá, especialistas recomendam evitar decisões impulsivas, como vender aplicações com deságio no mercado secundário ou assumir novos riscos sem necessidade. O passo mais importante, neste momento, é se informar apenas por fontes oficiais – Banco Central, FGC e comunicados formais das instituições envolvidas.
*Com informações do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
