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Caso First Republic Bank: auditorias diminuem a chance de quebra de bancos

Ivo Cairrão, sócio fundador e conselheiro no Grupo IAUDIT / Foto: Divulgação
Ivo Cairrão, sócio fundador e conselheiro no Grupo IAUDIT / Foto: Divulgação

Com diversos casos de quebra de bancos, as auditorias internas são obrigatórias e podem ser uma saída para amenizar esse risco

Desde a falência do Silicon Valley Bank (SVB) em março deste ano, uma preocupação com as situações de quebra de grandes bancos têm crescido. Após isso, o Signature Bank, o Silvergate Bank e mais recentemente o First Republic Bank também quebraram nos Estados Unidos. Aliada a essa preocupação, é preciso avaliar como as auditorias podem ser essenciais para evitar a falência de outros bancos.

Dentre as causas para o cenário de falências está o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e até mesmo a busca de caixa por startups durante a pandemia, como foi um dos fatores para o SVB.

“Com tantos casos como o do First Republic Bank, as instituições bancárias devem ter cuidado para não alocar recursos em atividades que representam riscos relevantes para a empresa. Para isso, custos de controles internos devem ser alocados somente onde o retorno seja positivo ao acionista, ao cotista, ao dono do dinheiro”, explica Ivo Cairrão, sócio fundador e conselheiro no Grupo IAUDIT, empresa com mais de 22 anos de experiência em consultoria empresarial, auditoria e tecnologia.

No Brasil, as instituições financeiras, nas quais os bancos se enquadram, são obrigadas a ter auditorias internas pela resolução nº 4879 de 2020 do Banco Central do Brasil, considerando o tamanho e a complexidade da empresa e seus efeitos na solidez do sistema financeiro nacional. Caso algum problema relevante ocorra, como uma quebra de um banco, procedimentos prudenciais devem sempre ser seguidos, mesmo que a rentabilização final do banco tenha alguma redução.

A auditoria para bancos envolve diversas ferramentas, sendo uma delas a gestão de riscos. A auditoria interna é uma alternativa para alinhar a gestão dos possíveis riscos para o patrimônio bancário, abarcando a análise devida de crédito, câmbio, taxas e transações dos clientes.

Como as auditorias podem prevenir quebras?

A princípio, todos os riscos relevantes podem ser identificados no processo de auditoria e, se adequadamente avaliados, serão prevenidos. Porém, existem situações que podem gerar interferência nesse processo.

“Para o auditor, a omissão de informações relevantes tende a gerar trabalhos e avaliações incorretas. Pensando nisso, os geradores de informações que devem ser considerados são: a alta administração, o auditor externo e qualquer outra área envolvida com os controles internos, como Compliance, Gestão de Riscos, Jurídico, etc.”, comenta Cairrão.

Nesse cenário, para prevenir a quebra de bancos, o monitoramento dos limites financeiros previamente definidos e aceitos pelos stakeholders da instituição bancária é um dos principais fatores a serem observados, porque é preciso ter um controle do que está entrando e saindo do caixa para que não haja um descontrole.

“Outro motivo relevante a ser considerado é que quando os gestores, por qualquer motivo, ‘avançarem o sinal’ da segurança operacional e técnica, a boa gestão corporativa de um banco pode ficar seriamente comprometida”, explica o especialista.

De acordo com Cairrão, um exemplo disso, no caso de indicadores de liquidez e descasamento financeiro, é que não é admissível tomar dinheiro de um cliente para o banco – por meio de CDB, RDB, LCI, LCA, Poupança, etc – com compromisso de devolver em 30 dias e emprestar este mesmo dinheiro para outro cliente, com compromisso de devolver para o Banco em 60 dias. Assim, o banco não conseguiria honrar os compromissos assumidos com o cliente nos primeiros 30 dias e isso traria um problema financeiro para a instituição.

“Uma auditoria interna bem executada, focada nos principais riscos de um banco, ou qualquer outra instituição financeira, tanto no Brasil quanto em qualquer outro país do mundo, tenderia a apontar distorções relevantes no início para que evite a quebra de um banco no futuro”, finaliza Cairrão.

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