A preocupação com as comunidades locais está no DNA do modelo de negócio
Desde o final de abril, o Rio Grande do Sul tem sofrido com as fortes chuvas e enchentes que atingiram cerca de 70% do estado, segundo a CNN. O governo estadual chegou a classificar a situação como “a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul” e os números dão a dimensão da tragédia: a Defesa Civil atualizou o balanço das enchentes no RS no dia 10 de junho, confirmando que já são 478 municípios e 2.398.255 pessoas afetadas. Dentre elas, foram 173 óbitos e 38 desaparecidos.
Enquanto o governo federal já anunciou mais de R$1,7 bilhão em recursos emergenciais, diversas organizações e setores da sociedade se uniram para ajudar as vítimas das enchentes, mostrando a força da solidariedade. Nesses momentos de crise, um tipo de organização que sempre se destaca no auxílio às vítimas são as cooperativas. O modelo de negócio cooperativista tem permitido a ajuda direta aos afetados por tragédias e crises diversas: como as enchentes no Rio Grande do Sul, por exemplo.
Com a tragédia atual, a Transpocred, Cooperativa de Crédito dos Empresários e Empregados dos Transportes e Correios do Sul do Brasil, disponibilizou uma série de serviços para seus cooperados, além de ações emergenciais para auxiliar o estado. “O cooperativismo tem um papel fundamental de estar presente e sentir o momento, a dor e a necessidade da comunidade na qual ele está inserido”, aponta Roberta Caldas, presidente da Transpocred. “Ele se faz presente de uma forma física, próximo da comunidade, com o impacto social que nós sempre nos preocupamos. Essa estratégia de se manter presente é o que dá a ele a oportunidade de atuar no tempo certo e de fazer o melhor possível sempre”.
A executiva acredita que a preocupação com as comunidades locais está no DNA do modelo de negócio. “O cooperativismo tem a condição legal de atuar de forma voltada para o aspecto social. Existe o FATES, Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social obrigatório, que é uma comunhão de recursos formada pelas cooperativas destinada à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos sociais, aos colaboradores”, explica. Além disso, ocorre a geração de empregos locais, desenvolvimento econômico social na região e no segmento, já que o dinheiro movimentado na cooperativa retorna aos cooperados com a chamada “distribuição das sobras”, garantindo o impacto social.
Esse tipo de ação não seria possível em outro modelo. “A cooperativa tem um olhar muito direcionado para o cooperado. Aqui, todos são donos, todos fazem parte do projeto. Nós não temos um grupo de acionistas – como é comum no modelo tradicional – cobrando resultados. O nosso modelo de negócio, de gestão, permite-nos ter um olhar sistêmico”, pontua Roberta.
A expansão do cooperativismo no Brasil e no mundo seria, então, uma forma de garantir maior cuidado com as questões sociais. Essa é uma ideia defendida pela ONU, que declarou, no ano passado, que o modelo é importante na promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades onde está localizado, incluindo mulheres, pessoas com deficiência e povos indígenas, além da contribuição do movimento para a erradicação da fome e da pobreza.
“É um modelo de negócio que cresce muito, é do futuro, é colaborativo. Acredito que cada vez mais as novas gerações são conectadas com algo maior, além do ganho direto. E o cooperativismo proporciona isso”, finaliza a presidente.