Confira artigo de Luiz Ramalho, CEO Unbank (criadores da Magie e mcoin)
Nos últimos anos, criptoativos deixaram de ser apenas investimento e começaram a ocupar espaço em novos contextos de valor. Um deles é o dos programas de benefícios e fidelização, que passam por um momento de transformação.
Tradicionalmente dominados por pontos e milhas, esses programas enfrentam problemas estruturais: a falta de transparência, o controle centralizado e a inflação. Os pontos e milhas sempre perdem valor ao longo do tempo e consequentemente o engajamento do consumidor também cai.
O potencial de transformar recompensas em tokens digitais está justamente na transparência, liquidez e escassez. Em vez de pontos que expiram, emitidos sem transparência e que só funcionam dentro de um único programa, o usuário pode receber um ativo rastreável, negociável e com emissão pré definida, com valor monetário real e instantâneo.
Um relatório da Deloitte sobre blockchain e programas de fidelidade mostra que o uso da tecnologia pode reduzir custos operacionais e aumentar as taxas de resgate, ao permitir que consumidores possam movimentar suas recompensas em ecossistemas abertos, interoperáveis e auditáveis.
Esse movimento se fortalece em um contexto de maturidade digital crescente. O Brasil hoje é um dos países que mais utilizam criptomoedas no mundo — segundo a Chainalysis, ocupa posição de destaque entre os dez primeiros em adoção global. Apenas em 2024, brasileiros movimentaram US$ 6,1 bilhões em compras de criptoativos, segundo o Banco Central. Já 16% dos brasileiros afirmam ter usado criptomoedas em pagamentos, de acordo com pesquisa da Foxbit. Esses números evidenciam uma familiaridade cada vez maior com o uso de tokens na rotina financeira.
A combinação entre pagamentos instantâneos via Pix, que ultrapassaram 42 bilhões de transações em 2024, e a tokenização de benefícios, abre espaço para um novo ciclo de engajamento entre consumidores e serviços financeiros. Imagine um modelo em que cada pagamento possa gerar um ativo digital de forma transparente, sem intermediação e com possibilidade de valorização futura.
Algumas iniciativas começam a traduzir essa visão em prática. Entre elas está a criação de tokens de recompensa vinculados a pagamentos digitais, que devolvem valor ao usuário de forma direta. A Mcoin, por exemplo, surge nesse contexto: não como uma promessa especulativa, mas como um experimento do mercado brasileiro em usar criptomoedas como ferramenta de incentivo em cima do pix. Um passo dentro de uma tendência maior, onde cada transação deixa de ser apenas um gasto e passa a representar também construção de valor junto ao usuário.