O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,11% no período, conforme divulgação do IBGE nesta quarta-feira. O resultado ficou muito próximo da projeção do economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, que esperava uma queda de 0,13%.
Alimentação e bens industriais puxam queda de preços
O grupo alimentação no domicílio apresentou deflação de 0,83%, enquanto os preços monitorados recuaram 0,61%. Destaques incluem uma queda expressiva de 4,2% na energia elétrica e de 0,9% na gasolina.
Tais resultados ilustram o comportamento benigno de alimentos e bens industriais, que, segundo Serrano, têm sido os principais vetores de alívio inflacionário. Entretanto, ele ressalta que essa dinâmica ainda depende de fatores que podem ser transitórios, como o efeito do “bônus de Itaipu” sobre os preços de energia — um componente sazonal e de impacto momentâneo observado também em relatórios do IGP e IPCA-15 recentes.
Inflação de serviços continua elevada
Apesar da deflação generalizada, o setor de serviços registrou alta de 0,39%, com serviços intensivos em mão de obra subindo cerca de 0,6%. Esse movimento reforça a persistente pressão sobre os preços desse segmento, que tende a reagir menos aos choques de oferta e mais à rigidez do mercado de trabalho e à renda.
Impactos sobre a política monetária
Na avaliação de Flávio Serrano, o resultado do IPCA confirma um momento de desaceleração inflacionária, mas ressalta que o núcleo de serviços, ao permanecer resistente, continua sendo um entrave para cortes na taxa básica de juros (Selic). Dessa forma, o Copom deve manter uma postura cautelosa e conservadora, reforçando o discurso de que a taxa permanecerá estável por um período prolongado.
Projeções recentes reforçam esse cenário: o C6 Bank estima que a Selic ficará em torno de 15% até o fim de 2026, dada a persistência das pressões nos serviços e o ambiente de incerteza fiscal.
Contexto mais amplo da inflação
A trajetória de desinflação tem mostrado sinais de melhora. Exemplo disso é o IPCA-15, prévia do índice oficial, que registrou deflação de 0,14%, puxada significativamente pela queda nos preços da energia elétrica, explicada pelo bônus de Itaipu. Sem esse efeito, o índice teria apresentado alta de 0,26%.
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 também recuou, passando de 5,3% para 4,95%, o que indica uma desaceleração mais consistente em relação ao início de 2025.