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Desafios e soluções para ampliar a cultura de seguros no Norte e Nordeste do Brasil

Emerita Lyra, diretora executiva do Sindicato das Seguradoras Nordeste e Nordeste (Sindsegnne) / Foto: Divulgação
Emerita Lyra, diretora executiva do Sindicato das Seguradoras Nordeste e Nordeste (Sindsegnne) / Foto: Divulgação

Confira artigo de Emerita Lyra, diretora executiva do Sindicato das Seguradoras Nordeste e Nordeste (Sindsegnne)

As regiões Norte e Nordeste do Brasil enfrentam um desafio significativo quando se trata da cultura de proteção por meio de seguros. Um estudo realizado pela DataFolha para a FenaPrevi revelou que apenas 9% da população dessas regiões possui Seguro de Vida, enquanto a média nacional é de 18%. Essa disparidade não é apenas alarmante, mas também sintomática das profundas desigualdades socioeconômicas e educacionais que marcam essas áreas do país.

Historicamente, o Norte e o Nordeste enfrentam desafios socioeconômicos intensos. Esses fatores contribuem diretamente para a percepção limitada da importância de produtos de seguro. O acesso à proteção não é visto como uma prioridade, pois, para muitos, a luta diária pela sobrevivência imediata ofusca a preocupação com o futuro. Isso explica por que a penetração de seguros nessas regiões é baixa, não só no Seguro de Vida, mas também em outros ramos, como o Seguro Residencial, que, segundo a Fenseg, tem uma média nacional de 17%, mas cai para apenas 4% a 9% no Norte e Nordeste.

Essa realidade não é exclusiva do Brasil. Em todo o mundo, cidadãos de países desenvolvidos têm uma consciência maior sobre a relevância dos seguros em comparação com aqueles que vivem em nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento. Essa correlação entre desigualdade socioeconômica e baixa adesão a seguros é clara, e reflete a falta de acesso a informações e produtos financeiros que poderiam proporcionar maior segurança e estabilidade.

Para enfrentar esse desafio, as seguradoras precisam inovar e adaptar suas ofertas. O desenvolvimento de microsseguros, que são mais acessíveis e simples, direcionados às classes C e D, é uma solução essencial. Produtos mais baratos e com coberturas adequadas às necessidades dessas populações podem fazer a diferença, tornando o seguro uma opção viável e atraente.

Além disso, é crucial investir em comunicação regionalizada. A informação precisa chegar de forma clara e adaptada à realidade local, esclarecendo que o seguro é um investimento inteligente e não apenas mais uma despesa. Esse entendimento pode ser o ponto de virada na percepção das pessoas sobre a importância de se protegerem contra imprevistos.

A capacitação contínua dos agentes desse mercado também é fundamental. O setor de seguros está em constante evolução, e as seguradoras já dispõem de diversas ferramentas de treinamento para corretores, como plataformas online, apostilas, lives, e até mesmo treinamentos presenciais. No entanto, a capacitação deve ir além do conhecimento técnico dos produtos. Estratégias de vendas baseadas na compreensão das reais necessidades do público atendido são essenciais para apresentar o seguro como a solução ideal para os problemas específicos dos clientes.

Um exemplo de como um produto pode ser adaptado à realidade local é o Seguro Funeral, que, devido ao seu custo relativamente baixo, pode ser classificado como um microsseguro. Isso explica sua contratação acima da média dos demais ramos, com um índice de penetração de 21%.

Por fim, a baixa adesão aos planos de previdência é um reflexo da falta de educação financeira no país. Produtos de acumulação de recursos, como os planos de previdência, têm regras que a maioria da população desconhece. Portanto, para aumentar a adesão aos produtos de seguro, é necessário não apenas desenvolver proteções mais adequadas às necessidades da população, mas também investir em comunicação simples e eficaz, e promover a educação financeira desde as escolas. Só assim será possível reduzir as desigualdades e garantir que mais brasileiros possam contar com a segurança que os seguros oferecem.

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