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Dia Mundial do Parkinson busca conscientizar a população sobre a doença e reduzir estigmas

Dia Mundial do Parkinson busca conscientizar a população sobre a doença e reduzir estigmas / Foto: Mykyta Martynenko / Unsplash Images
Foto: Mykyta Martynenko / Unsplash Images

Doença não tem cura e o tratamento inclui um acompanhamento multiprofissional

O caminhoneiro Fábio Viana é um exemplo de que o Parkinson não atinge apenas idosos. Aos 38 anos, ele recebeu o diagnóstico da doença. “Foi muito difícil. Tive que parar de trabalhar e entrei em depressão”, conta. Hoje, aos 42, ele já conhece melhor a enfermidade e segue todas as orientações da equipe do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh), onde realiza o tratamento. “A depressão melhorou e alguns sintomas diminuíram. Agradeço por ter descoberto a doença cedo. Vou investir também na fisioterapia e atividade física para conseguir aproveitar muitos momentos com a minha família”, acrescenta Fábio, que é casado e tem quatro filhos.

O Parkinson é uma doença degenerativa, crônica e progressiva do sistema nervoso central. Ela é causada pela redução da dopamina, substância que ajuda na realização de movimentos voluntários do corpo. Com a baixa desse neurotransmissor, o controle motor do paciente fica prejudicado. Os principais sintomas são tremores, lentidão motora, rigidez nas articulações e desequilíbrio. O Parkinson não tem cura e o tratamento inclui um acompanhamento multiprofissional, com medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia, suportes psicológico e nutricional e atividade física. Em alguns casos, também pode ser indicado cirurgia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Além dos sintomas motores, pode provocar alterações intestinais, do sono, do humor e urgência urinária. Cerca de 4 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil. O Dia Mundial do Parkinson é, portanto, uma oportunidade para promover a sensibilização e a compreensão sobre a doença, ajudar na redução do estigma associado e na criação de uma comunidade de apoio e solidariedade.

Atendimentos na Rede Ebserh

O Ambulatório de Distúrbios do Movimento do HUB atende cerca de 50 pacientes e é referência para pessoas com Parkinson no Distrito Federal. A neurologista responsável pelo serviço, Ingrid Faber, lembra que é importante ficar atento aos sintomas emocionais da doença. “O Parkinson provoca neurodegenerações no cérebro que podem favorecer sintomas depressivos. Além disso, receber o diagnóstico costuma abalar o paciente. Por isso, é muito importante ter uma rede de apoio, com convívio com familiares e amigos, e um tratamento psicológico”, explica Ingrid.

A família tem um papel fundamental, podendo ajudar a monitorar a progressão dos sintomas e auxiliando na administração de medicamentos e terapias prescritos. Além de tudo, é necessário ter a consciência de que a doença também pode afetar a dinâmica familiar e as relações pessoais, demandando adaptações para melhoria da autoestima e da autoconfiança. Os familiares também podem se beneficiar de terapia de aconselhamento para aprender a lidar com a doença e seus efeitos no cotidiano.

O neurologista Pedro Brandão atua como voluntário no ambulatório do HUB e é secretário do Departamento de Transtornos do Movimento da Academia Brasileira de Neurologia. “Ter a doença de Parkinson não é uma sentença, muitos pacientes têm uma expectativa de vida igual à da população geral. Hoje temos muitos recursos de tratamento e, se o paciente for bem acompanhado, pode ter qualidade de vida. É importante identificar os sintomas para acelerar o diagnóstico”, afirma Pedro.

O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF/Ebserh) atende cerca de 250 pacientes com Parkinson em Niterói e municípios vizinhos, acompanhados por uma equipe de assistência, ensino e pesquisa, formada por neurologistas, neurocirurgiões, psicólogos, fisioterapeutas e educadores físicos. Também são realizadas atividades de extensão e reuniões educativas com pacientes, familiares e cuidadores. Segundo o coordenador do Setor de Distúrbios do Movimento do Huap-UFF, Marco Antonio Araujo, conhecer a doença é fundamental para garantir a adesão ao tratamento. “A doença é muito dinâmica e, embora não tenha cura, com a informação e o tratamento o paciente consegue se locomover melhor, entende que é capaz de viver com o Parkinson e sofre menos”, explica.

No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh/MEC), o Ambulatório de Distúrbios de Movimento, criado na década de 1990, já atendeu mais de dois mil pacientes. A equipe é composta por seis neurologistas e 20 residentes. A neurologista Sarah Teixeira Camargos reforça que os sintomas não são necessariamente os mesmos para todos os pacientes. “É uma doença muito individual. Há uma linha evolutiva e grande parte dos pacientes segue essa linha, mas nem todos são iguais”, assegura.

O Centro de Referência em Parkinson e Transtornos do Movimento (CerMov) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG/Ebserh) foi criado em 1996 e é um dos mais antigos do país. Atualmente, atende cerca de mil pacientes, que são acompanhados por médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Um deles é a dona de casa Rosa Lima, de 55 anos, diagnosticada com Parkinson há 15 anos. Além do tratamento convencional, ela passou por duas cirurgias de estimulação cerebral em 2018. “Depois da cirurgia, os tremores nas mãos melhoraram 80%. A medicação também está me ajudando muito”, conta Rosa.

Logo, não há um tratamento considerado o melhor para a doença de Parkinson, pois o procedimento deve ser individualizado e adaptado às necessidades e características de cada paciente. A escolha considera fatores como estágio da doença, sintomatologia, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo. Os medicamentos para Parkinson são disponibilizados gratuitamente pelo SUS através do Programa de Medicamentos Excepcionais.

Com um bom grau de autoconhecimento e de percepção das suas fragilidades cognitivas, emocionais e motivacionais, quem é acometido pelo Parkinson e tem o acompanhamento adequado, poderá desfrutar da vida com qualidade.

Pesquisa

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh) participa do projeto de extensão “Movimenta Parkinson”, vinculado ao Departamento de Fisioterapia da UFTM, que estimula a prática de atividades físicas em pacientes com a doença. A pesquisa vai ser realizada ao longo dos próximos dois anos. A reportagem completa pode ser acessada neste link.

Também em Minas Gerais, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) participa de um projeto para a tradução, em português, e validação da escala de sintomas não motores da doença de Parkinson. O estudo é uma parceria entre 20 centros de pesquisa do Brasil e de Portugal e o HU-UFJF é o centro coordenador. Essa escala já é utilizada em outros países e foi criada pela Sociedade Internacional de Doença de Parkinson e Distúrbio de Movimento, sediada nos Estados Unidos. Cada um dos centros de pesquisa será responsável por incluir 20 pacientes, totalizando 200 no Brasil e 200 em Portugal. “Nosso centro já está bem avançado, foi o primeiro com aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa. A tradução foi feita por médicos independentes com fluência em português e inglês, com o cuidado de encontrar palavras semelhantes ao português de Portugal”, explica o neurologista coordenador da pesquisa no HU-UFJF, Thiago Cardoso Vale.

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