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Escapar dos 5 piores dias do Ibovespa, pode rentabilizar 55,42% na média anual aponta relatório

Escapar dos 5 piores dias do Ibovespa, pode rentabilizar 55,42% na média anual aponta relatório/Foto: Pixabay
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Dados analisados pela RB Investimentos de 1995 a 2022 apontam ainda que perder os 5 melhores dias representaria -8,55% de rentabilidade média anual

Um relatório da RB Investimentos analisou a gestão ativa e passiva de fundos de ações no Brasil, comparando o desempenho do Ibovespa com o de uma aplicação que rende 100% do CDI. O levantamento “Um estudo sobre gestão passiva x ativa de ações”, levou em consideração as vantagens e desvantagens de ambas para a carteira de investimento, tendo a gestão ativa, que consiste em buscar superar um índice de referência (benchmark) por meio da seleção de ativos que possam oferecer maior rentabilidade ou menor risco e a gestão passiva, que visa replicar o desempenho de um índice, com menor custo e menor desvio em relação ao benchmark como referenciais dos dois cenários simulados no estudo.

A pesquisa apontou que, no período de 1995 a 2022, perder os 5 melhores dias do Ibovespa no ano significaria uma redução de 8,55% na rentabilidade média anual, enquanto escapar dos 5 piores dias do Ibovespa no ano implicaria um aumento de 55,42% na rentabilidade média anual. No entanto, se o investidor não participasse dos 5 melhores e 5 piores dias do Ibovespa no ano, a rentabilidade seria de 18,48%, muito próxima dos 18,38% médios do Ibovespa no período.

Outro fator presente no levantamento revelou que, apesar de o Ibovespa ter trazido um retorno acumulado de 2.420% no período analisado, a rentabilidade foi inferior a uma aplicação rendendo 100% do CDI (5.201%). Além disso, da amostra de 81 fundos de ações estudados, 38 superaram o CDI, enquanto 43 ficaram abaixo do CDI, no acumulado do período. O relatório concluiu que, nos últimos 9 anos de corte da Selic, apenas em 3 anos menos que 90% dos fundos não superaram o CDI anualizado.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz ressalta que o estudo leva em conta um mercado de renda variável considerado bastante amplo e imprevisível, com diversas estratégias sendo estudadas diariamente visando entregar o melhor resultado possível ao investidor e gestor. “Na Bolsa de Valores, cada fundo possui um processo diferente, alguns preferem mexer pouco na carteira, outros adotam a estratégia de “buy and hold”, que consiste em investir e segurar o investimento com foco na valorização no longo prazo e por fim, existem fundos que adotam por uma rotatividade alta em suas carteiras de ações”, comenta o economista.

É importante citar que a tese do buy and hold, ou seja, investir em empresas sólidas e lucrativas e mantê-las na carteira por longos períodos são estratégias adotadas por grandes personalidades do mercado, como Luiz Barsi e Warren Buffett. Por outro lado, o relatório também considerou as críticas aos traders (day traders), que realizam operações de curto prazo na bolsa e que, segundo um estudo da FGV, têm baixa probabilidade de obter ganhos consistentes.

Além disso, uma pesquisa do Insper citada no documento indica que poucos fundos de ações conseguem superar o índice de referência (benchmark), que no caso é o próprio Ibovespa. Segundo o estudo, apenas 10% dos 1.097 fundos analisados tiveram retornos superiores ao índice. Essa dificuldade em bater o mercado é um tema recorrente na literatura acadêmica e coloca em xeque a eficiência da gestão ativa.

Para ilustrar os resultados da simulação, o relatório apresentou um gráfico que mostra o valor final de um investimento de R$ 1.000,00 no Ibovespa no primeiro pregão de 1995 até o último pregão de 2022. Nesse período, o investimento rendeu R$ 25.203,75, um retorno de 2.420%. Em contrapartida, se o mesmo valor fosse aplicado em 100% do CDI, o investimento valeria R$ 53.011,49, um retorno de 5.201%.

Por fim, os dados mostram que a estratégia de “Buy and Hold” é mais vantajosa do que tentar prever os melhores e piores dias do mercado. Segundo a simulação realizada, se o investidor tivesse retirado os 5 piores dias ou os 5 melhores dias do índice, teria obtido uma rentabilidade média de 55,42% e -8,55%, respectivamente, no período de 1994 a 2020. Por outro lado, se tivesse retirado os 5 melhores e piores dias, teria se aproximado do resultado efetivo do Ibovespa, que foi de 2.420% no mesmo período.

A conclusão é que, no longo prazo, o investidor que permanece investido no Ibovespa tem mais chances de capturar os grandes movimentos positivos do mercado, que compensam os momentos negativos. A gestão ativa proposta pelo relatório, que consiste em retirar os melhores e piores dias do índice, é uma situação utópica e improvável de ser realizada na prática. Além disso, o relatório ressalta que o Ibovespa teve um desempenho inferior ao de uma aplicação que rendesse 100% do CDI (5.201%). “Esse resultado reforça a ideia de que o Brasil é o país da renda fixa”, completa Cruz, da RB Investimentos.

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