Estagiários: com a falta de contato presencial, home office pode ser um gatilho para turnover, diz especialista

Estagiários: com a falta de contato presencial, home office pode ser um gatilho para turnover, diz especialista / Foto: Mikhail Nilov / Pexels
Foto: Mikhail Nilov / Pexels

A cultura de troca constante de empregos pode retornar, após a pausa ocasionada pela pandemia

Criatividade, engajamento, agilidade, inovação, poder de transformação no ambiente corporativo e, ainda, economia de custos – são esses e diversos outros os benefícios de se ter um estagiário no ambiente corporativo. Mas, após a pandemia causada pelo novo Corona vírus, como está o mercado para esses profissionais e o que os últimos três anos trouxeram para este perfil em seu cenário trabalhista?

As relações de trabalho, durante a pandemia, foram radicalmente afetadas de maneira positiva e negativa em alguns aspectos. Se por um lado a expansão do home office possibilitou o sucesso das tarefas remotas, por outro lado afastou o contato presencial dentro do ambiente corporativo. É possível comprovar quando 52% dos entrevistados, no estudo “Futuro do Trabalho 2023”, elaborado pela consultoria global Korn Ferry, afirmam que o serviço remoto faz com que se sintam desconectados de seus colegas e que essa desconexão poderia ser o suficiente para fazê-los procurar emprego em outro lugar.

Segundo o especialista e carreira da consultoria global BR Talent, Rudney Pereira Junior, essa desconexão do presencial pode ser também um gatilho para um estagiário. “O perfil deste estudante é conhecido pela sua facilidade em absorção, agilidade, empolgação, proatividade e curiosidade, ainda mais por estar em um momento de aprendizado naquela determinada função que atua na empresa. É isso o esperado. Mas, a falta de networking coletivo, no cotidiano, como era antigamente e já esperado por este aprendiz, pode ser uma brecha para desmotivação nas tarefas e, até mesmo em alguns casos, ocorrer a desistência do curso”, alerta.

O mercado para os estagiários está crescendo cada vez mais, sendo o terceiro ano consecutivo, como retratam os dados divulgados pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em que o total é de 933 mil profissionais nesta modalidade e a expectativa é que, segundo divulgação recente, ainda neste ano acontecerá um aumento de 10,3%. Vale lembrar, que o único decréscimo, de 23%, foi registrado apenas em 2020, momento em que o país enfrentou os danos sociais e econômicos alavancados pela pandemia.

“Como organização, é possível avaliar que as empresas ganham muito além de economia no orçamento tendo os estagiários em seu time e é indispensável se atentar nos desafios que esta modalidade de emprego oferece, para se precaver de futuros danos aos contratantes e contratados. Vale lembrar que o estagiário engajado, bem remunerado e realmente envolvido com a cultura da empresa, tem mais chances de colaborar com a retenção de talento, redução de turnover, participação em plano de sucessão e, ainda, colabora como um prospect que busca tendências de T&D”, explica Pereira.

De galho em galho

Um levantamento realizado pela consultoria global Korn Ferry, revelou que pessoas altamente curiosas têm 2,2 vezes mais chances de se tornarem nômades na carreira, ou seja, migrarem constantemente de empregos. Este perfil com mais curiosidade e agilidade faz parte das qualidades dos estagiários, mas, ao mesmo tempo pode ser um alerta nas trends organizacionais: retenção de bons talentos e a precaução dos prejuízos em T&D.

O especialista em carreiras da consultoria BR Talent, Rudney Pereira Junior, compreende que as possíveis práticas nômades dos estagiários durante a pandemia foram modificadas, porque houve cautela na nomadicidade devido aos receios das consequências da crise econômica. No entanto, nos dias atuais, observamos um ressurgimento dessa cultura, especialmente quando os benefícios laborais não correspondem às suas expectativas. Esse cenário é agravado pela falta de interações presenciais, algo fundamental para esse tipo de perfil, o que compromete a qualidade das trocas de conhecimento e networking. Além disso, vale mencionar a possibilidade concreta de crescimento em empresas concorrentes, variando de acordo com o setor de atuação. Por isso, entender os objetivos, anseios e desenhar o perfil do candidato na hora do recrutamento é essencial”, finaliza.

Dicas para os estagiários:

  • Se você é 50+, você também pode conseguir uma oportunidade e poderá contribuir muito com sua experiência;
  • Seja sincero durante a sua entrevista e explique o que a determinada empresa pode colaborar com seus anseios profissionais;
  • Demostre suas hard skills, mas não esqueça de expor as suas soft skills;
  • Passe segurança de que, se der tudo certo futuramente, você pode fazer parte do time de efetivados;
  • Destaque suas fragilidades, mas como forma de processo de aprimoramento e não como eliminatória;
  • Combine sua flexibilidade no trabalho, pensando nos seus estudos e determine isso com a empresa.

Dicas para o RH:

  • Saiba entrevistar o estagiário, para que ele se sinta à vontade para compartilhar seus objetivos profissionais na empresa;
  • Analise o perfil não pensando em curto prazo, mas a longo prazo e considerando aquisição de talentos;
  • Faça um mapa do que a oportunidade oferecida pode agregar de acordo com o que o candidato busca naquela companhia;
  • Compare os benefícios que serão oferecidos com os que ele almeja, tente equilibrar para ambos;
  • Não prometa o que não irá cumprir.
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