Fernanda Laranja, Public Policy Manager do Mercado Livre; Michelle Zitune, Diretora Executiva da Linx Pay; e Fernando Tassin, gerente de produtos e novas plataformas da TecBan; e Cintia M. Ramos Falcão, consultora jurídica da Acrefi / Divulgação
Em evento da Acrefi, Mercado Livre, Tecban e Lixn Pay falam de tendências em meios de pagamento e reforçam necessidade aculturamento da população
A evolução e diversificação dos meios de pagamento vêm contribuindo para que cada vez mais brasileiros acessem o sistema financeiro, incluindo o mercado de crédito, além da expansão dos negócios de pequenas empresas. Para que esse movimento prossiga, no entanto, é preciso intensificar o aculturamento da população sobre as inovações e integrar de plataformas, respeitando os diferentes perfis de clientes.
Essa foi avaliação feita por especialistas no evento “Tendências para os Meios de Pagamento”, realizado pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), na quinta-feira (10), em São Paulo. Participaram dos debates Fernanda Laranja, Public Policy Manager do Mercado Livre; Michelle Zitune, Diretora Executiva da Linx Pay; e Fernando Tassin, gerente de produtos e novas plataformas da TecBan; sob mediação de Cintia M. Ramos Falcão, consultora jurídica da Acrefi.
Fernanda, do Mercado Livre, destacou como a chegada e evolução Pix permitiram que consumidores, sem acesso ao cartão de crédito, por exemplo, tivessem oportunidade realizar compras na plataforma. Segundo ela, mais de um milhão de lojas do Mercado Livre já oferecem o meio de pagamento, que também já representa 25% das transações que passam pelo Mercado Pago.
“Como qualquer evolução ou novidade, ele precisou de um aculturamento para que as pessoas se sentissem confortáveis e seguras para fazer uma transação. E dentro desse aspecto acredito que existe todo um aculturamento necessário para a população entender o que nós estamos trazendo como inovação tecnologia e meios de pagamento”, acrescentou.
A executiva disse que a empresa considera o Open Finance como a porta de entrada do futuro, lembrando que apesar de ter caído, a concentração bancária ainda é grande no país. Na sua avaliação, entretanto, há muito o que fazer sobre o tema do ponto de vista do aculturamento. “Precisamos fazer com que as pessoas entendem as possibilidades que o Open Finance pode gerar, para que elas sejam donas e protagonistas dos seus dados e do sistema financeiro. E partir disso ter mais consciência, cobrar mais qualidade e melhores serviços, gerando uma competitividade”, acrescentou.
Do ponto de vista do varejo, segundo Michelle, da Linx Pay, a incorporação de novas tecnologias, o volume de carteiras digitais e a necessidade de gerenciar vários canais de venda e meios de pagamento se tornaram grandes desafios. Nesse sentido, os softwares de gestão integrada (ERP) viraram um diferencial tanto para grandes empresas como para pequenos negócios se manterem competitivos.
“Imagina um grande varejista com uma maquininha que não está integrada imputar no sistema todas as transações no final do dia. É humanamente impossível, mas a estamos pensando em uma empresa grande. Por que não podemos levar a integração também para um cabeleireiro ou uma padaria? Ao integrar serviços financeiros ao ERP/PDV, é possível manter a competitividade do negócio e manter a proximidade com o cliente. Contar com uma solução integrada é realmente um método eficiente, seguro e traz credibilidade para o negócio”, explicou.
Tassin, da TecBan, defendeu a importância da complementariedade dos meios de pagamentos assim como ocorre nos processos. Ele lembrou que mesmo com o avanço de canais digitais, uma parcela importante da população ainda depende meios tradicionais, como caixas eletrônicos. Segundo Tassin, 60% dos caixas da rede Banco 24 Horas estão instalados em regiões com residências das classes C, D e E, o que significa inclusão financeira.
“Há diversas cidades sem agência bancárias em que o prefeito dá feriado no dia de pagamento para que a pessoa vá até a cidade vizinha fazer seus pagamentos. É um processo em que se criam ecossistemas diferentes. E como falar hoje de meios de pagamento como Pix e real digital deixando de lado essa população? É impossível dizer que vamos fazer uma transição abrupta a ponto que todo mundo vai virar digital, sendo que cerca de 20% do país ainda opera com tecnologia 2G no celular”, afirmou.
Tassin argumentou ainda varejistas que tentam excluir meios de pagamento acabam perdendo vendas. É o caso da Black Friday, quando o boleto é muito utilizado nas compras. “Os melhores meios de pagamento não são aqueles que as empresas querem que sejam, mas as que são os melhores para o consumidor”, reforçou.