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Impactos do Open Insurance ficam para 2027/2028, aponta estudo da Capgemini Brasil

Impactos do Open Insurance ficam para 2027/2028, aponta estudo da Capgemini Brasil / Imagem gerada por Inteligência Artificial
Imagem gerada por Inteligência Artificial

Levantamento com 147 executivos indica que integração com Open Finance e uso de IA generativa serão decisivos para destravar o OPIN

A Capgemini Brasil acaba de lançar a quarta edição do estudo “Análise do Mercado Open Insurance 2025” (OPIN), pesquisa anual que vem se consolidando como uma das principais referências sobre a evolução do open insurance no país. O relatório mapeia o grau de maturidade do ecossistema, os principais desafios regulatórios e tecnológicos e os caminhos para transformar a agenda em resultados concretos para seguradoras, corretores, insurtechs e demais players.

Impactos empurrados para 2027/2028

Um dos dados que mais chamam a atenção é a revisão de expectativas em relação ao calendário de efeitos práticos do OPIN.

Segundo o estudo, 73% dos executivos ouvidos acreditam que os impactos relevantes do open insurance só serão percebidos a partir de 2027/2028, um adiamento em relação às projeções mais otimistas feitas nos primeiros anos da iniciativa.

Quando perguntados sobre o momento atual, 45% classificam a evolução do OPIN como “indefinida”, enquanto 26% avaliam que o movimento “vai bem ou muito bem” e 24% enxergam o projeto “indo mal ou muito mal”. Ainda assim, 57% dos respondentes seguem otimistas, embora o índice represente queda de 7 pontos percentuais na comparação com 2024.

Maturidade cresce, mas agenda ainda divide o mercado

A quarta edição retoma as conclusões das pesquisas anteriores e aponta que o open insurance continua:

  • “dividindo o mercado” – há players que veem o tema como fardo regulatório e outros que o tratam como oportunidade estratégica;
  • “inevitável” – a lógica de dados abertos já é realidade em mais de 80 países, especialmente no Open Banking/Finance;
  • “pouco compreendido” – tanto por executivos quanto pela sociedade em geral;
  • e com integração ao Open Finance como “chave” para geração de valor em escala.

Mesmo com a desaceleração, o estudo mostra evolução na percepção de conhecimento: a nota média atribuída pelos executivos ao próprio entendimento sobre o OPIN passou de 6,7 para 7,3, e a avaliação sobre o nível de maturidade do setor subiu de 4,9 para 5,8 em uma escala de 0 a 10. No caso das SPOCs (Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente), essa média também avançou, indicando maior familiaridade com o novo tipo de player regulado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Integração com Open Finance e IA generativa no centro da estratégia

A pesquisa confirma que o mercado enxerga o futuro do OPIN conectado a outras iniciativas de dados abertos: 80% dos profissionais consideram a integração com o Open Finance essencial para aprofundar o conhecimento sobre o cliente e viabilizar casos de uso mais robustos.

Outro vetor apontado como decisivo é a tecnologia. Para 82% dos executivos, a IA generativa e “agêntica” terá impacto positivo no desenvolvimento do ecossistema, seja na análise de grandes volumes de dados, na personalização de ofertas ou na automação de jornadas de consentimento e atendimento.

Apesar da melhora gradual na preparação tecnológica do setor, a capacidade de tratar dados em escala ainda aparece como desafio relevante, sobretudo em companhias com legados fragmentados e operações em silos.

Quem deve se beneficiar mais do Open Insurance

Quando o tema são os impactos por tipo de agente, o estudo mostra que:

  • insurtechs seguem como as mais beneficiadas na percepção da indústria;
  • corretoras de seguros registram saldo positivo de 37 pontos percentuais em 2025, com melhora em relação ao ano anterior, sinalizando maior interesse desses intermediários pela agenda;
  • seguradoras, prestadores de serviços, órgãos representativos e reguladores também aparecem com saldo positivo, ainda que em patamares distintos.

Na avaliação da Capgemini, o movimento indica uma mudança de postura dos corretores, que começam a enxergar no OPIN uma fonte adicional de dados para qualificar a oferta e fortalecer seu papel consultivo junto aos clientes.

Nove grandes obstáculos para o avanço do OPIN

O levantamento também dedica um capítulo aos principais entraves que hoje limitam a evolução do open insurance no Brasil. Entre os pontos mais citados pelos entrevistados estão:

  • Falta de entendimento da sociedade sobre os benefícios do compartilhamento de dados;
  • gestão de dados inadequada nos agentes do mercado, com informações fragmentadas e pouco confiáveis;
  • lacunas tecnológicas e presença de legados que dificultam a integração;
  • jornadas de consentimento pouco amigáveis, o que reduz a adesão dos segurados;
  • riscos de segurança da informação em um ambiente cada vez mais interconectado;
  • baixo envolvimento do corretor, que ainda carece de casos de uso práticos;
  • além de concorrência com outras agendas regulatórias e percepção de alto custo de implantação e manutenção do ecossistema.

Oito frentes institucionais para destravar o Open Insurance

Na camada institucional, o estudo propõe um conjunto de ações que dependem de coordenação entre Susep, entidades de mercado e empresas. Entre elas:

  1. Ajustar o modelo regulatório atual, revisando escopo de produtos, jornada de consentimento e modelo das SPOCs;
  2. Priorizar o OPIN na agenda regulatória, reduzindo a competição com outras reformas e dando previsibilidade ao mercado;
  3. Garantir um ambiente realmente operativo, com qualidade de dados e infraestrutura testada;
  4. Acelerar a integração com o Open Finance, em diálogo com o Banco Central;
  5. Comunicar melhor o projeto, diferenciando mensagens para agentes de mercado e consumidores;
  6. Rever o papel do corretor, buscando formatos de engajamento que aproveitem sua capilaridade;
  7. Colocar cibersegurança no centro da governança;
  8. Promover estudos econômicos e modelos de diluição de custos, especialmente para empresas S1 e S2.

Dez recomendações para as empresas do setor

No âmbito corporativo, a Capgemini defende que seguradoras, corretores e insurtechs encarem o open insurance não apenas como obrigação regulatória, mas como agenda estratégica de dados. O relatório organiza as recomendações em quatro blocos: estratégia, atração de consentimento, geração de receita e eficiência operacional.

Entre os caminhos sugeridos estão:

  • discutir OPIN na esfera de negócio, e não apenas de TI, avaliando como os dados complementam a base atual da companhia;
  • atrair consentimentos a partir de benefícios concretos, como serviços consultivos, comparadores de preço, alertas de proteção e visão consolidada de apólices;
  • simplificar e facilitar a jornada de consentimento e renovação, integrando canais como aplicativos e mensageria;
  • desenvolver múltiplos casos de uso, testando novas soluções até encontrar modelos de monetização viáveis;
  • explorar cross-sell e up-sell com dados de terceiros, ampliando a carteira para além da base própria;
  • usar o OPIN para melhorar onboarding, KYC e prevenção a fraudes;
  • criar indicadores específicos para acompanhar retorno dos investimentos em open insurance, como volume de consentimentos, aumento de vendas, redução de fraudes e engajamento em jornadas digitais.

Metodologia: a “voz do mercado” sobre o Open Insurance

A quarta edição do OPIN foi construída a partir de duas frentes principais:

  • Pesquisa quantitativa on-line com 147 executivos do mercado brasileiro de seguros, sendo 39% de seguradoras, 29% de corretoras, além de representantes de insurtechs, assessorias, entidades e outros players. A maioria ocupa cargos de superintendência, diretoria ou C-level;
  • 20 entrevistas qualitativas em profundidade, com lideranças de seguradoras, entidades setoriais, corretores, empresas de previdência e provedores de tecnologia.

Com esse recorte, o estudo se consolida como um termômetro da percepção dos principais decisores sobre o futuro do open insurance no país – um futuro que, segundo a Capgemini, dependerá menos de tecnologia isolada e mais da capacidade do setor em transformar dados compartilhados em produtos, serviços e jornadas que façam sentido para o cliente final.

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