A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias Alemãs e a Comissão de Negócios Alemães da América Latina assinaram e entregaram ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, uma declaração conjunta que aponta cinco ações consideradas como prioritárias pelo setor, para comércio e investimentos bilaterais em 2023.
O documento foi apresentado aos líderes em reunião realizada na última segunda-feira (30), em Brasília, para discutir a parceria estratégica entre os dois países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), dentre as pautas do encontro estão paz e segurança, transição energética, mudanças climáticas, reindustrialização, agricultura sustentável, combate à pobreza, saúde e educação. O acordo Mercosul-União Europeia também foi abordado na reunião.
Brasil e Alemanha são tradicionais parceiros em comércio; investimentos, com destaque para o setor industrial; e em pautas ambientais. O país europeu vai liberar cerca de € 200 milhões para uso em ações ambientais no Brasil. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pela ministra da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze.
De acordo com o MRE, mais de mil empresas alemãs atuam em território brasileiro e a corrente de comércio bilateral superou US$ 19 bilhões em 2022. O Brasil é o principal parceiro da Alemanha na América do Sul. O economista William Baghdassarian explica que a relação entre os dois países vai além das trocas comerciais.
“A relação econômica entre Brasil e Alemanha é muito mais ampla do que só importação e exportação. Ela passa pela Alemanha ser a principal economia europeia e falar em nome da Europa. Então estamos falando em integração com a Europa, não só com a Alemanha”, pontua.
Prioridades
A primeira prioridade elencada no documento é a conclusão do Acordo União Europeia-Mercosul. Os representantes da indústria afirmam se tratar de uma medida fundamental para aumentar o comércio bilateral.
A modernização do plano de ações da parceria estratégica entre Brasil e Alemanha é a segunda prioridade da lista. O grupo justifica que essa é uma forma de alcançar novas áreas de cooperação e defende a inclusão de tópicos como descarbonização, inteligência artificial e segurança cibernética. Outro pedido presente no documento é um novo e moderno tratado para evitar dupla tributação.
Na sequência, o documento traz como prioridade a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para a indústria, “avançar no sentido da coerência regulamentar, econômica, tributária, ambiental, tecnológica e política entre as economias mundiais mais relevantes exige compromissos de longo prazo por parte dos governos e das partes interessadas do setor privado”.
Promover iniciativas bilaterais de digitalização e da Indústria 4.0 encerra a lista das principais medidas defendidas por representantes da indústria nas relações entre os países. Os tópicos citados são: tecnologia 5G; segurança cibernética; e transição energética sustentável. Para o economista Hugo Garbe, as prioridades apresentadas pela indústria são importantes para facilitar o comércio internacional.
“Um acordo para evitar bitributação é um acordo que visa facilitar o comércio internacional entre Brasil e Alemanha. Uma das prioridades é a entrada do Brasil na OCDE, que é um órgão comercial. Essencialmente os países que fazem parte da OCDE são países que buscam o estado da arte em termos de relações econômicas internacionais. Então é importante o Brasil levar a sério essas prioridades para figurar entre os países mais importantes, não só da América Latina como do mundo”, afirma.