Os níveis de Selic e CDI esperados para 2024 são superiores ao IPCA em um patamar ainda expressivo acima das metas de juros reais dos planos previdenciários, afirma Edson Martinho Chini, diretor da instituição
“Há indicativos consistentes de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter o ritmo de cortes na meta da taxa Selic previsto para 2024”, avalia Edson Martinho Chini, diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência, sobre as projeções do Relatório Focus, do Banco Central, de que a Selic alcance 9,25% ao final do próximo ano, considerando ainda a redução de 0,50 ponto percentual anunciada hoje pela entidade monetária, para 11,75% ao ano.
“Contudo, a magnitude da Selic ao final de 2024 dependerá de diversos fatores econômicos, entre os quais o processo inflacionário no exterior, principalmente, nos Estados Unidos. Se for controlado com mais rapidez, poderá levar a um início mais rápido da redução das taxas de juros americanas, abrindo espaço para que a taxa brasileira reduza ainda mais”, observa o diretor da BB Previdência, uma das principais entidades de Previdência Fechada Complementar do país e que faz parte do conglomerado Banco do Brasil.
Se a inflação americana permanecer acima da meta, pode ocorrer o oposto, prossegue Chini. “Neste caso, o Banco Central do Brasil tenderá a diminuir a velocidade dos cortes na Selic ao longo de 2024. Isso também poderá acontecer se a dinâmica de alta de preços no Brasil, principalmente, medida pelos núcleos de inflação, se revele difícil de controlar e o Banco Central tenha que manter uma política monetária mais restritiva.”
Um fator citado pelo executivo que poderá levar a estímulo econômico e inflação de demanda é o gasto fiscal, “central neste debate”. “Mas espera-se que a evolução das variáveis econômicas siga o caminho em curso e os cortes de 0,50 ponto percentual continuem, pelo menos nas próximas reuniões.”
Impactos nos planos de previdência
Para Chini, o novo corte na meta da Selic e as previsões para 2024 são positivas para os ativos, pois a redução influencia positivamente o ambiente de investimentos domésticos, favorecendo o crédito e a atividade econômica, o que leva a valorização de ativos de renda fixa e variável.
“Os níveis de Selic e CDI esperados para 2024 são superiores ao IPCA em um patamar ainda expressivo acima das metas de juros reais dos planos previdenciários. Esse contexto sugere que, mesmo com a redução da taxa básica, os investimentos pós-fixados podem continuar oferecendo retornos reais positivos, proporcionando oportunidades para os planos diversificarem suas carteiras e buscarem ganhos em diversas classes de ativos”, conclui.