Especialista orienta que investir com pouco é possível, mas exige planejamento, disciplina e objetivos claros
Investir continua sendo uma das principais estratégias para proteção e formação de patrimônio no longo prazo, especialmente em um cenário de juros elevados como atualmente no Brasil. Mas ainda persiste uma dúvida comum entre os investidores que estão iniciando no mercado financeiro: é possível começar com apenas R$ 100 por mês e realmente ver resultado?
Para Lucas Sharau, planejador financeiro CFP® e sócio da iHUB Investimentos, o valor inicial não é o maior obstáculo, o problema é começar sem direcionamento. Com um plano claro, disciplina e constância, mesmo aportes pequenos podem gerar resultados consistentes ao longo do tempo.
“A primeira pergunta de quem quer investir não deveria ser ‘onde investir’, mas ‘por que investir’. Quando alguém me procura dizendo que só pode começar com R$ 100, o que eu respondo é: se houver planejamento, disciplina e constância, o resultado vem”, afirma.
Antes de escolher o investimento é preciso ter um plano
Para Sharau, o início da jornada passa por três pilares estratégicos:
- Organizar o fluxo de caixa e saber quanto do orçamento pode ser investido sem prejudicar as contas mensais;
- Tratar o aporte como uma “despesa fixa”, e não como o que sobra depois do mês;
- Construir uma reserva de emergência antes de avançar para opções de maior risco.
O especialista explica que, o investidor que aplica pequenos aportes mensalmente, mesmo que em pequenas quantidades, está comprando o futuro “mais barato”, usando os juros compostos a seu favor.
“Uma família que precisa pagar uma escola mais cara daqui a cinco anos, por exemplo, pode amortecer esse impacto investindo mensalmente desde já. Em vez de ter que absorver uma nova despesa de mais de mil reais lá na frente, ela pode transformar isso em um aporte mensal baixo e previsível agora”, destaca Sharau.
Com R$ 100 já é possível diversificar
Ao contrário do que muitos imaginam, o pequeno investidor hoje tem acesso a uma ampla variedade de produtos financeiros, sem necessidade de grandes valores iniciais. Entre as opções estão:
- Tesouro Direto, que permite aplicações fracionadas e acessíveis;
- CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa, com aplicações mínimas reduzidas;
- Fundos multimercado e de ações, que permitem diversificação interna com um único aporte;
- Ações fracionadas, ETFs e FIIs, que possibilitam investir comprando apenas uma cota por mês.
Apesar disso, Sharau alerta que a renda variável não deve ser o primeiro passo.
“Para quem está começando com pouco, o ideal é montar primeiro um colchão de segurança e só depois avançar para investimentos mais voláteis. Em metas de longo prazo, ações, ETFs ou fundos podem fazer sentido, mas respeitando o perfil e planejamento de cada investidor.”
Juros elevados são aliados para quem está começando
Com a Selic no patamar de 15% ao ano, Sharau comenta que a renda fixa se tornou bastante atrativa no curto prazo. Títulos públicos e CDBs, por exemplo, oferecem bons rendimentos, acima da inflação projetada.
Sharau explica que o segredo não está no valor inicial, mas no hábito de investir. Nos primeiros meses, os juros compostos não impressionam. Mas o que muda o jogo é a constância. R$ 100 por mês durante 10 anos pode virar mais de R$ 15 mil em valores reais. Se esse aporte sobe para R$ 300 quando a renda permite, o montante pode passar dos R$ 45 mil no mesmo período.
“O problema não é começar com pouco. O problema é começar sem objetivos, sem gestão do risco e seguindo modismos em vez de seguir um plano. Quanto mais cedo a pessoa começa, mais tempo ela dá para os juros compostos trabalharem a seu favor”, finaliza Sharau.
