Especialistas repercutem números, setores que se destacaram e o que esperar para as próximas decisões em relação à Selic
O IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo veio em 0,23% no mês de agosto, número abaixo do esperado pelo mercado. Com os dados, a taxa em 12 meses passou a 4,61%. Já no ano de 2023, a alta acumulada é de 3,23%. Os números vieram abaixo do esperado e trouxeram otimismo para a bolsa e curva de juros futura. O consenso do mercado estava em uma alta de 0,28% no mês e alta de 4,67% no ano.
Abaixo, os especialistas repercutem os números divulgados e comentam sobre o que esperar para as próximas decisões do Copom em relação aos juros no Brasil.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital
O IPCA divulgado hoje veio levemente abaixo do esperado, a variação mensal de Agosto veio em +0,23%, abaixo do consenso do mercado que era de +0,28%. Na variação dos ultimos 12 meses, o IPCA ficou em +4,61%, abaixo do consenso do mercado que era de +4,67%. O número é positivo para o mercado. Nós já estamos visualizando que a curva de juros segue devolvendo prêmio e estava caindo após a divulgação do dado. Isso pode reforçar as apostas do mercado para um corte de -0,75% para a reunião de dezembro. Já para a próxima reunião o cenário segue inalterado para um corte de -0,50% na SELIC, na minha visão.
O grande destaque positivo ficou em alimentos no domicílio, que caiu -1,26% em agosto ante -0,72% em julho. No destaque por subitem, temos o leite longa vida, frango e carnes. Como imaginavamos, as sucessivas quedas na arroba do boi passaram a ser refletidas no IPCA, e provocou queda nos preços ao consumidor. Outro destaque positivo, na minha opinião, foi o setor de serviços que segue desacelerando e isso reforça as apostas de um corte maior na SELIC até o fim do ano de 2023.
Nos destaques negativos, temos principalmente a conta de luz, que segue acelerando com o fim dos créditos de Itaipu. E por fim tivemos a alta dos combustíveis que o mercado já esperava que poderia pressionar o índice.
Na nossa visão o resultado foi bom, e foi refletido principalmente na curva de juros, que caiu, principalmente no meio da curva. E isso pode reforçar as apostas de um corte na SELIC de -0,75% para dezembro. O dólar sobe no momento refletindo a cautela em relação ao dado de inflação americana que será divulgado amanhã. Já na bolsa, no mercado futuro o índice opera proximo da estabilidade.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores
O IPCA de hoje de fato veio bem melhor do que o esperado, tanto o headline quanto o qualitativo. O principal destaque ficou para parte de alimentos. Há uma expectativa muito grande do mercado que a gente continue com esse processo de desaceleração da inflação, núcleos mais positivos e difusão também mais positiva, todas as duas em trajetória de queda. Isso de fato ajuda o trabalho do Banco Central.
Se os próximos dados continuarem vindo com essa dinâmica, é possível que até haja uma aceleração do corte da Selic para esse ano, mas o cenário base hoje é ainda mais três cortes de 0,50 com os dados que a gente tem hoje. Nessa reunião de Setembro muito provavelmente a gente vem com uma queda de 0,50 e as próximas duas reuniões até o final do ano vão depender dos novos dados. Se esses dados continuarem vindo nessa dinâmica, é possível sim que o Banco Central acelere sim a queda de juros, mas vai depender totalmente da continuidade desses dados mais benéficos.
A resposta dos títulos hoje de maneira geral foi positiva, taxa de juros caindo tanto no mercado no mercado de DI Futuro quanto no Tesouro Direto, ou seja, para aqueles investidores que já possuem ativos na carteira, ativos prefixados, o movimento de hoje foi positivo e à medida em que, mais uma vez, a gente continue tendo esses dados positivos de inflação, a tendência é que essas taxas melhorem ainda mais para aqueles que já possuem o papel. Para quem não possui o papel, a oportunidade de entrada vai ficando pior, ou seja, esse fechamento da curva de juros é bom para quem já tem o papel e não para quem ainda não comprou.