Especialista do Grupo AllCross esclarece o que os planos de saúde são obrigados a cobrir quando o assunto é saúde mental
Nunca como em tempos atuais, a saúde mental foi tão valorizada. Síndromes com nomes diferentes, como a Burnout, e o estresse, velho conhecido, e até mesmo a depressão, ganharam cada vez mais destaque nos noticiários.
Impactados pela pandemia de Covid-19, o resultado é que muitos brasileiros acabaram adoecendo, e foi então que a saúde mental pediu socorro.
Lapsos de memória, depressão e ansiedade podem estar relacionados às sequelas cerebrais da Covid-19, além dos impactos sociais do isolamento e das perdas.
Após quase dois anos de pandemia – incluindo perdas, isolamento social, solidão, tristeza e desesperança – segundo um estudo realizado pela Fiocruz em conjunto com seis universidades do país, 40% da população brasileira apresentou sentimentos frequentes de tristeza e de depressão nesse período. Outros 50% apresentaram sentimentos de ansiedade e nervosismo.
Mas, não foi só o período pós-pandemia que trouxe prejuízos a saúde da mente. “O dia a dia cada vez mais corrido, e as cobranças excessivas tanto pessoais quanto profissionais, tornaram-se uma bola de neve na vida de milhares de pessoas”, destaca o Gestor Comercial do Grupo AllCross, maior grupo de corretoras de planos de saúde do Brasil, Rogério Moreira.
De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%.Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, além de ser o segundo país com maior prevalência nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
E o plano de saúde?
Ainda tratada como tabu e muitas vezes como “frescura”, a saúde mental tem batido à porta dos consultórios.
Em 2018, primeiro ano em que a Ipsos, instituto especialista em pesquisa de opinião realizou um monitoramento, 18% dos entrevistados mencionaram a saúde mental como tema de maior preocupação. Em 2023, na mais recente avaliação, esse percentual subiu para 52%
“Isso é um sinal de que as pessoas estão prestando mais atenção ao próprio comportamento e estão acendendo os sinais de alerta para si mesmos”, afirma Moreira.
De acordo com o profissional, a ANS, Agência Nacional de Saúde Suplementar – órgão regulador vinculado ao Ministério da Saúde do Brasil, que regulamenta o mercado de planos privados de saúde -, determinou desde outubro de 2022 que os planos de saúde não podem mais limitar a quantidade de consultas e sessões de terapias com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, “desde que as sessões sejam prescritas pelo médico assistente do paciente”, destaca. Isto aumentou em 30% os custos por colaborador dos planos de saúde.
“A Lei 9.656/98 estabelece que os planos de saúde devem garantir a cobertura de diagnóstico e tratamento da depressão, o que significa que o plano de saúde deve cobrir desde o diagnóstico até o tratamento completo da depressão, incluindo medicamentos, terapia ocupacional, psicoterapia e outras intervenções terapêuticas”, detalha.
Veja abaixo as principais queixas referidas por quem começou a terapia:
- Ansiedade: 53%
- Alteração de humor: 42%
- Insônia: 41%
Janeiro Branco
O Janeiro Branco foi criado em 2014 por psicólogos brasileiros para conscientizar a população sobre a importância da saúde mental. Este mês não foi escolhido por acaso, mas como uma estratégia de provocar a reflexão logo no início do ano. A cor, branca, representa uma página em branco, como uma nova oportunidade de escrever uma nova história e priorizar o cuidado e o bem-estar mental. Em 2024, o lema do Janeiro Branco é: “Saúde mental enquanto há tempo”, reforçando a necessidade do cuidado com esse tema.