Psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani destaca que o transtorno do jogo, também conhecido como jogo compulsivo, pode se tornar um vício devastador
Nos últimos meses, jogos de aposta online, como o popular “jogo do tigrinho”, têm atraído milhões de brasileiros e trazido à tona uma discussão urgente sobre saúde mental e comportamento compulsivo. Embora para muitos o jogo seja apenas uma diversão ocasional, especialistas alertam para os riscos que ele pode representar. A psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani destaca que o transtorno do jogo, também conhecido como jogo compulsivo, pode se tornar um vício devastador, semelhante ao uso de substâncias como álcool ou drogas.
Armadilha do jogo compulsivo
“O transtorno do jogo é caracterizado por um desejo incontrolável de apostar, mesmo quando isso traz consequências negativas”, explica Dra. Maria Fernanda. “Ele ativa o sistema de recompensa do cérebro de forma semelhante ao uso de substâncias, levando ao vício. Quem sofre desse transtorno frequentemente persegue apostas que resultam em perdas, esgotam suas economias e acumulam dívidas”.
Para a psiquiatra, os sinais de alerta incluem pensar constantemente em como conseguir mais dinheiro para jogar, sentir-se irritado ou inquieto ao tentar reduzir o tempo de jogo e recorrer ao jogo como uma forma de escape emocional. “Alguns jogadores comprometem ou perdem relacionamentos importantes, além de oportunidades profissionais ou educacionais”, acrescenta. “Enquanto jogadores ocasionais conseguem parar, os compulsivos se sentem obrigados a continuar apostando para recuperar as perdas, entrando em um ciclo destrutivo”.
Por que o vício no jogo atinge tanta gente?
Alguns fatores aumentam a vulnerabilidade ao jogo compulsivo. De acordo com Dra. Maria Fernanda, pessoas com problemas de saúde mental, como depressão ou transtorno bipolar, estão mais sujeitas a desenvolver o vício. A idade também é um fator relevante, sendo mais comum em jovens e pessoas de meia-idade, embora o problema possa atingir idosos. Além disso, a genética e o convívio com familiares ou amigos que têm problemas com jogos aumentam as chances de uma pessoa desenvolver o transtorno.
“Pessoas com características de personalidade como alta competitividade, impulsividade e tédio frequente também estão mais expostas ao risco de jogos compulsivos”, explica a psiquiatra. Ela destaca ainda que certos medicamentos, como os usados para tratar a doença de Parkinson, podem ter como efeito colateral o aumento de comportamentos compulsivos, incluindo o jogo.
Quando e como buscar ajuda
Identificar o problema e buscar tratamento o quanto antes é essencial, segundo Dra. Maria Fernanda. Ela enfatiza a importância do apoio de familiares e amigos, que muitas vezes são os primeiros a perceber a compulsão. “O jogador muitas vezes não reconhece o problema, ou nega seu comportamento compulsivo, e o apoio familiar é crucial para incentivá-lo a procurar ajuda”.
As consequências do jogo compulsivo são severas e podem incluir problemas financeiros graves, perda de emprego e até pensamentos suicidas. “O jogo compulsivo pode trazer prejuízos profundos e duradouros para a vida de uma pessoa, incluindo falência, problemas legais e até pensamentos suicidas”, alerta a especialista.
Educação e prevenção: Caminhos possíveis
Embora ainda não exista um método comprovado para prevenir o vício em jogos, a psiquiatra acredita que programas educacionais podem ajudar grupos mais vulneráveis a reconhecerem os riscos. “Educar e buscar tratamento nos primeiros sinais de problema pode ser crucial para evitar que o jogo comprometa a qualidade de vida do indivíduo”, afirma Dra. Maria Fernanda.
A popularidade de jogos como o “jogo do tigrinho” é um lembrete de que, enquanto muitos podem jogar de forma saudável, há aqueles que precisam de apoio para superar o vício. Reconhecer os sinais, buscar tratamento e educar a sociedade são passos importantes para que o entretenimento não se transforme em um risco para a saúde mental.
*Com informações de Andrea Felconio – Imprensa, Marketing e Redes Sociais